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MÚSICA

Adamor do Bandolim: 75 anos de música

Para o músico e compositor Adamor do Bandolim, a música é seu arado - é com ela que semeia, cultiva, planta. E colhe. A metáfora é descrita por ele em uma singela conexão com suas lembranças do tempo em que habitava o interior da Amazônia, na cidade de An

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Para o músico e compositor Adamor do Bandolim, a música é seu arado - é com ela que semeia, cultiva, planta. E colhe. A metáfora é descrita por ele em uma singela conexão com suas lembranças do tempo em que habitava o interior da Amazônia, na cidade de Anajás, na Ilha do Marajó, já que foi lá que seu pequeno roçado de sons começou a se formar. Aos oito anos, via o pai comprar vinis e os escuta-va, num tempo em que sequer energia elétrica tinha no município.

“Sou do interior, onde tem agricultura e lavra de terra. O lavrador cuida, toca fogo, arranca os tocos, planta para colher depois, faz a colheita. O meu roçado é a música e nela semeio e a inspiração vem de diferentes modos. Conheço muito a vida do homem da roça, do campo, e me identifico”, ilustra suas referências entre a terra e as sonoridades.

Um artista foi especial: Garoto, a quem o então menino imaginava que fosse mesmo apenas um garoto da sua idade e pensava: “Se ele pode tocar, eudade e o desconhecimento de que na verdade tratava- se do violonista Aníbal Augusto Sardinha foi marca germinal para que Adamor escolhesse, ainda na infância, o caminho da música. Amanhã, ele completa 75 anos e se orgulha da trajetória autodidata. Conta cerca de 90 composições, 75 já gravadas.

A celebração do aniversário conta com o lançamento de mais um disco na carreira, “Minha Lavra”, ao lado do regional Engole o Choro, por meio do programa Itaú Cultural, com 13 faixas não só de chorinho, mas também lundu, polca, frevo, marchinhas, merengue e “ritmos amazônicos” - deixa em aberto Adamor.

Essa diversidade também é fruto da sua experiência primeira com a música, ainda nos tenros anos, quando ouvia bandas tocarem ao vivo ritmos dançantes em bailes do interior. A paixão pelo bandolim veio, inclusive, após ele ter visto um outro músico tocar.

"Me inspiro no caboclo alegre, que gosta de dançar essa música afobada. Na minha época não tinha bolero, essas coisas, era mais nas serestas. Eu via os músicos tocando banjo, clarinete, viola, e quis tocar também. Quando ouvia Pixinguinha na vitrola, ficava impressionado com o som que saía. E eu era muito curioso. Comecei tocando banjo, que era meu tio que fazia, e depois cavaquinho. Mas com 16 anos fui para Macapá e vi o Amilar Brenha tocando bandolim. foi quando abandonei o cavaquinho e só comecei a tocar bandolim”, relembra.

O instrumento se sobres-saiu tanto em sua experiência, que ele mesmo se intitulou Adamor do Bandolim. Ele conta, com tom de reclamação, que diversas vezes era chamado a tocar violão ou cavaquinho ou banjo. E já não queria mais. A vontade e a habilidade eram totalmente para o bandolim. “Diziam: ‘chama o Adamor para tocar’. Até que um dia eu disse: ‘sou o Adamor do bandolim, do bandolim’, e assim ficou. Sou grato a esse tempo todo de música. Fui funcionário público por muitos anos, agora voltei a tocar à noite, quando posso, pois perdi a visão de um olho. A vida é um eterno aprendizado”, comemora.

SEM PARTITURA, MAS COM A EXPERIÊNCIA PARA DAR E VENDER ÀS NOVAS GERAÇÕES

Uma das marcas dos trabalhos do bandolinista é compor canções em homenagem às pessoas que o circundam. Familiares, os sete filhos e 11 netos, sobrinhos e amigos da cena musical nomeiam parte de suas composições - que são feitas sem pressa, conforme suas inspirações no dedilhar. “‘Vanessa’ é uma polca para a menina que fez a minha biografia. ‘Gisele’ é uma das minhas filhas, ‘Jasmine’ e ‘Mimosinha’ são minhas netas. ‘Luanny’ é uma moça que toca samba muito bonito. Fiz para ela uma marcha-rancho,aquelas famosas de carnaval de salão”, diz, orgulhoso.

CHORO DO PARÁ

Adamor dedica boa parte de sua experiência também para ensinar. ele nunca frequentou escola, tampouco teve aulas com nomes importantes do instrumento. Não sabe ler nem escrever partitura, mas isso não diminui a sua habilidade magistral de passar às novas gerações seus conhecimentos. E isso o anima. Ele faz parte do projeto Choro do Pará, de onde surgiu o regional que o acompanha, o “Engole o Choro” - composto por Luanny Ferreira (flauta transversal), Kaue Lobato (violão de 7 cordas), Hewerton Barros (violão 7 cordas), Igor Sampaio (cavaquinho) e Edimar Silva (pandeiro). “A gente vai tocando e enquanto tiver choro, a gente vai engolindo”, brinca.

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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