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Theatro da Paz reabre após obra de R$ 4,5 milhões

Casa de espetáculos passou por completa revitalização e terá ampla programação artística no reencontro com o público

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Imagem ilustrativa da notícia Theatro da Paz reabre após obra de R$ 4,5 milhões camera Obra incluiu recuperação, adaptação para acessibilidade e novos espaços internos | Ricardo Amanajás

Com 143 anos e classificado como um teatro-monumento, o Theatro da Paz foi inteiramente revitalizado e reabre para o público após passar por obra de R$ 4,5 milhões.

A reabertura ocorre neste domingo, às 20h, com um grande concerto da sua Orquestra Sinfônica. A apresentação será ainda uma homenagem aos profissionais da saúde, lembrando que esta reabertura, de uma das casas de espetáculo mais representativas da região Norte e de todo o país, ocorre no contexto da pandemia da Covid-19, como um alento aos artistas, mas também com a responsabilidade de cumprir uma série de protocolos.

A secretária de Estado de Cultura Ursula Vidal destaca alguns pontos da obra, como a reestruturação completa do Café da Paz. “Essa vai ser uma área do teatro que ficará aberta também durante o dia, ao invés de apenas nas noites de espetáculo. É uma forma de chamar as pessoas para usufruírem mais desse teatro-monumento e incentiva a visita guiada ao longo do dia, que poucas pessoas sabem que existe”, comenta.

Também será inaugurada a Boutique da Paz, um espaço todo inspirado em elementos do teatro e que coloca à venda produtos artísticos, como pinturas, xilogravuras, joias e suvenires, como canecas e camisetas, tudo inspirado nos elementos arquitetônicos e plásticos do teatro.

Entre as adaptações necessárias para um teatro que atravessou séculos, estão as mudanças para acessibilidade nos banheiros, mas ainda levando para este ambiente elementos que fazem referência ao mosaico do hall de entrada, à sua história. “Houve também a revitalização do foyer, com a intenção de intensificar as atividades nesse espaço que, lá no início da história, tinha muitas exposições, apresentações menores de canto lírico”, aponta Ursula.

Cadeiras também foram restauradas
📷 Cadeiras também foram restauradas |Ricardo Amanajás

Outra novidade é a criação de duas salas de ensaio. “A OSTP precisava ensaiar no palco e quando tinha espetáculo com montagem mais complexa, de até dois dias, ficava com essa dificuldade. E tem a Amazônia Jazz Band, que estava ensaiando na Fundação Cultura do Pará [conhecida como Centur]. Agora, os dois corpos artísticos do TP poderão ensaiar nessas salas criadas para isso, os instrumentos também podem ficar guardados lá para evitar o transporte. Enfim, o teatro está todo preparado para a sua dinâmica de ensaios e apresentação”, comemora.

A iniciativa envolveu ainda várias etapas e intervenções, grandes e pequenas, como a revitalização das famosas cadeiras de palhinha na sala principal de espetáculos. A obra como um todo teve o custo de R$ 4,5 milhões, que envolve um acréscimo externo, a instalação de iluminação cênica, que será apresentada ao público neste domingo. “Com uma paleta de cores ampla, ela nos permitirá aderir a campanhas de calendário e de conscientização da sociedade”, explica Ursula.

Agenda cheia na reabertura

Além do concerto da OSTP esta noite, celebrando a reabertura, o TP recebe até o final do mês uma série de apresentações culturais, como a peça de teatro “Pensão da Cotinha”, do grupo de teatro Experiência. A montagem, nesta segunda-feira, 23, às 20h, prestará homenagem ao grande ator José Leal, o Zecão, que faleceu em abril. Na terça-feira, às 18h, o Coro Carlos Gomes se apresenta com um repertório leve e popular; seguindo na quarta-feira, com sessão às 17h, 18h e 19h, do Recital Ópera Viva, de canto lírico.

Na quinta e sexta-feira, sempre às 20h, será a vez do balé de repertório “Coppéllia”, apresentado pelo Centro de Dança Ana Unger, acompanhado pela Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz. Já a Amazônia Jazz Band apresenta-se no sábado, às 20h, com o maestro Eduardo Lima.

Um concerto da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz abre a programação esta noite
📷 Um concerto da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz abre a programação esta noite |Agência Pará

A segunda semana terá a encenação da ópera “Die Abreise”, do compositor alemão Eugen D’Albert, dia 30, às 20h, com destaque para os figurinos e cenário confeccionados pelos detentos e detentas atendidos pelo projeto “Sons de Liberdade”.

Por último, ocorre uma mostra, dia 31, organizada pelo Colegiado de Dança do Pará, com 11 pequenos espetáculos, divididos entre duas sessões, às 16h e 18h, indo desde o imaginário amazônico até clássicos eruditos. O presidente do Colegiado, Igor Marques, diz que um espetáculo só não poderia ilustrar as múltiplas vivências dentro da dança. “Por isso a importância de uma programação intensa”. Ele completa que “os artistas estão ansiosos para pisar neste palco, que é como um santuário para nós”.

Entre os espetáculos do último dia estão “Habitante Criador”, da Casa Ribalta; “O Lendário Indígena e a Luta contra o Feminicídio Amazônico”, do Studio Alpha; “O Outro Lado”, do Studio de Danças Lucinha Azeredo; e “Marajoara do Nheengaíbas”, do Grupo Parafolclórico Nheengaíbas

Como apontado pela secretária de Cultura, outro destaque desta reabertura é a ocupação mais frequente do foyer do teatro, onde haverá o "Recital Ópera Viva", com cantores do "III Curso de Formação do Festival de Ópera do Theatro da Paz", marcando ainda a inauguração do novo piano de cauda, que ficará permanentemente neste espaço. Por lá também será aberta a exposição “Ópera Viva – 20 Anos do Festival de Ópera do Theatro da Paz”, com figurinos de montagens do festival ao longo dos últimos 20 anos.

“Para a gente é superimportante reabrir o teatro, todas melhorias foram feitas para receber bem as pessoas e os artistas. Claro, temos que fazer isso de forma comprometida com a saúde das pessoas, com responsabilidade, por isso será um quantitativo bem inferior ao que comporta o teatro”, diz Daniel Araújo, diretor do Theatro da Paz, destacando que a programação é gratuita.

APROVEITE

Reabertura do Theatro da Paz

Atração: Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz

Quando: Hoje, às 20h

Quanto: Gratuito, com retirada de ingresso a partir das 18h, na bilheteria

Programação completa: Facebook e Instagram (@secultpara).

Boutique da Paz terá peças à venda

As visitas ao Theatro da Paz são inspiradoras para todos e tiveram esse propósito em especial para os criativos de seis marcas paraenses: Boto Psicodélico, Atelier Moraes, Ty Silva, Helô Ilustra, Arco de Memória e Olha Mana. Elas criaram, a convite da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), uma série de produtos com base em elementos visuais e na história do teatro. Todos eles estarão disponíveis na novíssima Boutique da Paz, espaço criado durante a recente reforma da casa de espetáculos.

Larissa Souza, da Boto Psicodélico, explica que houve uma visita guiada para que eles pudessem entender um pouco dessa história, das influências artísticas que deram origem à construção e ornamentação do teatro, entre outros aspectos relacionados a ele. “Mas, o que mais me instigou é que, por mais que tenha uma pegada regional, com plantas da fauna local, por exemplo, ainda é um lugar me remete a uma construção europeia. Então, criei peças pensando que seria interessante mesclar um pouco da nossa cultura popular”.

Os bordados da Boto Psicodélico buscaram referência na pintura do teto da casa de espetáculos
📷 Os bordados da Boto Psicodélico buscaram referência na pintura do teto da casa de espetáculos |Divulgação

A pintura de Domenico de Angelis no teto do teatro, em que a deusa Diana surge representada como uma índia, recebeu da bordadeira uma releitura com uma cabocla de pena. Dançarinas de carimbó com roupas que representam o chão do teatro também estão nas suas criações. “Mostrar a cultura popular no teatro é uma forma de falar que o espaço está sendo democratizado para todos”, considera. Entre seus bordados, destaca-se ainda a representação de uma mulher negra no lugar das cariátides gregas, já que estas esculturas representam a sustentação do teatro, “assim como a mulher negra é muito importante na manutenção da nossa cultura popular”, pontua.

Também nessa linha de pensamento, Ty Silva desenvolveu três ilustrações feitas digitalmente e que foram usadas em itens de papelaria, como pôsteres, adesivos e um kit com seis lambes. Suas criações buscam evidenciar elementos da cultura amazônica presentes na ornamentação do teatro, como o guaraná, a vitória-régia, o muiraquitã e o grafismo marajoara. “Quis focar nisso porque, dentro do meu trabalho, já falo de decolonialidade, valorização do que é da nossa cultura e ancestralidade indígena… queria pegar elementos gregos e subverter em elementos indígenas”, explica.

Entre os elementos, estão as musas das artes - a da dança passou por uma releitura para trazer a riqueza da dança na Amazônia e a da música teve a sua pequena harpa substituída por uma maraca. “O próprio ornamento floral europeu, mais genérico, eu troquei por plantas daqui”, diz. Em outra ilustração, não é mais Ártemis que conduz os povos indígenas até a região, mas uma icamiaba. Os lambes trazem ilustrações e outros elementos visuais indígenas presentes no teatro.

As linhas arquitetônicas do teatro inspiraram a arte em papel da Olha Mana
📷 As linhas arquitetônicas do teatro inspiraram a arte em papel da Olha Mana |Divulgação

Já Marta Cardoso, da Olha Mana, conhecida por reproduzir fachadas de prédios históricos de Belém, trouxe o famoso teatro-monumento a partir de diferentes perspectivas e técnicas de arte em papel. “Nós tiramos fotos de vários detalhes, conhecemos a história de tudo, os materiais utilizados, sobre as pessoas que criaram o teatro, no que elas se inspiraram. Fizemos um estudo praticamente em 20 dias”, destaca. “Fiz cinco quadros, tem a fachada, dois ladrilhos bem conhecidos do teatro, o hall onde tem a escadaria e a visão do palco para a plateia, em camadas de papel e cores”.

Para a artesã, o objetivo foi passar para o público visitante do teatro a sensação de pertencimento. “Quando você chega no teatro já tem aquele peso de um local cheio de história, a gente sabe que foi construído em período de riqueza e nem todo mundo podia frequentar, e hoje você pode assistir [aos espetáculos], não importa quem seja e de onde veio, o teatro é seu”, diz ela. Estar com outras marcas dentro do TP também é um novo passo nisso, considera. “É uma forma de a gente se apresentar também no teatro. A gente não é artista de palco, de cantar, dançar, mas é uma forma de se apresentar lá. Espero que seja animador para quem chega ao teatro encontrar o nosso trabalho”, diz Marta.

CONHEÇA

Boutique da Paz

Onde: Theatro da Paz (Praça da República, s/n, Campina)

Quanto: Os produtos citados na matéria variam de R$5 a R$470. O acesso ao local é gratuito

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