A transição para fontes de energia limpa é um caminho inevitável e urgente. O alerta veio da ciência durante a 30ª Conferência do Clima da ONU, realizada em Belém: é preciso acabar com a dependência de combustíveis fósseis até 2040 para evitar um cenário de extremos climáticos cada vez mais intensos e que afetarão bilhões de pessoas. Diante da demanda climática, e do próprio fator econômico, é natural imaginar que a procura por fontes de energia renovável deve se intensificar cada vez mais, ampliando as oportunidades de negócios no setor de energias renováveis.
Pesquisador do Centro de Excelência em Eficiência Energética na Amazônia (Ceamazon) da Universidade Federal do Pará (UFPA), Bruno Albuquerque avalia que o mercado de energias renováveis no Brasil está em expansão. E, neste cenário, é preciso considerar os diferentes tipos de fonte existentes. “Quando falamos de energia renovável, precisamos lembrar que esse conceito engloba vários tipos de fonte de energia como a solar, eólica, biocombustíveis e outros. Todas elas são fundamentais para a transição energética e para a substituição dos combustíveis fósseis, permitindo a redução efetiva das emissões de gases de efeito estufa”.
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Tendo isso em mente, o pesquisador considera que esse movimento global ganha ainda mais relevância diante de eventos como a COP30, realizada em Belém. “A adoção de energias renováveis não é apenas uma meta ambiental, mas uma estratégia para integrar o Brasil ao novo mercado global de baixo carbono, gerar competitividade para empresas e, ao mesmo tempo, atender demandas sociais ainda não supridas”.
Especificamente no caso da geração distribuída fotovoltaica, Bruno considera que ela tem sido impulsionada pela queda de custos, novas regulações e maior consciência ambiental. E, por outro lado, também ganha força uma agenda mais ampla e que envolve a eletrificação do transporte, eficiência energética e armazenamento, principalmente em grandes consumidores e instituições públicas.
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“No contexto amazônico, essa demanda é ainda mais sensível. Aqui, as fontes renováveis não representam apenas uma alternativa de descarbonização, mas uma ferramenta concreta para reduzir a pobreza energética e diminuir a dependência de combustíveis fósseis transportados por vias fluviais, o que encarece a energia e limita o desenvolvimento local”, analisa. “Portanto, há uma demanda crescente, não apenas ambiental e econômica, mas também social, especialmente em regiões remotas”.
FOTOVOLTAICA
Entre as fontes de energia renovável mais populares, sobretudo entre pessoas comuns, o sistema fotovoltaico ainda exige um investimento inicial considerável, mas o pesquisador Bruno Albuquerque destaca que o retorno costuma ser relativamente rápido. “Esse tempo de payback diminui à medida que aumentam o consumo de energia e o valor da tarifa.
No Pará, por exemplo, as tarifas estão entre as mais altas do Brasil, o que faz com que o consumidor consiga recuperar o investimento de forma ainda mais acelerada”, explica. “Por isso, consumidores de alto consumo, tanto residenciais quanto comerciais, tendem a obter retorno mais rápido, justamente porque pagam mais pela energia convencional e conseguem substituir uma parcela maior dessa despesa por geração própria”.
Mas para ter acesso a essa economia, empresas e pessoas físicas precisam contratar alguns serviços essenciais para a execução e instalação do projeto. E é neste momento que muitas oportunidades podem surgir para empreendedores, que podem oferecer uma gama de serviços ligados à cadeia de energias renováveis, como a própria instalação dos painéis ou turbinas, manutenção, e até mesmo consultorias e assessorias técnicas.
De modo geral, Bruno Albuquerque destaca que a implantação de um sistema fotovoltaico envolve duas etapas principais: o projeto, que inclui o dimensionamento técnico e toda a parte documental; e a instalação, que corresponde ao processo de montagem e integração dos equipamentos.
“Na maioria dos casos, as empresas que comercializam os sistemas oferecem um serviço completo, acompanhando o cliente desde o estudo de viabilidade até a entrada em operação. Por isso, é essencial escolher empresas ou profissionais qualificados e com boas referências, já que o sistema tem vida útil longa e depende de um projeto bem elaborado e de uma instalação adequada para garantir desempenho e segurança ao longo dos anos”.
FUTURO
E quando se analisa o cenário futuro, não é apenas a energia renovável que se destaca, mas também a integração digital associada a ela. “A eficiência energética não depende apenas da fonte utilizada, mas de como a energia é gerenciada. Há um princípio bastante conhecido na área que diz: ‘o que não pode ser medido, não pode ser gerenciado’. Por isso, tecnologias como IoT, controle inteligente de carga e monitoramento remoto tornam os sistemas mais eficientes, aumentam seu desempenho e reduzem custos operacionais”, considera Bruno Albuquerque.
“O avanço dessas ferramentas é essencial em sistemas que combinam geração solar e armazenamento, por exemplo. A gestão dinâmica permite decidir quando armazenar, injetar energia ou utilizar a rede, considerando fatores como horário de pico e custo da tarifa. Esse tipo de inteligência garante maior segurança, economia e vida útil aos componentes. O monitoramento remoto também traz um impacto enorme para a Amazônia. Em uma região onde barreiras geográficas dificultam o acesso, como comunidades localizadas no meio da floresta ou em áreas alcançadas apenas por rios, poder operar sistemas a distância torna viável projetos que antes seriam economicamente inviáveis”.
O pesquisador destaca que, um exemplo dessa integração é o que já vem sendo desenvolvido na UFPA e no CEAMAZON, especialmente o Sistema Multimodal da Amazônia (SIMA), que conecta geração fotovoltaica, baterias e transporte elétrico. “Sem digitalização, um ecossistema como esse simplesmente não existiria”, finalizou.
Sugestão de microformato:
SERVIÇOS EM EXPANSÃO
Como o mercado não está crescendo apenas em geração solar fotovoltaica, pode haver oportunidades de desenvolvimento de negócios também para quem se dedica a criar soluções de gestão inteligente da energia. Entre os principais serviços em expansão, hoje, o pesquisador do Centro de Excelência em Eficiência Energética na Amazônia (Ceamazon) da Universidade Federal do Pará (UFPA), Bruno Albuquerque, destaca:
Auditorias energéticas e retrofit em prédios públicos e comerciais: hoje, as edificações podem, inclusive, receber etiquetas de eficiência energética, semelhantes às que encontramos em eletrodomésticos;
- Gestão térmica, refrigeração eficiente e iluminação LED inteligente;
- Infraestrutura de recarga para veículos elétricos;
- Sistemas híbridos com armazenamento para gestão de energia;
- Projetos voltados a comunidades isoladas e microrredes inteligentes (Este último ponto, inclusive, é especialmente estratégico na Amazônia, onde microrredes fotovoltaicas com baterias não são apenas uma tendência tecnológica, mas uma necessidade fundamental para promover inclusão social e desenvolvimento produtivo local).
Sugestão de infográfico:
OPORTUNIDADES
Diante do cenário de expansão do mercado de energias renováveis, surgem oportunidades para quem deseja empreender na área. Confira oportunidades de negócio (tipo de atuação) destacados pelo Sebrae Nacional:
Segundo o Sebrae, quem investe no setor pode atuar de diferentes formas, entre elas:
- Produção de energia (geração própria) - especialmente por fontes maduras no Brasil como solar fotovoltaica e eólica.
- Fornecimento de bens e serviços ligados à cadeia de energias renováveis - instalação de painéis ou turbinas, manutenção, consultoria, assessoria técnica, logística, licenciamento, etc.
- Soluções tecnológicas, inovação e startups - softwares de gestão energética, sistemas de monitoramento, tecnologias para otimizar consumo ou geração, e modelos de negócio inovadores.
- Atendimento a diferentes perfis de clientes - residências, empresas, propriedades rurais (importante para agricultura e produção agropecuária), ou quem tem alto consumo de energia.
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