
Às margens da cidade de Belém, separada apenas por um breve trajeto de barco, a Ilha do Combu é símbolo da riqueza natural e cultural da Amazônia. Diante de sua importância e do potencial turístico que vem crescendo exponencialmente ano após ano, o local foi o escolhido como palco de um evento inédito: o “Cine Pororoca: Cinema Flutuante nas Águas do Combu”, promovido pela Aliança de Juventude por Governança Energética, em alusão ao Dia Internacional da Juventude, celebrado em 12 de agosto.
No último domingo (17), o Combu se transformou em um espaço de arte, debate e resistência. A programação do Cine Pororoca reuniu moradores, educadores, estudantes, lideranças comunitárias e representantes de organizações sociais em torno de uma agenda urgente: a justiça climática e energética na Amazônia. A proposta foi clara — usar a cultura como ferramenta de mobilização social e dar visibilidade aos desafios enfrentados por populações ribeirinhas.
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“Essa ideia surgiu após eu tomar conhecimento de um cinema flutuante que aconteceu pela segunda vez na cidade Iquito, localizada na parte peruana da floresta amazônica. Foi a partir desse momento que percebemos que era preciso fazermos uma edição aqui, na Amazônia brasileira, visto que temos uma população muito grande de pessoas que vivem na margem dos rios e poderíamos implementar isso”, disse Natalia Mapuá, ativista socioambiental e coordenadora da Aliança.
A ativista explicou que, por meio de uma submissão voltada para atividades com foco na juventude, gerida por uma organização direcionada para justiça climática global, a 350.org, submeteu a ideia de implementar o cinema flutuante voltado para o público jovem. Desde então, em contato com uma das lideranças da ilha, o empreendedor e morador local, Boaventura Junior, o Boá, a ideia foi direcionada para o Combu.
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“No momento em que eu vejo a viabilidade do projeto, eu contato o Boá, que é uma liderança local e meu amigo também, apresentei a ideia para ele e vimos que essa seria uma oportunidade de proporcionar uma visibilidade ainda maior para os desafios que ainda são enfrentados pela população que vive ali na ilha. A partir disso, começamos a traçar diversos planos de como colocar em prática a ideia e, principalmente, escolher um local ideal para que todos os interessados pudessem aproveitar da melhor maneira possível”, explicou Natália.

A coordenadora ressaltou também que o 'Cine Pororoca' é uma iniciativa sem fins lucrativos e com caráter de ativismo, voltada a garantir o acesso da comunidade ao cinema, ao lazer e ao entretenimento, dando visibilidade aos desafios enfrentados pelos moradores da Ilha do Combu, buscando chamar a atenção de autoridades e da sociedade para a realidade local.
“Mais do que uma mostra cinematográfica, a ação integra a atuação da Aliança, que atua nos estados do Norte e Nordeste. A proposta pode ser expandida para outras regiões, sempre adaptando o formato às realidades de cada comunidade. O foco central é levar o debate onde ele raramente ocorre, utilizando o cinema ou outras atividades como ferramenta de mobilização e conscientização”, afirmou Natália.
Ativismo e juventude na pauta climática
Fundada em Belém durante os Diálogos Amazônicos, a Aliança de Juventude por Transição Energética completou dois anos no último dia 8 de agosto. O grupo tem como foco o debate sobre acesso à energia e transição energética, tema considerado estratégico nas discussões climáticas globais.
No último ano, a organização atuou em diversas agendas de proteção ao bioma amazônico e vem participando de formações para fortalecer sua presença na COP 30. A meta é levar a perspectiva da juventude amazônida para os espaços de decisão, especialmente no que diz respeito à redução do uso de combustíveis fósseis.
Para a Aliança, a juventude não apenas está incluída no debate climático, mas tem sido protagonista. “Quando olhamos para quem está participando ativamente das conferências, vemos que a maioria é jovem. É um movimento de protagonismo, mas que precisa de mais visibilidade e espaço nas tomadas de decisão”, finalizou Natália Mapuá.
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