Para indivíduos de origem europeia, o IMC considerado para obesidade é 30 kg/m² ou mais. No entanto, um novo estudo publicado na plataforma The Conversation Brasil propôs uma revisão dessa definição, sugerindo que a obesidade não deve ser determinada apenas pelo peso, mas também pela distribuição da gordura corporal e seus impactos na saúde.
O que há de errado com o IMC?
Embora o IMC seja amplamente utilizado para identificar pessoas com obesidade, ele não é uma medida perfeita. O IMC calcula o peso em relação à altura, mas não leva em conta a composição corporal. Por exemplo, atletas com alta massa muscular podem ter um IMC elevado, mas isso se deve ao excesso de músculos e não de gordura.
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Além disso, a gordura localizada na região abdominal é considerada mais prejudicial à saúde, pois pode liberar substâncias que afetam negativamente o corpo, especialmente quando está ao redor de órgãos internos.
Outro problema com o IMC é que ele não leva em consideração a localização da gordura, que pode indicar um risco maior para problemas de saúde. Ter um IMC superior a 30 não significa automaticamente que uma pessoa tenha complicações de saúde relacionadas à obesidade. Da mesma forma, algumas pessoas com IMC elevado, mas sem outras complicações, podem não ser diagnosticadas corretamente.
Nova definição de obesidade
O estudo realizado pela Lancet Diabetes & Endocrinology Commission propôs uma nova definição de obesidade clínica, focando não apenas no IMC, mas também em outros fatores, como a circunferência da cintura e os sintomas de saúde relacionados à gordura corporal. Com base em sinais e sintomas objetivos de complicações de saúde, a nova classificação divide a obesidade em duas categorias:
- Obesidade clínica: Aqueles que apresentam sinais e sintomas de disfunção orgânica, como dificuldade em realizar atividades cotidianas (exemplo: tomar banho, vestir-se) ou condições de saúde, como falta de ar, insuficiência cardíaca e pressão alta. Os critérios incluem 18 indicadores para adultos e 13 para crianças e adolescentes.
- Obesidade pré-clínica: Pessoas com altos níveis de gordura corporal, mas sem evidências de disfunção orgânica. Embora essas pessoas possam realizar atividades cotidianas sem dificuldades, correm maior risco de desenvolver doenças como insuficiência cardíaca, câncer e diabetes tipo 2.
O que muda no tratamento?
Para aqueles diagnosticados com obesidade clínica, o tratamento deve ser focado em melhorar as complicações relacionadas à condição, com opções como:
- Mudanças no comportamento, incluindo dieta, atividade física e hábitos de sono.
- Medicamentos que controlam o apetite e reduzem o peso.
- Cirurgia bariátrica metabólica, quando necessário.
No caso da obesidade pré-clínica, o foco deve ser a prevenção de problemas de saúde. O acompanhamento constante e a adoção de medidas preventivas, como a mudança de comportamento e o monitoramento regular, são recomendados.
O futuro do diagnóstico da obesidade
Esses novos critérios para o diagnóstico de obesidade precisam ser adotados por organizações de saúde em nível mundial. A mudança na definição ajudará a erradicar preconceitos relacionados à obesidade e proporcionará um tratamento mais eficaz e personalizado, livre de estigmas.
Com uma melhor compreensão dos efeitos biológicos e da saúde da obesidade, é possível garantir que pessoas com corpos maiores recebam o cuidado necessário, sem culpa ou discriminação.
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