
O estado do Pará amanheceu mais silencioso nesta terça-feira (26) com a notícia da morte de Mestre Damasceno, aos 71 anos. Reconhecido como um dos maiores nomes da cultura popular marajoara, o artista, compositor, diretor de autos juninos e criador do Búfalo-Bumbá deixou um legado imensurável para a história e a identidade cultural da região amazônica.
Em homenagem ao mestre, o governador do Pará, Helder Barbalho, decretou luto oficial no estado. Em nota publicada nas redes sociais, ele destacou a relevância do artista para a cultura paraense e prestou condolências à família, amigos e admiradores.
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“É com grande tristeza que recebemos a notícia da morte do querido Mestre Damasceno. Foi uma honra poder homenageá-lo em vida na Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes deste ano. Seu legado na cultura paraense é imensurável e seguirá tocando gerações. Meus sentimentos aos fãs, amigos e familiares. Que Deus os conforte neste momento de dor”, escreveu o governador.
Reconhecimento em vida
A última grande homenagem oficial ao mestre ocorreu ainda em 2025, durante a Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, um dos principais eventos culturais do estado.
Ao longo de sua carreira, Mestre Damasceno compôs mais de 400 músicas, lançou quatro álbuns e foi protagonista de importantes documentários que registram e difundem as tradições marajoaras. Sua criação mais emblemática, o Búfalo-Bumbá, reinventou o tradicional boi-bumbá amazônico ao incorporar elementos da realidade local, como os búfalos que circulam pelas ruas de Salvaterra, sua cidade natal.
De Salvaterra para o Brasil
Nos últimos anos, a vida de Damasceno ganhou ainda mais projeção nacional. Em 2023, ele foi homenageado pela escola de samba Paraíso do Tuiuti no Carnaval do Rio de Janeiro, desfilando na Marquês de Sapucaí. Em 2025, voltou à avenida com a Grande Rio, que exaltou a força da cultura paraense. Damasceno foi um dos autores do samba-enredo da agremiação, reafirmando seu papel como criador e referência.
Já recebeu o Prêmio Mestre da Cultura Popular do Estado do Pará - SEIVA, por meio da Fundação Cultura do Pará – Tancredo Neves (2015), e foi reconhecido como mestre de carimbó pelo Instituto do Patrimônio, Histórico e Artístico Nacional (IPHAN, 2017).
Em 2025, foi agraciado com a Ordem do Mérito Cultural (OMC), a mais alta condecoração concedida pelo Ministério da Cultura, como reconhecimento por sua contribuição à diversidade cultural do Brasil.
Luto e legado
O falecimento de Mestre Damasceno representa uma perda irreparável para o Pará e para o país. Seu trabalho influenciou gerações de artistas e pesquisadores, ajudou a preservar saberes tradicionais e fortaleceu a autoestima de comunidades quilombolas e ribeirinhas da Amazônia.
Ao decretar luto oficial, o governo estadual presta uma justa homenagem à memória de um homem que transformou a dor e a superação em arte e resistência. Mestre Damasceno vive agora na história do povo paraense, nas cores do Búfalo-Bumbá, no ritmo do carimbó e na voz de quem, como ele, acredita que “o mundo não vive só de vitórias — vive também de resistência”.
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