Desde 2021, quando a Tuna derrotou o Remo na semifinal do Campeonato Estadual, o futebol paraense redescobriu a importância do clássico entre azulinos e cruzmaltinos. Antes, por quase dez anos, a Lusa andou muito longe das disputas diretas com o Leão, até porque esteve fora do Parazão por várias edições seguidas.
Um clássico que contabiliza 514 confrontos (228 vitórias azulinas, 143 tunantes e 142 empates) merece respeito, pois reúne história e tradição. Não era justo que ficasse por tanto tempo numa espécie de bruma do esquecimento.
Em situações desiguais na temporada, os times chegam ao clássico deste domingo com problemas. A Tuna, que só conseguiu uma vitória no Parazão (sobre o Caeté), busca se posicionar melhor na classificação. Além disso, quer superar o insucesso na Copa do Brasil – foi eliminado pelo CSA.
O Remo está invicto há seis partidas, com aproveitamento de 100% e em evolução técnica, após derrotar o Vitória-ES fora de casa e golear o Cametá, domingo, e o Humaitá-AC na última quarta-feira.
Tuna e Remo se enfrentam no primeiro clássico do Parazão
Envolvido em três competições, o time de Marcelo Cabo tem mostrado objetividade e boa capacidade ofensiva, com média de quase três gols por jogo. Ainda não apresenta um futebol consistente, mas a cada jogo parece mais confiante e seguro de suas prioridades.
Na Tuna, o técnico Josué Teixeira vive um drama permanente, originado da carência técnica do elenco. Diante do CSA, quando mais precisava de um ataque com variações e presença de área, o time não foi capaz de reagir. A falta de alternativas fez Josué improvisar o zagueiro Dedé como centroavante nos minutos finais da partida.
A notícia boa para a Tuna é que o Remo deverá entrar com um time alternativo, com alterações nas laterais, no meio-campo e no ataque. Rodriguinho (foto), que teve boa presença contra o Humaitá, deve ser o titular do setor de criação. Ronald tem chances de entrar na ponta esquerda.
O fato é que a Lusa tem hoje a oportunidade de quebrar um tabu que já dura incômodos 58 anos. A última vitória sobre o rival no Souza ocorreu em maio de 1965 – 1 a 0, gol de Zé Carlos. Desde então, foram disputados 13 jogos, com 6 vitórias do Remo e 7 empates.
Exemplo de persistência, Roni finalmente chega ao topo
O paraense Roni precisou jogar em alto nível quatro temporadas seguidas para merecer uma convocação para a Seleção Brasileira, topo da carreira para qualquer jogador, espécie de selo de qualidade do futebol. É bem verdade que ele foi chamado para um amistoso contra Marrocos, mas a simples lembrança de seu nome já é uma conquista enorme.
Nascido em Magalhães Barata, Roni é um exemplo perfeito de resistência às dificuldades que todo moleque pobre enfrenta para se tornar profissional. Quase desistiu da carreira, sufocado pelas adversidades e pela falta de apoio. Foi preciso que Walter Lima o resgatasse para reiniciar a caminhada na base do Remo.
A carreira, sempre evolutiva, incluiu passagens pelo Cruzeiro, Náutico, futebol japonês, Atlético-PR e Palmeiras. Encontrou no Palestra um técnico, Abel Ferreira, disposto a aproveitar sua capacidade de atacar em velocidade e a aperfeiçoar o poder de definição. Virou peça fundamental nas duas Libertadores conquistadas pelo clube.
Ouvi algumas vozes reclamando da ausência de Pedro e Gabriel Barbosa na lista de Ramon Menezes. Ora, ambos vivem um momento de baixa no Flamengo e Roni está jogando mais que ambos. Seleção é fotografia do momento, já ensinava João Saldanha.
Quando minutos de acréscimo se tornam objeto de fúria
A bizarrice da semana ficou por conta dos cartolas do Sergipe distribuindo tapas no trio de arbitragem, depois do jogo com o Botafogo pela Copa do Brasil. É claro que perder, principalmente no minuto final, irrita qualquer um, em qualquer esporte. É verdade que, pelas chances criadas, o Sergipe até mereceu ganhar, mas futebol não é um esporte justo, nunca foi.
O gol, momento supremo do futebol, agrada uns e aborrece outros. É assim que funciona. Os turbulentos da noite de quinta-feira demonstraram desconhecer essa lógica natural e imutável do jogo.
Para justificar a fúria decorrente da frustração com o resultado, passaram a questionar o tempo de acréscimo dado pelo árbitro. Deviam se envergonhar, pois oito minutos foi pouco para a quantidade de quedas e simulações durante todo o segundo tempo da partida.
Como o árbitro acrescentou ainda mais um minuto, o mundo desabou. Em nota oficial, o Sergipe soltou uma nota de cunho libertário, mas descabida. Alega que os “colonizadores” levaram a melhor. Nada mais equivocado.
As normas da Fifa, desde a última Copa, recomendam ampliar os minutos de acréscimos. A ideia é garantir ao espectador um tempo mínimo aceitável de bola rolando. Desde que alguns jogos tiveram 15 minutos de acréscimos no Qatar, a iniciativa vem se repetindo pelo mundo. E, ao contrário do que reclama o Sergipe, é uma das melhores decisões da Fifa nos últimos anos.
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro apresenta o programa, a partir das 22h30, na RBATV. Giuseppe Tommaso e este escriba de Baião participam dos debates. Parazão, Copa do Brasil e Copa Verde são os temas do programa. A edição é de Lourdes Cezar.
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