
A cultura brasileira perdeu neste domingo (20) uma de suas vozes mais carismáticas e plurais. Preta Gil, cantora, atriz, apresentadora e empresária, faleceu nos Estados Unidos após uma longa e intensa batalha contra o câncer. Filha do ícone da MPB Gilberto Gil e de Sandra Gadelha, Preta construiu uma trajetória que atravessou gerações, estilos e formatos, sempre com autenticidade e paixão.
Nascida em 8 de agosto de 1974, no Rio de Janeiro, Preta Maria Gadelha Gil Moreira cresceu rodeada por referências da música brasileira. Além do pai, tinha como tio Caetano Veloso e como madrinha a lendária Gal Costa — uma convivência que moldou sua sensibilidade artística desde cedo. Em sua biografia oficial, Preta é descrita como uma criança “atenta a tudo que estava à sua volta, cercada de cores, sabores e sons da ‘geléia geral’ da cultura musical brasileira”.
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Apesar de viver desde pequena no universo da arte, Preta assumiu publicamente a carreira de cantora apenas aos 29 anos, após enfrentar seus próprios medos e inseguranças. Seu disco de estreia, Prêt-à-Porter, foi lançado em 2003 e marcou o início de uma jornada musical diversa, marcada por liberdade estética, temas pessoais e muito afeto com o público.
Preta não se limitou à música. Foi também atriz, apresentadora e fundadora da Music2Mynd, empresa voltada para estratégias de marketing artístico e digital. Em todas essas frentes, se destacou por defender a pluralidade, a representatividade e os direitos das mulheres, das pessoas negras e da comunidade LGBTQIA+.
A luta contra o câncer
O câncer entrou na vida de Preta como um terremoto. No primeiro diagnóstico, chegou a enfrentar uma sepse durante o quinto ciclo de quimioterapia — um episódio grave em que ficou inconsciente por quatro horas e precisou ser reanimada. Passou 20 dias na UTI. Mesmo diante das adversidades, seguiu com o tratamento e manteve o público informado com coragem e transparência.
Em abril de 2023, precisou lidar com outro baque: o fim de seu casamento com Rodrigo Godoy, após descobrir uma traição. Apesar da dor emocional, manteve-se firme. No mês de agosto do mesmo ano, passou por uma histerectomia total abdominal para retirar o tumor e, na época, celebrou a remissão da doença com entusiasmo.
Em novembro, passou por uma cirurgia reconstrutiva para remover a bolsa de ileostomia e recuperar o funcionamento intestinal. Já em dezembro, compartilhou uma das notícias mais aguardadas por seus fãs: estava livre do câncer.
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Recidiva e ida aos Estados Unidos
Infelizmente, a alegria durou pouco. Em agosto de 2024, Preta anunciou a volta da doença, agora em estágio mais agressivo. Em setembro, revelou que teve que amputar o reto como parte do novo tratamento. Em busca de alternativas mais eficazes, embarcou para os Estados Unidos, onde foi submetida, em dezembro, a uma cirurgia de 21 horas para a retirada de tumores em quatro partes diferentes do corpo. A complexidade do procedimento exigiu sedação prolongada e, posteriormente, o uso de uma bolsa de colostomia definitiva.
Mesmo diante de um quadro delicado, Preta não desistiu. Em janeiro, ainda internada, seguia confiante. Já com os recursos terapêuticos esgotados no Brasil, voltou aos EUA em busca de uma última chance, apostando em um protocolo experimental em Washington.
Mas, após meses de batalha, seu corpo não resistiu.
Um legado de força, arte e afeto
Preta Gil parte aos 50 anos, deixando um legado que vai muito além da música. Sua história é de coragem diante das adversidades, de amor-próprio, de generosidade com os fãs e de uma presença luminosa que jamais passou despercebida. Sua voz silenciou, mas seu nome continuará ecoando em cada palco, tela e coração que ela tocou.
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