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CLÁSSICO

“E.T.” completa 40 anos e volta aos cinemas de Belém

Filme de Spielberg, faz 40 anos e volta arrancando choro e unindo gerações

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Imagem ilustrativa da notícia “E.T.” completa 40 anos e volta aos cinemas de
Belém camera Drew Barrymore ainda criança em cena de E.T | Reprodução

"Eu estarei bem aqui", diz o alienígena de "E.T.: O Extraterrestre" no momento mais comovente do filme, apontando o longo e brilhante dedo para a testa de seu amigo humano, Elliott. Quarenta anos depois, a criatura cumpriu a promessa e encontrou lugar cativo na memória de muita gente.

"E.T." é um daqueles raros filmes que podem ser vistos e revistos, por diversas pessoas e em diferentes épocas, sem jamais perder seu poder de encantamento. É a síntese perfeita do cinema de Steven Spielberg, diretor que lançou as bases para o blockbuster moderno e criou um sucesso avassalador de bilheteria -mas com coração.

Talvez seja por isso que, ainda hoje, o longa mantenha seu frescor. Na atual era de blockbusters sendo descarregados aos montes nas salas de cinema, é difícil encontrar um filme que, por trás dos orçamentos gordos e efeitos especiais pomposos, seja capaz de se conectar de forma tão sincera e íntima com o espectador.

Até hoje, "E.T." não encontra obstáculo para isso. Em maio, durante o Festival de Cannes, o filme foi exibido numa sessão especial, aberta ao público, que ficou horas numa longa fila que contornava a praia. Ao lado deste repórter, uma mulher estava acompanhada por duas crianças, entre os cinco e dez anos. Mãe e filhos riam e choravam nas mesmas cenas.

Quando o alienígena pareceu estar morrendo, o menino se jogou no colo da mãe, abalado, se debulhando em lágrimas. Até que o peito da criatura brilhou num vermelho intenso, levando o francesinho a repetir a fala que Elliott diz em cena, em seu idioma -"il est vivant!", "ele está vivo!".

A cena da vida real é prova de que "E.T." não tem idioma ou idade, gênero ou país. E volta aos cinemas para ser apresentado a uma nova geração, na mesma versão remasterizada exibida em Cannes e agora ajustada para as salas Imax, em comemoração do aniversário de 40 anos.

Também foi no Festival de Cannes, em 1982, que o original estreou, fora da competição, mas já sendo coberto de elogios. Ele teria uma passagem avassaladora pelas salas mundiais, mantendo por uma década o título de maior bilheteria da história e conquistando uma das cinco indicações ao Oscar de melhor filme, apesar de seu caráter despretensioso e familiar.

Venceria quatro estatuetas -melhor som, mixagem de som, trilha sonora e efeitos especiais-, mas não sem arrancar de Richard Attenborough, que recebeu o prêmio principal por "Gandhi", a declaração de que "E.T." deveria ter vencido, por ser "inventivo, poderoso e maravilhoso". Attenborough, então, se tornou amigo de Spielberg e estrelou seu "Jurassic Park", que tomaria o título de recordista nas bilheterias 11 anos depois.

Com tanta projeção, o extraterrestre solidificou, ao lado de "Star Wars", a relação de Hollywood com a indústria do licenciamento -algo um tanto restrito à Disney até então- e fez de seu protagonista marrom o brinquedo mais vendido no Natal daquele ano de 1982.

Spielberg tornou carismático um ser enrugado, marrom, de olhos esbugalhados, com pescoço tão esquisito quanto o formato de sua cabeça e, como acredita Gertie, personagem de Drew Barrymore, com pés estranhos. Ao lado do compositor John Williams, criou memórias cinematográficas inapagáveis, embaladas por uma trilha que, sozinha, já comove.

Há quem critique o cinema do americano justamente por seu lado comercial. Mas nenhum dos filmes de Spielberg até aqui deixou de ter algum tipo de ambição artística. A porção capitalista é como um bônus e, em Hollywood, ninguém escapa disso se quiser garantir orçamentos suficientes para verdadeiros espetáculos cinematográficos -marca registrada do cineasta.

Mal sabiam os críticos dos anos 1980, aliás, que quatro décadas depois teriam de lidar com filmes que, esses sim, parecem concebidos inteiramente para vender bonequinhos, da Marvel à DC, de animações da Disney em carne e osso a sequências que estão décadas distantes de seus originais.

"E.T.", ao contrário, deu origem a um conto de fadas para os tempos atuais, misturando a pureza de "Peter Pan", lembrado repetidamente no roteiro, à modernidade da ficção científica que ganhava contornos épicos entre os anos 1970 e 1980.

E é, para muitos, nada menos que uma adaptação da história do menino que vivia na Terra do Nunca. "Por que você não cresce?", pergunta o irmão mais velho de Elliott a ele, em determinada cena. "E.T." dá ao espectador a oportunidade de se rebelar contra essa provocação e, por suas duas horas, se recusar a ser adulto, a viver num mundo cheio de pragmatismo e vazio de imaginação.

É na aparente simplicidade e inocência da história que reside a complexidade e a maturidade de "E.T.: O Extraterrestre". O filme é um clássico que, assim como Wendy passou anos esperando por uma nova visita de Peter Pan e Elliott, certamente, passou esperando por E.T., nós esperamos ansiosos por uma nova oportunidade de revisitar.

O melhor do cinema de aventura na pré-história de “Stranger Things”

Há 40 anos, o mundo se rendia aos encantos e à magia de um ser de outro planeta. Dirigido por Steven Spielberg, “E.T. - O Extraterrestre” inaugurou uma nova maneira de apresentar as narrativas por meio das telonas.

O clássico conta a história de Elliott, interpretado por Henry Thomas, hoje com 51 anos, que faz amizade com um pequeno alienígena, e decide esconder a criatura em sua casa. O garotinho protege-o de todas as formas para evitar que ele seja capturado e transformado em cobaia. Gradativamente, surge entre os dois uma forte amizade. O elenco conta com nomes conhecidos, como Drew Barrymore, além de Dee Wallace, Peter Coyote e Robert MacNaughton.

Lançado em 11 de junho de 1982, nos Estados Unidos, pela Universal Pictures, “E.T.” tornou-se um blockbuster imediato, superando “Star Wars” e se tornou o filme de maior bilheteria de todos os tempos durante onze anos até ser superado por “Jurassic Park” (também dirigido por Spielberg) em 1993.

“Depois de 40 anos, o filme envelheceu muito bem, e que bom, porque ainda encanta as plateias de hoje, tanto quem assiste pela primeira vez quanto quem viu antes”, diz o jornalista Fábio Nóvoa, editor e colunista de cinema do DIÁRIO. “Isso porque o diretor Steven Spielberg recupera uma coisa da ficção científica como uma matinê no cinema de aventura. No contexto da Guerra Fria, isso havia se perdido um pouco, porque criou-se muito a percepção de que o cinema de ficção científica tinha essa coisa de invasão, de destruição, muito causado pelo clima de guerra que se vivia na época. Os invasores eram o inimigo, o comunismo, enfim, os russos, que eram transformados em seres de outro planeta na percepção do povo americano”, analisa.

Outro resgate de Spielberg é o aspecto mais inocente da aventura, afirma Nóvoa. “O filme foi um dos primeiros a trazer aquela narrativa dos anos 1980, de histórias envolvendo crianças em situações de aventura, de grandes obstáculos, o que depois ganhou bastante prestígio. Depois, vieram vários filmes nesse perfil, como ‘Conta Comigo’ [de Rob Reiner], ‘Os Goonies’ [de Richard Donner], que deram andamento a essa narrativa com crianças que hoje faz sucesso com ‘Stranger Things’. ‘E.T.’ foi um dos primeiros filmes da história do cinema e da TV a trazer essa noção de aventura e dos laços de amizade entre crianças, fala muito de amizade, de companheirismo, da relação que o menino desenvolve com o E.T.”, detalha.

Para Fábio Nóvoa, o papel de Spielberg também é fundamental para que o filme tenha se tornado atemporal. “Spielberg sempre foi um diretor influente porque veio de uma geração que passava por uma transição do cinema – que até a década de 1960 tinha uma característica muito glamorosa. Quem frequentava as salas de cinema era a elite. Com a década de 1970, a Guerra do Vietnã, as crises econômicas e todo o movimento pacifista que surgiu nos Estados Unidos, além do próprio questionamento do padrão classe média existente por lá, começaram a surgir diretores muito influenciados pelo cinema europeu neorrealista, diretores que tinham uma característica mais crítica. Foi quando surgiram diretores como [Francis Ford] Coppola, o próprio [Martin] Scorsese”.

Naquele contexto, ele diz, George Lucas [da saga “Star Wars”] e Spielberg tiveram a ideia genial de investir num cinema mais comercial. “Eles podem dizer que são os pioneiros dos chamados ‘blockbusters’, filmes feitos para a massa, que surgiram junto com as locadoras, e que são ainda formatos de cinema com estreias grandiosas, que lotam as bilheterias. Praticamente tudo surgiu com ‘Tubarão’ [de Spielberg], que foi considerado um dos primeiros blockbusters do cinema, seguidos de outros, como o ‘Inferno na Torre’ [ de John Guillermin], a saga ‘Aeroporto’ [de George Seaton], considerados cinema catástrofe”, analisa Fábio Nóvoa.

“Spielberg tinha muito essa pegada de aventura, potencializado por George Lucas depois com ‘Star Wars’. Nas décadas de 1970 e 1980, ele influenciou muitos diretores por essa maneira de dirigir, dominando toda a parte técnica. Já era um grande diretor, tinha conhecimento de fotografia, mas também se cercou das pessoas certas na edição, na trilha sonora, com John Williams, por exemplo. Ele tinha e tem o controle criativo total das suas obras”, lembra Nóvoa, ao explicitar o que fez de Spielberg um nome sempre vinculado ao sucesso desde a década de 1980.

Sua influência no cinema abrangeu ainda sua performance como produtor, aponta o jornalista. “Ele tinha esse ‘faro’ de descobrir grandes diretores de sucesso de cinema, não só para o cinema de aventura como John Landis ou Joe Dante, mas o próprio cinema de horror da década de 1980, com Tobe Hooper, e nos filmes de aventura como o próprio ‘Os Goonies’ e ‘Indiana Jhones’, que são filmes que foram produzidos pelo Steven Spielberg. Ele é um cara que influenciou bastante muitos cineastas e o público, porque enquanto produtor sabia onde buscar as histórias, os diretores. Ele tinha total domínio da técnica cinematográfica, da estética, da ‘mise en scène’, de plano sequência, de composição de imagem”.

Com tudo isso, o cineasta influenciou e continua influenciando até hoje o cinema. “Nos anos 2000, ele assumiu uma fase com tom mais político, em produções como ‘Munique’ e ‘O Terminal’, que têm características mais adultas, e mesmo assim, não se pode dizer que possui filmes menores. Ele é um grande diretor até hoje, é um cara muito criativo”, ressalta Nóvoa.

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