Uma policial civil, carcereira, responsável pelos Boletins de Ocorrência de uma delegacia do interior de São Paulo, foi exonerada de sua função pelo governador Tarcísio de Freitas. A policial já havia sido julgada pelo ato em 2022 e agora ela perde a função permanentemente.
O governador do estado de São Paulo demitiu a policial civil Alessandra Salete Camargo, 48 anos, condenada por “bater carteiras” dentro da delegacia em Piracicaba, no interior paulista, onde atuou como carcereira.
A policial, que respondeu por improbidade administrativa e enriquecimento ilícito, foi condenada à perda do cargo público em outubro de 2022. A demissão foi publicada na quarta-feira (27), no Diário Oficial de São Paulo, após a sentença transitar em julgado.
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Segundo a decisão judicial, Alessandra “exercia a função de carcereira policial” e era responsável por elaborar boletins de ocorrência na Unidade de Polícia Judiciária Agrupada de Piracicaba (UPJA), localizada na Rua José Pinto de Almeida, no centro da cidade.
Na sentença, o juiz Mauricio Habice, da 2ª Vara da Fazenda Pública de Piracicaba, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), descreve que a carcereira agia assim: “Enquanto lavrava os boletins de ocorrência, [Alessandra] aproveitava-se do cidadão que lá estava, solicitando que ele fosse até outra sala, deixando os seus pertences pessoais sobre uma mesa”.
“Durante a ausência da vítima, a requerida subtraía os valores de sua carteira e os guardava dentro da CPU de seu computador, para que depois tivesse acesso ao dinheiro.”
Carteira
Uma das vítimas da policial relatou que foi à delegacia para registrar um furto de capacete. Após narrar o acontecido, ela saiu para pegar as folhas do boletim de ocorrência, que haviam sido impressas na sala ao lado, a pedido de Alessandra.
A carteira dela ficou na primeira sala, onde a carcereira permaneceu, segundo depoimento da vítima. Ao voltar, a mulher percebeu que haviam sumido R$ 190.
Ela pediu ajuda para um delegado da unidade, que acionou a Corregedoria da Polícia Civil. Durante buscas, investigadores encontraram dinheiro, em espécie, escondido dentro do gabinete do computador usado pela carcereira. Ela não soube explicar a origem das notas.
Para aprofundar a investigação, os agentes da Corregedoria da Polícia Civil levantaram o nome de todas as pessoas que tiveram depoimentos colhidos por Alessandra entre os dias 10 e 11 de julho de 2017, época do episódio. Outras duas vítimas foram encontradas: uma mulher, que teve R$ 250 roubados, além de um homem que perdeu R$ 100.
Condenação
Na investigação, a policial negou que tenha furtado o dinheiro das carteiras e confirmou que, de fato, costumava pedir para que as pessoas fossem buscar o boletim de ocorrência em outra sala. Já durante julgamento, ela optou por ficar em silêncio.
Em abril de 2022, Alessandra acabou condenada, por crime de peculato, a 2 anos e 4 meses de reclusão, mas pôde responder em liberdade e não foi levada para a cadeia.
Já na sentença por improbidade administrativa, proferida quatro meses depois, o juiz determinou o ressarcimento das vítimas e decretou que a carcereira pagasse multa de R$ 7,1 mil. A policial também perdeu os direitos políticos por 8 anos e foi proibida de ser contratada pelo poder público.
Ela já estava afastada do cargo ao ter a demissão decretada por Tarcísio.
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