
O júri popular de Willian Araújo Sousa, réu no caso do feminicídio da tatuadora Flávia Alves Bezerra, foi abruptamente cancelado na tarde desta quinta-feira (7) no Fórum da Comarca de Marabá. A suspensão ocorreu após a equipe de defesa do acusado se retirar do plenário, em um ato que causou grande impacto e repercussão entre os presentes.
A juíza Alessandra Rocha, presidente da sessão, determinou o cancelamento do Tribunal do Júri e anunciou que oficiará a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para investigar uma possível infração de prerrogativa por parte da advogada Cristina Longo, representante de Willian.
Tensão e Tentativas de Anulação
Desde o início da manhã, o julgamento foi marcado por momentos de tensão. A defesa tentou, por diversas vezes, anular a sessão e, posteriormente, impetrou um mandado de segurança com pedido liminar no Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), alegando cerceamento de defesa.
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Enquanto o TJPA ainda não havia se manifestado sobre o pedido, a equipe de advogados de Willian Sousa optou por deixar o plenário, inviabilizando a continuidade dos trabalhos.
Pedido de Desaforamento em Pauta
De acordo com informações apuradas, a defesa deve agora protocolar um pedido de desaforamento do processo, que consiste na transferência do julgamento para outra comarca. A decisão sobre essa solicitação ficará a cargo do Tribunal de Justiça do Pará.
Em declaração à imprensa, a advogada Cristina Longo justificou a saída, afirmando que a juíza teria feito uma "oratória em relação ao feminicídio" em um momento inoportuno. "A Juíza fez uma oratória em relação ao feminicídio e nós entendemos que ainda não era o momento para isso", declarou Longo. "Você não pode levantar em plenário, no tribunal uma situação que não está agregado aos fatos e infelizmente todo o andar da ação penal", completou a defensora.
O Salão do Júri do Fórum estava lotado com familiares da vítima e do acusado, estudantes de Direito, advogados e membros da sociedade civil. Até o momento da paralisação, quatro testemunhas já haviam sido ouvidas.
Com a interrupção do julgamento, o caso aguarda agora as próximas definições do Tribunal de Justiça do Pará. A defesa vai pedir que o julgamento aconteça em outro local.
Entenda o caso
Flávia Alves, de 24 anos, desapareceu em 14 de abril de 2024, após sair para um bar com a prima, em Marabá. No local, ela encontrou o também tatuador Will Sousa, com quem passou a noite consumindo bebidas alcoólicas. Os dois foram vistos juntos por câmeras de segurança e testemunhas até a manhã seguinte.
Após dias de buscas e apelos da família, o corpo de Flávia foi encontrado em 26 de abril, enterrado em uma cova rasa em Jacundá, município vizinho. A Polícia Civil concluiu que Will Sousa foi o autor do crime. A esposa dele, Deidyelle de Oliveira Alves, responde por ocultação de cadáver, mas responde em liberdade.
Defesa nega feminicídio
A advogada de defesa, Cristina Longo, afirmou que a equipe está preparada e vai trabalhar para descaracterizar o crime como feminicídio.
“Viemos com técnica, humildade e humanidade. Vamos mostrar que não há feminicídio”, declarou. A defesa também reforçou que está satisfeita com a composição do júri e promete uma atuação técnica e clara.
Acusação quer condenação máxima
Já o advogado de acusação, Diego Souza, que atua junto à promotoria, declarou que a expectativa é de uma condenação proporcional à gravidade do crime:
“A acusação espera que os jurados se convençam da brutalidade do crime. A família quer justiça e que ele saia daqui direto para o presídio”, disse.

A promotoria sustenta a tese de feminicídio, dada a motivação ligada à condição de gênero da vítima e à brutalidade do assassinato.
Mobilização da família nas redes
Durante todo o período de investigação, a mãe de Flávia mobilizou milhares de pessoas pelas redes sociais, publicando fotos, depoimentos e pedidos por justiça. Segundo ela, isso foi essencial para manter o caso em evidência.
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