
O que era para ser um momento de descontração em um show acabou se transformando em alvo de denúncia e debate sobre respeito e direitos das pessoas com deficiência.
O cantor e compositor Natanael Cesário dos Santos, conhecido pelo nome artístico Nattan, está no centro de uma representação protocolada no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) por conta de um episódio registrado no início deste mês.
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O caso aconteceu em 2 de agosto, durante a tradicional Festa de Agosto, em São Lourenço da Mata, Pernambuco. No palco, Nattan chamou ao centro uma mulher com nanismo, interagiu com ela diante do público e, em seguida, ofereceu R$ 1 mil para que um homem da plateia, que trabalhava como cinegrafista do evento, lhe desse um beijo. As cenas foram gravadas e rapidamente se espalharam pelas redes sociais.
De acordo com o Centro Brasiliense de Defesa dos Direitos Humanos (CentroDH), a conduta do artista ultrapassou o limite do entretenimento e configurou discriminação contra pessoa com deficiência, prática conhecida como “capacitismo recreativo”, quando características físicas ou condições de saúde são usadas como objeto de humor ou constrangimento público.
As imagens mostram Nattan levantando a mulher, colocando-a sobre um caixote e convidando o cinegrafista para beijá-la. “Ele pode até perder o emprego, mas os mil reais ele não perde”, afirmou o cantor no microfone, arrancando risos de parte da plateia. Posteriormente, o vídeo foi postado nas redes do próprio artista com a legenda “BEBÊ REBORN saliente da gota”, expressão que também gerou críticas.
O cinegrafista envolvido, identificado como Marcos Ferreira, publicou em seu perfil o mesmo registro com a frase: “Quando o beijo vale mil e ainda vem com risada e bolso cheio… Aí sim é trabalho com gosto”. Para entidades ligadas à causa da pessoa com deficiência, o conteúdo expôs a mulher ao ridículo e reforçou estereótipos prejudiciais.
Na representação apresentada ao MPDFT, o CentroDH pede a abertura de inquérito civil e criminal para apurar responsabilidades. A entidade também solicita reparação coletiva por danos morais e destinação de eventual indenização a uma campanha nacional de combate ao capacitismo.
Entre as medidas sugeridas, está a obrigatoriedade de o artista produzir e divulgar, por um período determinado, conteúdos educativos sobre valorização e respeito às pessoas com deficiência. O documento ainda pede que sejam adotadas ações preventivas para evitar a repetição de condutas semelhantes em eventos públicos.
A Associação Nanismo Brasil (Annabra) também se manifestou sobre o caso e anunciou que levará o episódio ao Ministério Público. Segundo a entidade, a situação expôs de forma desnecessária e constrangedora a participante do show, ferindo princípios constitucionais como a dignidade da pessoa humana e a igualdade.
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A denúncia agora será analisada pelo MPDFT, que decidirá se dará início à investigação formal. Até o momento, o cantor não se pronunciou oficialmente sobre as acusações.
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