O olheiro de futebol é responsável por descobrir novos talentos. Para isso, ele procura entre crianças e jovens, que ainda não estão no mercado, ou entre jogadores experientes. O importante é que o jogador se encaixe no perfil de atleta que o clube está buscando naquele momento.
E em Marabá no sudeste paraense, um olheiro identificou dois talentos e já os convidou para ir para Santos, fazer parte da base do clube de São Paulo que revelou Pelé e Neymar.
Neymar, Ganso, Robinho. Quem entende de futebol, sabe a fama dos “meninos da vila” que fizeram sucesso pelo Santos e conquistaram o mundo. Oportunidade que agora é dada a dois atletas marabaenses de apenas 8 e 10 anos.
Os dois são alunos da escola Paraná Soccer Tecnical Center (PSTC) que funciona no Bairro Jardim União e realiza trabalho de base, com crianças entre 5 e 16 anos. A escola participa de algumas ações junto a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Semel). “Os dois alunos são dos nossos maiores talentos. São orgulho para mim e todos da escola, pais e aqueles torcem e ajudam”, comenta Marcos Paulo, professor e proprietário da PSTC.
Os meninos foram avaliados durante competição na Chácara Primavera, no núcleo São Félix, que contou com olheiros do Santos, Internacional de Porto Alegre e times da Bahia. Após a competição receberam a oferta.
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“Só alegria agora. Mostrei meu futebol. No dia nem sabia que tinha olheiro. Me chamaram e estou muito feliz. Falaram que iam me levar para o Santos e comecei a endoidar”, conta o pequeno Jorge Henrique, 10 anos.
Ele costuma jogar na posição de meio campo e lateral esquerdo e tem como pontos fortes: qualidade de passe, assistência e cruzamento. “Eu estava trabalhando durante o evento, saí do serviço e quando cheguei em casa me contaram a novidade. Que o olheiro gostou dele e queria conversar comigo. ‘Teu filho tem talento demais, a gente vai levar ele pro Santos’. Agora é só alegria”, conta o pai Walfran da Silva Ferreira que trabalha como encarregado de depósito.
Já o Guilherme Henrique, 8 anos, atua mais como atacante e tem como principal qualidade a finalização. Segundo os pais e o treinador, os dois meninos são muito amigos e vivem juntos. “Enquanto um é mais esquentado, joga muito, mas às vezes começa a chorar e sai do jogo. O outro é mais centrado e chama, pede pra ele manter a calma, se completam”, conta o professor Marcos Paulo.
“A gente é muito amigo, jogamos juntos, trabalhamos a bola e fizemos o gol. Eu estou muito feliz que deu tudo certo, muito animado”, comenta o pequeno Guilherme.
Após serem selecionados pelos olheiros, eles viajaram para Santos onde realizaram os testes. Segundo Emival da Costa, das 63 crianças que participaram do teste, apenas os dois permaneceram.
“Meu pai não quis investir quando era criança. Não tinha a visão, que na época era diferente. Já nós, apoiamos o Guilherme desde o início, se eu não estiver junto, a mãe está. O apoio familiar nessa batalha é muito importante para a criança e ele está no caminho certo”, comemora o pai que é autônomo e chegou a atuar no futebol amador quando era mais novo.
Agora os meninos viajam essa semana para Santos e a família tem se virado na logística. Os quatro pretendem dividir um local para morar nesse início de jornada.
“Agora ele vai morar em Santos e eu vou com ele. A mulher vai ficar aqui por enquanto e dando certo, vamos todos. Nessa semana estamos descendo para lá e ficaremos até dezembro para ele firmar de vez. Vai dar tudo certo, que o rapaz joga muito”, comenta Walfran.
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