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Paulo Vieira espera ansioso pela estreia do 'Terapia BBB'

Terapia BBB vai ao ar pela primeira vez no próximo dia 26

Imagem ilustrativa da notícia Paulo Vieira espera ansioso pela estreia do 'Terapia BBB' camera Ator contou sobre ser "meio conhecido" e planos no BBB. | Divulgação

Na escala de fama de Paulo Vieira, ele se classifica como “meio conhecido”. Quando entra no táxi, o motorista pergunta “O senhor é famoso, né?”, mas não sabe seu nome. Isso deve mudar com o quadro “Terapia BBB”, que estreia dia 26 no “Big Brother Brasil” 22. Vai ser um “stand-up comedy no divã” inspirado pelo reality show mais assistido e comentado do país. “Quero fazer parte dessa grande discussão nacional”, diz o humorista, que nasceu há 29 anos em Goiás e cresceu em Palmas, Tocantins.

A seguir, Vieira fala do início no teatro em Tocantins e no stand-up em São Paulo, da alegria de servir de exemplo para ? negros, gordos, pobres, fora do eixo?, e de seu conflito entre buscar sucesso e viver a síndrome do impostor: “sempre acho que uma hora vou ser desmascarado, a Patrulha do Talento vai me desmascarar, bater lá em casa e me levar”.

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P Você acaba de fazer no Rio uma temporada do show “Juntei tudo pra te contar”. Se você faz stand-up comedy desde adolescente, porque só agora um espetáculo solo?

R Eu escrevo muito lentamente. Meus colegas criam um show por ano, eu demorei dez anos pra fazer o primeiro. Sou muito criterioso com o que quero colocar no palco. Às vezes, a pessoa acha que qualquer coisa interessante pode caber num show de stand-up... Vejo como artesanato, um trabalho de esmerilhar, polir a piada para ir além de um caso engraçado.

P Sempre gostou de escrever?

R Sim, e sempre buscando a comédia, no teatro amador ou nas provas do colégio. Lembro de uma, discursiva, sobre Thomas Malthus [britânico que, em 1798, previu que o crescimento da população levaria à falta de comida]. Botei: ?Malthus era um loucão que um dia acordou e disse: ?E se a gente deixar dar merda e a galera morrer legal??? A professora adorava, deixava para corrigir minhas provas por último depois de um dia puxado. Bonitinho, né?

P E você passou a escrever pra ela.

R Era a professora Zaní, de Geografia. Com a piada vinha também um carinho por ela, humor de forma terna, que é meu jeito de ver o mundo.

P Como você lida com a fama?

R Faço projetos bacanas, vou aparecendo mais. Mas a cada passo que eu dou fico pensando que a Patrulha do Talento vai finalmente me desmascarar. Vão lá em casa, mostrar as provas, me levar embora e eu vou, me achando culpado.

P Como vai ser a ?Big Terapia??

R Vai ser um “stand-up no divã”, eu divagando sobre o que estiver rolando na casa e as discussões que isso inspira. Sou espectador do ?BBB? e gosto muito da ideia de participar de um programa visto por milhões, entrar em debates nacionais sobre o reality, mas também sobre raça, gênero, religião.

P O que é religião pra você?

R Hoje sinto dificuldade de me apegar a dogmas, mas tenho essa necessidade de conexão com Deus. Já fui bem coroinha. Cheguei atrasado nas gravações do Prêmio Multishow de Humor porque estava na Jornada Mundial da Juventude, queria ver o Papa. Tenho vó católica, um tio e padrinho pastor de igreja evangélica e uma bisavó que era ialorixá do candomblé. Ela foi perseguida dentro da família, mas em segredo me ensinou a benzer. Sei benzer cobreiro, espinhela caída e mau-olhado. Principalmente mau-olhado.

P Raça era assunto em casa?

R Não de forma estruturada, nem como é falado hoje. Mas havia a consciência de que um negro precisa ser excelente no que faz pra poder ser respeitado, a margem mínima para erro. Talvez daí venha minha síndrome do impostor. Nem gosto de falar disso. Mas sabe... Olha esse vídeo? [Vieira mostra no celular o vídeo de uma menina negra imitando Tchelly, sua personagem em um quadro do antigo “Se joga”.] Que bom que ela possa sonhar em estar na TV e ter uma referência. Poder dizer, “que nem fulano”. Fico feliz de ser isso.

P No Twitter você traz, com ternura, histórias de infância, família. Como é escrever ali?

R Twitter é meu quarto de adolescente, onde posso ser eu mesmo com meus amigos. Ou, mais a ver com a juventude, o cemitério onde eu ia com amigos emo.

P Você era emo?

R Eu queria ser emo, curtia a melancolia e a ruptura com a masculinidade tradicional. Mas não podia: não tinha cor, cabelo, nem tempo pra ser emo, não podia ir ao shopping quando eles iam, estava entregando salgados de moto. Não tinha nem roupa pra ser emo, só calça e camisa social para a gente ir à igreja. Acabei indo pra galera mais good vibes, mais cult, que me permitia vestir os lixos que eu tinha. Com camisa florida da mãe, calça de chita e sandália de couro eu ia ao Sesc.

P Sobre essa masculinidade não tradicional: já vi você dizer que queria ser filho do Caetano, viver na cabeça dele.

R Imagina o patriarca da sua família ser o Caetano? Falo dele e de Chico, Gil, Milton. Crescendo em uma casa de gente com pouco estudo, a MPB foi uma escola.

P O teatro também?

P Claro. Quando eu era adolescente, Bibi Ferreira [atriz e cantora, 1922-2019] esteve em Palmas com uma peça. Quando ela ia partir, eu e uma amiga ficamos pensando se a gente deveria ir vê-la no aeroporto. Se minha vida fosse um filme, um narrador diria: “Agora Paulo decide se quer ser entregador de salgado ou um grande ator”. E fomos até a Bibi, na moto dos salgados. Por sorte, o voo atrasou, ficamos horas cantando músicas de ?Gota d?água?, sucesso dela que a gente ia encenar. A assessora vinha: “Bibi, eles estão incomodando a senhora?” E ela dizia: “Não, são colegas”.

P Mas você ficou em Palmas.

R E eu já tinha pedido para minha mãe me emancipar, queria sair. Mas Bibi me aconselhou a ficar, a ser referência local antes. Porque, não lembro se ela disse ou pensei depois, Rio e São Paulo não gostam quando você vai pedir alguma coisa. Gostam quando você aparece, e você só aparece quando está pronto. Não dê a eles o prazer de te formar.

P E como pintou a comédia, que deixou você conhecido no resto do Brasil?

R Em Palmas eu fazia muita produção de espetáculos teatrais. Uma vez, estava na equipe de um show de humor que tinha nomes como Fábio Porchat, Fernando Caruso, e eles me diziam: “você é muito engraçado, você tem que fazer stand-up”.

P Aí rolou naturalmente.

R Não. Eu estava fazendo a “Gota d’água”, me achava um artista sério. “Stand-up? Jamais!” Estou estudando Fernando Arrabal, máscaras larvárias, teatro do absurdo?. Eles me falavam de Seinfeld e eu não sabia quem era. Quando a pessoa usa sandália de couro em eventos sociais, não tem muita referência pop (risos). Mas eu pensava: “Pra que preciso saber de Seinfeld se tenho Ariano Suassuna?”. Eu era essa pessoa.

P E como foi a virada?

R Me dei conta que, sem saber, eu já fazia aquilo, falava com o público nos intervalos. E logo estava criando uma cena local. Aí pintou convite para me apresentar em São Paulo, na casa Comedians, me tornei do elenco deles e continuei fazendo teatro. Quando pintaram convites para participar de concursos de humor, minha formação do Sesc gritava na cabeça: “O quê? Comédia é arte, arte não é para competição, é para maravilhamento estético”. Mas o diretor do Prêmio Multishow acabou me inscrevendo a contragosto, fui, ganhei e passei a aparecer na TV.

P É impressão minha ou você surgia em vários canais?

R Fazia todo e qualquer programa que dava a oportunidade. Fiz “Domingo da gente”, com Chimbinha e Joelma, depois com a Gilmelândia. Fui do júri do Miss Bumbum. Frequentava os programas da Luciana Gimenez, “Superpop” e “Luciana by night”, o “Agora é tarde”, com o Danilo Gentili, o “Programa do Porchat”. Mas a minha principal fonte de renda na época eram eventos no Tocantins. Construí, com assessoria de imprensa e manipulação de opinião, a imagem de que tinha vencido no centro do país. Mas a coisa era um pouco fora de proporção, tipo: “já é o Chico Anysio!” (risos).

P E hoje? Como você é visto?

R No Rio e em São Paulo, ainda sou excêntrico. Quando as pessoas me ouvem falar sobre o que eu faço, minhas referências, rola um estranhamento. Quando eu surgi me colocaram em uma caixinha de “cômico”, como esse ou aquele, e não como um Gregório Duvivier ou um Marcelo Adnet. As pessoas têm dificuldade de me ver como um comediante inteligente.

P No “Melhores do Ano” do “Domingão com Huck”, você se equilibrou na linha tênue de fazer tiradas sobre a TV Globo no próprio canal, um feito notável. Isso não muda essa percepção?

R Provavelmente, é aos poucos. E eu adorei que ficou parecendo que eu fui convidado para fazer o quadro do BBB por causa do ?Domingão do Huck?. Mas já havia conversas sobre o quadro.

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