Um dos textos mais conhecidos do teatro brasileiro, “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, volta a ser encenado em Belém, na montagem da Casa de Artes Tiago de Pinho, depois de ter feito sucesso no ano passado, com ingressos esgotados. As aventuras de João Grilo e Chicó ganham o palco do Teatro Margarida Schivasappa, em sessões no sábado e domingo.

Encenado pela primeira vez em 1956, em Pernambuco, um ano após a publicação do livro de Suassuna, o auto já teve montagens com atores como João Caetano e Armando Bogus e, mais recente, foi sucesso na TV e no cinema com Selton Melo e Matheus Nachtergaele nos papéis principais. Na montagem com adaptação e direção de Tiago De Pinho, 30 atores de um elenco jovem dão vida a personagens como Dorinha, a fogosa mulher do padeiro, o Coronel e sua esposa, num texto que permanece atual ainda hoje. 

Narrado no clima da literatura de cordel, o texto mostra como João Grilo e Chicó driblam as dificuldades do sertão nordestino, com a seca e fome, e aborda temas universais como a avareza humana e suas consequências. No embate entre certo e errado, coloca a reflexão sobre humildes e ricos, e deixa a pergunta se o sertanejo deve ser absolvido de seus pecados por já sofrer demais em vida. “É aquele eterna dúvida sobre pecados, sobre ser absolvido por Deus depois do juízo final. A cena do julgamento fará todo mundo repensar o modo como tem entendido a sua relação com o divino”, diz De Pinho, cuja direção reforça os momentos cômicos que flertam com o teatro musical, mas não deixa de embarcar na emoção.

(Diário do Pará)

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