Em comunicado oficial nas redes sociais em pleno carnaval, a cantora Keila Gentil informou sua saída definitiva da Gang do Eletro para se dedicar integralmente à carreira solo. O anúncio não chega a causar surpresa, já que, em maio de 2017, a cantora amazonense começou a trilhar este caminho com o lançamento do EP “Keila” (DeckDisc), com seis músicas produzidas pelo DJ ProEfx, sendo cinco delas de autoria da própria artista. Na época, Keila disse que se manteria no grupo até concluir os compromissos já agendados. Agora, de fato, ela deu adeus ao projeto que a alçou à fama. Mas isto não decreta o fim da Gang, que já anuncia uma nova fase vindo por aí

No texto publicado, Keila deixa claro que não houve briga em sua saída, ela apenas segue o sonho de uma nova fase em sua carreira. “Nesta etapa, não poderia – e nem seria justo – não seguir com meu coração. Não há brigas, apenas amor, respeito e admiração. E desejo o melhor aos meninos – Waldo, Will e Maderito -, que seguem com o grupo e seus demais projetos”, declarou. “Agora sigo definitivamente com minha carreira solo, sempre carregando minha verdade: o brega, o pop, a periferia, o Norte”, completou.

Até o momento, Keila tem mostrado em seu trabalho solo uma diversidade maior de ritmos, especialmente com a produção do DJ ProEfx, que deu às músicas de seu primeiro EP uma mistura de tecnobrega com pop, cúmbia, dubstep e ragga. Com exceção de “Olhe Meu Bem”, composição de Gerssica Gessi, as demais faixas do EP, entre elas a primeira música de trabalho “Tecnobrega é o Poder”, são da própria Keila. Em novembro último ela ainda lançou o single “Respeita”, gravado em parceria com o Coletivo Baiano Trap Funk & Alivio e MC Sagati. Para 2018, o plano da artista é fortalecer seu nome na cena nacional.

MISSÃO AGORA É SUBSTITUIR CANTORA

O trio remanescente da Gang do Eletro – Will Love, Marcos Maderito e Waldo Squash – declarou total apoio à nova fase na carreira de Keila: “Estamos dispostos a ajudá-la no que for preciso”. Eles também confirmaram a continuidade da banda, com novas músicas, parcerias e “experimentações inusitadas”. Mas a novidade mais aguardada está no final da postagem, avisando que, “em breve”, uma nova integrante fará parte da banda ocupando o vocal deixado em aberto por Keila.

“Desde o final do ano passado, eu e o Maderito vínhamos trabalhando em músicas novas, gravamos algumas bases. A gente estava esperando a Keila e o Will voltarem para Belém. No início fomos pegos de surpresa quando ela disse que ia sair mesmo do grupo, mas depois percebemos que chegaria o momento que não daria certo: ou a Gang ou a carreira solo dela não receberia a devida atenção”, comenta Waldo Squash em entrevista ao Você. A nova vocalista ainda não foi definida, mas ele procura alguém que também venha da periferia, do tecnobrega.

Para Waldo, a Gang faz agora uma volta ao começo. O início em 2008, relembra, foi gravando com Maderito e apresentando tudo com a ajuda da própria irmã. “Ela reclamava que só colocava o nosso nome - dele e de Maderito - no cartaz e eu dizia que era muito nome, então decidimos nomear o grupo e chegamos à Gang do Eletro”, relembra. Quando a irmã abandonou a carreira musical, veio ainda uma vocalista antes de chegar a vez de Keila. “Eu, ela e o Will tínhamos a banda Eletro Mix, que abandonamos e os dois vieram para a Gang”, lembra.

Com o quarteto formado, Waldo conheceu o produtor Marcel Arêde, que estava fazendo o disco da Gaby Amarantos, novas conexões foram feitas até a banda chegar ao palco experimental do Se Rasgum e “as coisas começaram realmente a acontecer”, diz Waldo. “Começamos a sair, nos apresentar em outros lugares. Começamos ter outros olhos para o mercado, fora da aparelhagem, e daí a Gang foi se constituindo. Com a saída da Keila a gente reinicia, começa um novo ciclo”, finaliza.

OS REIS DO ELETRO

Mesmo com a Gang em atividade, os músicos que ficaram continuam seus projetos paralelos ao grupo. Waldo que, com Luan Rodrigues, mantém o duo de música instrumental experimental Uaná System, agora faz nova parceria com Maderito no projeto “Reis do Eletro”. A ideia foi reunir vários artistas e produtores do eletro e do tecnobrega para mostrar um pouco de seus trabalhos.

“Com o projeto ‘Reis do Eletro’ a ideia é dar prosseguimento com a escola de tecnobrega, de beats, pegando toda essa experiência que a gente teve de mercado e oferecer a essa galera nova que tem dúvidas, que precisa de um empurrão. A gente que incentivar que se faça mais músicas autorais, e menos versões”, destaca Waldo Squash. Previsto para ser lançado este semestre, em formato de DVD, o projeto foi gravado em julho de 2017 e está em fase de edição e finalização, com o documentarista Wladimir Cunha.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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