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NIC DIAS

De arma na mão, Nic Dias lança "Remédio pra racista é bala"

No clipe, a artista surge com armas e é a protagonista de um sequestro e da tortura de um personagem que representa a força opressora racista e facista presente hoje no Brasil.

Imagem ilustrativa da notícia De arma na mão, Nic Dias lança "Remédio pra racista é bala" camera Clipe foi gravado na Cidade Velha e foi dirigido pelo cineasta paraense Vladimir Cunha. | Divulgação

Uma artista paraense está repercutindo nacionalmente após colocar o dedo na ferida do debate sobre racismo no Brasil. Poetisa e rapper conhecida na cena regional, Nic Dias lançou nessa quinta-feira (18) o clipe da canção “Remédio pra racista é bala”. O single, que convida as vítimas de racismo a assumirem uma postura de combate mais agressiva, demorou poucos minutos após lançado para acender um acalorado debate em todo o país. Até mesmo o político e médico Eduardo Jorge, ex-candidato a presidência, decidiu dar seu pitaco, criticando a música..

Narrando a reconquista do poder do povo preto e a destituição do império branco, “Remédio pra racista é bala” evoca polêmica por contar a história de um assassinato como via para rebater o racismo institucional. No clipe, a artista surge com armas e é a protagonista de um sequestro e da tortura de um personagem que representa a força opressora racista e facista presente hoje no Brasil. “Eu acredito que não há como ter justiça sem equidade, sem ter uma reação pro racismo que as pessoas cometem. ‘Remédio pra Racista’ é justamente essa reação. Tudo que a gente faz gera um efeito e violência gera violência”, justifica Nic sobre a música, já conhecida pelo público que frequenta os shows.

Nascida e criada no distrito de Icoaraci, Nic afirma que a ideia da letra surgiu de um sentimento de exaustão diante de tantos casos de racismo e violência social que as pessoas sofrem diariamente. “Esse momento surgiu após vários episódios de racismo e de violência social que as pessoas negras sofrem aqui. Eu estava me sentindo extremamente cansada e sobrecarregada de sentir medo e de ser oprimida. Essa música surgiu a partir desse cansaço”, diz a reportagem Dol.

Logo após o lançamento da canção, disponível em todas as plataformas digitais, já deu para ter uma ideia do quão delicado é o debate sobre racismo no Brasil. Eduardo Jorge comentou em uma reportagem da Folha de São Paulo que falava sobre a canção. "Já ouvi está pregação muito tempo atrás. Os resultados não foram nada bons", disse o médico e político brasileiro. Foi o suficiente para gerar uma enxurrada de comentários. As opiniões ficaram divididas. Sobre a repercussão, a artista paraense diz que já esperava por isso. De certa forma, para Nic, era até mesmo óbvio. A reação é a evidência de que o Brasil é um país extremamente racista.

“Eu já esperava que tivesse esse tipo de reação, como a do Eduardo Jorge, porque vivemos num país racista e é óbvio que vão existir vários comentários desse tipo. É muito fácil falar quando você está de fora, quando não é você que sofre violência, quando você não está na pele daquela pessoa. É muito fácil dizer que violência ou raiva não vão resolver, quando não é com você. A gente sabe muito bem o que é violência e existem pessoas que não sabem o que é”, diz a artista, que tem influências que vão de Emicida a Racionais.

Perguntada pela reportagem se acredita que sua canção pode incentivar pessoas pretas a utilizarem violência bélica contra racistas, Nic Dias disse não ter sido a intenção. Falando de forma serena, bem diferente de seu clipe, a rapper diz que a linguagem artística escolhida para ‘Remédio pra racista é bala’ serve para aumentar a autoestima e a coragem das vítimas de racismo.

“Negro morrer é normal, todo dia morre, isso não é falado. Mas pra mim não é normal. É muito fácil dizer ‘eu não sou racista’, mas não concordo. O que as pessoas querem que façamos? Ficar de mãos abanando, esperando a polícia dar um tiro na nossa cabeça. Fico triste em ver comentários assim. Intencionalmente não tive intenção de incentivar violência, não quero isso. Mas acredito que esse trabalho dê mais coragem pra que as pessoas não tenham medo de reagir a ofensas racistas, violência física e a tudo isso. O que foi passado foi de uma maneira simbólica e que dará coragem as pessoas”, diz.

Nic Dias tem 22 anos. Seu single, que faz parte do EP 1.9.9.9, a ser lançado na primeira semana de julho, é mais uma parte de uma carreira que começou aos 14 anos. A rapper é jovem, mas já ganhou o reconhecimento nacional por seu talento, sendo uma das 43 artistas selecionadas para o projeto Natura Musical. A mensagem de Nic, segundo ela mesmo, está só no início. O debate faz parte, é a intenção mesmo. Para a artista, algo na luta contra o racismo já evoluiu, mas ainda falta muito.

“O problema do racismo não diminuiu. Com certeza não. Existe a manutenção dele dentro da estrutura da sociedade e ele passa por vários momentos e fases. Está sendo falado mais, sim, mas não significa que estamos morrendo menos. Ainda somos a maioria que passa fome e morre. Estamos debatendo na TV, mas no mapa da fome e desemprego a gente preta é ainda maioria. Eu acredito que tenhamos avançado um pouco, hoje temos mais espaço, mas precisamos continuar. As mudanças vêm de forma radical, alguém precisa dizer assim, pra mudar”, diz.

Assista ao clipe de "remédio pra racista é bala":

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