Um grupo de fãs da cantora Anitta se reuniu no início da noite de ontem (23), na praça do Parque Shopping, em Belém, para realizar um flashmob da música “Envolver”, lançada em novembro do ano passado. O movimento nacional organizado pelos fãs da artista busca elevar a canção para a liderança das músicas mais tocadas no mundo. Nesta quinta (24), a música atingiu o top 2 do chamado Top Global do Spotify.
Para alcançar o objetivo, os fãs decidiram reproduzir a coreografia da música no meio da praça do shopping. Por ser uma dança sensual, o movimento atraiu diversos frequentadores do espaço, que não deixaram de registrar o evento. “É interessante. Eu, particularmente, só tinha visto pela televisão essas ações de fãs por algum artista. É legal quando está perto da gente, pra ver que esse público gosta mesmo do artista”, comentou a vendedora Bárbara Lopes, de 31 anos, que parou para assistir à performance dos fãs.
A ideia do flashmob surgiu de uma fã brasileira e rapidamente se espalhou pelo país. O evento ocorreu, de forma simultânea, também nas cidades de São Paulo, Vitória, Recife, Fortaleza, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. Em Belém, a organização ficou por conta de Gabriel Sarmanho, presidente do fã-clube Paraenses da Anitta, criado há 2 anos.
“Depois da gravação do vídeo, vamos mandar para a produção da Anitta, que vai juntar os outros vídeos e mostrar para ela. E quanto mais a gente escutar, a música vai crescendo”, disse Gabriel. “Tudo isso porque ela representa muito pra gente. É muito amor. Ela é um incentivo com tudo que ela já alcançou. Já a conheci pessoalmente e amei!”, acrescentou.
“Envolver”, cantada em espanhol, foi lançada em novembro do ano passado e inesperadamente só agora se tornou um hit mundial, passando à frente de outros lançamentos mais recentes da cantora, como “Boys Don’t Cry”. A música alcançou mais de 64 reproduções nas plataformas digitais, enquanto o videoclipe, também divulgado no dia 11 daquele mês, até ontem recebeu quase 69 milhões de visualizações no YouTube.
A coreografia é um dos conteúdos que mais chama a atenção do público. De todas as idades, as pessoas estão dançando o hit que é, basicamente, o ato de se apoiar no chão de bruços e rebolar, movimento típico da cantora. Mas, que nem sempre agrada.
“É só pra quem gosta mesmo. Essa cantora tem essas danças assim, mais provocantes. Mas, ela é artista. Acho estranho quando outras pessoas imitam, ainda mais assim, em público. Tem que ter muita coragem pra se jogar no chão e rebolar na frente de todo mundo”, opinou a contadora Regina dos Santos, de 37 anos, ao olhar o grupo no shopping.
No entanto, Andrea Cardoso, de 20 anos, integrante do fã-clube na capital paraense, não se intimidou ao chegar às 16h no shopping e começar a treinar a dança para o momento da gravação. “É aparentemente fácil, mas tem muita sensualidade e é preciso ter cuidado com o piso. Chega a ser prazeroso participar desse grupo aqui nesse momento. Afinal, as músicas da Anitta sempre fazem sucesso também por conta das coreografias. E todo mundo pode dançar, é para se divertir”, comentou a jovem.
EL PASSO DE ANITTA
Aliya Brinson. Esse é o nome da bailarina responsável pelo passo inusitado de “Envolver”, principal motivo para o sucesso do que hoje é conhecido como “el paso de Anitta” em países como México, Argentina, Colômbia e EUA, lugares que mais têm consumido o clipe da cantora no YouTube. De olho na produção de colegas gringos, Anitta contatou a dançarina americana - que já fez trabalhos para Nicki Minaj e
Chris Brown - e encomendou uma “coreografia que parecesse um momento íntimo, forte e sensual entre duas pessoas”, como ela define. O plano deu certo.
“Queria que a coreografia falasse tanto quanto a música. Brinco que quando assisti ao clipe fiquei sem ar”, exclama Anitta, antenada com uma mania da internet: a reprodução de dancinhas, por meio de vídeos, no Tik Tok.
Diretor geral da Sony/ATV no Brasil, que cuida das composições de Anitta, Aloysio Reis diz que a equipe da artista pode até “levantar o troféu”, mas que o mérito é exclusivo da funkeira. Se “Envolver” não estivesse agora entre as músicas mais ouvidas no mundo, certamente o próximo lançamento dela figuraria nesse ranking, ele acrescenta. Isso porque Anitta não cansa de conseguir mais, utilizando o que está em alta (como as tais dancinhas do Tik Tok) a seu favor.
Para o profissional, que trabalha como editor da artista, o fato de “Envolver” ser cantada em espanhol, e não em inglês, não explica o estouro. “Obviamente, ‘Envolver’ é uma música pegajosa com coreografia provocante. Mas não é isso que a colocou no top 10 das músicas mais ouvidas”, diz Aloysio Reis. “Anitta talvez seja a artista brasileira que mais tenha trabalhado, nos últimos anos, para se transformar numa figura de projeção global. Há aí um processo cumulativo que resulta nisso. Nada mais natural, portanto, que ela alcance o top 10. Ela chegou nesse estágio”, elogia.
REBOLA
De repente, Anitta apoia as mãos no chão, empina o tronco e, enquanto se sustenta com os braços flexionados, rebola o quadril. A cena atiçou meio mundo. Do Japão ao Havaí, gente de todas as idades tenta reproduzir - em vídeos publicados nas redes sociais - o trecho da coreografia que embala o clipe da música “Envolver”. Dirigida pela própria Anitta, a performance com uma pitada erótica impulsiona, agora, o passo mais largo dado pela artista no exterior.
“Existe, sim, uma inteligência por trás. Cada lançamento em sua estratégia. Com ‘Envolver’ não foi diferente”, explica Anitta. “Foi feito muito investimento de tempo em criação, divulgação, planos de marketing... Fico muito feliz que o resultado esteja sendo colhido”, comemora.
Escrita pela própria Anitta em parceria com os colegas hispano-americanos Julio M. Gonzales Tavarez, Freddy Montalvo e José Carlos Cruz, “Envolver” quase não saiu do papel. Gravadora responsável pela obra da funkeira, a Warner Records resistiu em levar a letra para os estúdios. “Disseram que a música não iria a lugar nenhum e que eu não teria forçar para lançar isso sozinha”, revelou a cantora aos fãs.
Em comparação às outras realizações da artista, “Envolver”, de fato, é um produto modesto. Não há a participação de vozes consagradas nos Estados Unidos, coisa que ela fez em “Me gusta” (com Cardi B e Myke Towers) e “Sim ou não” (com Maluma), só para citar alguns exemplos. O clipe também não foi dirigido por medalhões da área. Mas isso não deveria ser uma surpresa.
“Tô curtindo demais esse momento. Ele é único para mim e para o nosso país. Fico extremamente grata aos meus fãs e a todos que estão ouvindo a música ‘Envolver’ fora do Brasil, de onde vem a maior parte dos plays”, celebra Anitta. “Confesso que todos os vídeos eu tenho adorado. Já vi (gente reproduzindo a coreografia) na rua, embaixo d’água, no mercado, em flashmobs... É muito divertido! Continuem, por favor!”, convoca a cantora.
*Com O Globo
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