Queda é real e precisa ser contida
O empate de anteontem diante do Figueirense, na Curuzu, não foi um resultado desastroso para o PSC. Acrescentou na escalada rumo à classificação e devolveu ao time a vice-liderança da Série C. É dada como líquida e certa a passagem à segunda fase da competição, embora matematicamente ainda seja necessário carimbar a vaga.
Por essa razão, o público que lotou a Curuzu não saiu totalmente frustrado. Lamentou, obviamente, a maneira como a vitória escapou após um início de segundo tempo controlado contra um adversário que dava sinais eloquentes de exaustão física.
Uma mancada defensiva decretou a perda de dois pontos preciosos, justamente os que serviriam para sacramentar a classificação. Longe de buscar uma caça às bruxas sobre as razões da lambança de Bruno Leonardo e a insistência do técnico Márcio Fernandes na escalação dele, é importante refletir sobre os problemas que o PSC vem apresentando há seis rodadas.
Desde a derrota para a Aparecidense, o time foi aos poucos perdendo o brilho que garantiu a arrancada vertiginosa dentro do campeonato. Logo depois da derrota, o PSC recebeu o Brasil de Pelotas e cedeu o empate em circunstâncias inusitadas. Recuado, permitiu que o adversário (lanterna da competição) encontrasse forças para marcar um gol meio espírita.
Em seguida, um novo empate, desta vez no clássico com o Remo. Pelo histórico, um resultado normal, não fosse a timidez estratégica com que o PSC conduziu sua atuação. Atacou pouco, aceitou a pressão desarrumada do rival e conquistou o empate em duas falhas do goleiro Vinícius.
A única vitória desta fase veio no confronto com o Confiança. Ainda assim, o time não esteve bem, chegando a ser dominado em vários momentos da partida. Sofreu muita pressão nos 20 minutos finais, quase cedendo o empate.
Diante do Vitória, em Salvador, com três desfalques sérios – Genilson, Mikael e José Aldo –, a equipe se defendeu com valentia, mas criou pouco. Acabou derrotada num lance fortuito, nascido de um vacilo na saída de bola para o ataque.
Por fim, o jogo com o Figueira estampou algumas fragilidades que ajudam a explicar a queda de rendimento técnico. No primeiro tempo, com a contribuição do estreante Dalberto, o ataque se mostrou mais insinuante do que nos jogos anteriores. Quatro situações de perigo foram criadas, faltando apenas o acerto nas finalizações.
O desempenho superior no primeiro tempo foi premiado com um gol logo no recomeço da partida na etapa final. Na cobrança de escanteio, o zagueiro Genilson apareceu para cabecear no canto e abrir o placar.
Parecia que a urucubaca estava finalmente se desfazendo. O PSC insistiu ainda e Serginho mandou um chute forte, que quase surpreendeu o goleiro Wilson. Logo depois, porém, veio o lance fatídico do gol do Figueira.
A partir daí, a situação se complicou seriamente e o PSC não teve forças para ir em busca de outro gol. O mais próximo que chegou disso foi num lance isolado de Danrlei, cujo chute foi bem defendido pelo goleiro.
A insegurança provocada pela baixa performance voltou a mostrar seus dentes. O time padece de uma certa fadiga técnica, que maltrata seus principais jogadores de mobilidade, Marlon e José Aldo. Marlon, artilheiro da competição, não marca há sete jogos. José Aldo deixou de ser o dínamo que conduzia o time de uma área a outra.
Nada está perdido, pelo contrário até. O PSC está a dois pontos do paraíso, mas não pode seguir insistindo em não atacar as causas do declínio. José Aldo precisa estar mais livre para conduzir a transição e Marlon não pode jogar tão fixo e vulnerável à marcação dobrada que os adversários utilizam. Com a palavra, Márcio Fernandes.
Sonho bicolor, Love faz leilão e decide pela Série B
Durou apenas algumas horas o sonho de uma noite de verão alimentado por dirigentes do PSC quanto à contratação de Vagner Love. Seria, caso a transação fosse concretizada, um reforço de grande impacto, capaz de impulsionar o time rumo ao acesso. Funcionaria como a cereja do bolo de um elenco que carece de um grande astro.
Aos 38 anos, Love carrega um currículo interessante. Passou (muito bem) por Palmeiras, Corinthians e Flamengo. A carreira meteórica incluiu convocações para a Seleção Brasileira. Nos últimos anos, virou andarilho do futebol, sempre buscando clubes menos badalados para contribuir com sua experiência e, de preferência, sem sofrer muitas cobranças.
Defendeu, por último, a camisa do desconhecido Midtjylland, da Dinamarca, no primeiro semestre, onde jogou nove partidas e marcou um gol. Um pouco antes, jogou pelo Kairat Almaty, do Cazaquistão.
Mesmo sem viver mais os momentos gloriosos de 10 anos atrás, Love despertou interesse de vários clubes brasileiros após ficar livre no mercado. Conversou com o Brusque e o Coritiba, chegou a ensaiar uma negociação com o Grêmio, fez acenos para o Papão, mas acabou optando pelo Sport-PE, que disputa a Série B e luta para conquistar o acesso.
O noticiário de ontem indica que Love deve se apresentar hoje ao Sport, depois de conversar por telefone com o novo técnico rubro-negro, Claudinei Oliveira.
O atacante declarou, há dois anos, que pretendia levar a carreira até os 40 anos. Em boa forma, compensa a falta de explosão e agilidade com um senso de colocação mais apurado. A experiência em escolas diferentes do futebol mundial – jogou na China e na Rússia – faz com que seja um jogador ainda atraente para equipes de segundo escalão.
Apesar do evidente leilão que seus representantes promoveram nos últimos dias, Love teria condições ainda de encontrar emprego até na Série A brasileira, que anda tão carente de bons atacantes que tece loas ao veterano Hulk.
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