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O EMO VIVE 🖤

Você foi emo? Relembre a estética do movimento cultural que marcou gerações

O movimento emo marcou os anos 2000, sua evolução e impacto nas gerações, revelam como ele continua vivo e relevante na cultura atual.

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Imagem ilustrativa da notícia Você foi emo? Relembre a estética do movimento cultural que marcou gerações camera ​Foto: Reprodução / Redes sociais

Franjas caídas sobre os olhos, lápis de olho carregado, pulseiras de rebite e all-star surrado. Nos fones, o grito melódico de My Chemical Romance, NX Zero, Paramore, Evanescence e Fresno. No peito, sentimentos à flor da pele. O emo foi muito mais do que um estilo ou um gênero musical — foi uma forma de existir e sentir. Para muitos, “não era só uma fase”, e Belém soube provar isso ao longo dos anos.

Nos anos 2000, enquanto o dance-pop e o trance dominavam as rádios, um movimento mais visceral ganhava espaço entre os jovens. O emo explodia com letras sobre amores não correspondidos, crises existenciais e a intensidade da juventude. Em São Paulo, a cena floresceu primeiro, mas logo chegou ao Norte. Na capital paraense, as praças do CAN, no Santuário de Nazaré, e da República, na Presidente Vargas, tornaram-se refúgios de quem se identificava com essa estética e sonoridade. Lá, entre conversas, trocas de CDs e ensaios de Free Step — a dança que se popularizava ao som de batidas eletrônicas: nascia a comunidade emo de Belém do Pará.

Um estilo de vida

Jean Karlo, que hoje tem 33 anos e trabalha como suporte técnico, era um dos muitos adolescentes que lotavam esses encontros aos sábados à tarde. “Descobri o emo pela antiga MTV, vendo clipes do My Chemical Romance, Fall Out Boy, Glória e Fresno. Me identifiquei de cara. As letras falavam de amor e dos dilemas da juventude daquela época”, relembra.

Da direta para a esquerda, Jean Karlo e amigos
📷 Da direta para a esquerda, Jean Karlo e amigos |Divulgação/Arquivo Pessoal

E esses encontros iam além da música. Os jovens compartilhavam angústias, falavam sobre relacionamentos e montavam looks emblemáticos. “O visual era parte essencial”, conta Jean. “Comprávamos roupas no comércio de Belém, mas também customizávamos. Cinto xadrez, camisa de banda e all-star eram obrigatórios.” Mas ser emo também significava enfrentar preconceito. “A sociedade não entendia. Os jornais deturpavam o movimento, como o Fantástico fez na época. Lidávamos com isso sendo nós mesmos.”

Fernanda Souza Soares, universitária de 26 anos, viveu o emo de uma forma mais introspectiva. Sem poder frequentar os encontros, absorvia tudo pelo MP3. “Meu irmão assistia muito MTV, e foi assim que conheci o movimento. Na época, passei pela separação dos meus pais e algumas músicas, como as do Simple Plan, me ajudaram a extravasar meus sentimentos.”

Fernanda Souza Soares
📷 Fernanda Souza Soares |Divulgação/Arquivo Pessoal

A Trilha sonora de uma geração

O DJ Mizinho Rodrigues, que há 19 anos toca profissionalmente, acompanhou de perto a transição do emo para outros gêneros. “Na época, o público era jovem, de 16 a 21 anos. As músicas mais pedidas eram Evanescence, Panic! at the Disco e My Chemical Romance. As meninas iam para os eventos imitando a Amy Lee”, conta.

DJ Mizinho Rodrigues
📷 DJ Mizinho Rodrigues |Divulgação/Arquivo Pessoal

Mas a cena mudou com o tempo. Muitos fãs migraram para o indie rock e o electro rock. “O emo meio que antecipou essa era indie. As bandas foram acabando ou os vocalistas seguiram carreira solo. Mas, durante a pandemia, com o crescimento das lives, o emo ressurgiu com força e trouxe muitos eventos e retornos especiais”, observa Mizinho. Hoje, ele só toca esse estilo em festas temáticas.

O Emo nunca morreu

Mesmo após quase duas décadas, a cultura emo segue viva. Para alguns, em forma de nostalgia. Para outros, como uma redescoberta. “O emo voltou a estar na moda”, afirma Jean Karlo. “Agora, a nova geração se manifesta em redes como o TikTok e é mais aberta a outros estilos musicais, algo que não existia antes.”

Fernanda concorda: “Ano passado, fui ao festival I Wanna Be Tour e senti a cena renascer. Muitas bandas voltaram para despedidas especiais. Ver jovens de hoje se caracterizando como há quase 17 anos é nostálgico e emocionante.”

O emo não foi só um gênero musical, nem uma estética passageira. Para quem viveu, foi um refúgio, uma identidade, um jeito de sentir o mundo com intensidade. E para quem ainda canta as mesmas letras com a mesma emoção de antes, a certeza: o emo não morreu. O emo vive.

A emoção continua viva nos palcos

Um dos maiores exemplos desse resgate é a banda Emovive, que leva no nome a missão de manter o espírito emo vivo. Marina Morais explica que o projeto nasceu do desejo de reviver a intensidade emocional da época e celebrar as bandas que marcaram gerações. “A gente acredita que o emo nunca morreu. Ele apenas evoluiu e se adaptou às novas gerações. O movimento começou nos anos 80, teve um auge nos anos 2000 e agora volta com força por causa das redes sociais”, conta.

Os shows da banda são um verdadeiro portal para o passado, reunindo fãs de diferentes idades. “Tem muita gente que viveu o auge do emo e quer reviver essa sensação, mas também tem uma galera mais jovem que descobriu o emo pela internet e se identifica com a sonoridade e as letras. Isso mostra como o emo atravessa gerações e continua fazendo sentido”, diz Marina.

Hoje, a faixa etária do público da Emovive varia entre 18 e 40 anos. “O legal é que essa mistura acontece naturalmente. Tem gente que está ali pelos velhos tempos e tem aqueles que encontraram recentemente no emo uma forma de expressão e identidade”, comenta.

Para a vocalista, ver novas gerações se conectando com músicas que marcaram os anos 2000 é algo especial. “É emocionante! A gente cresceu ouvindo essas músicas e vê-las tocando a galera nova da mesma forma que nos tocavam lá atrás prova que o emo não foi só uma fase, como muita gente dizia”, afirma.

Banda EmoVive
📷 Banda EmoVive |Divulgação/Arquivo Pessoal

A estética também passou por transformações, mas sem perder sua essência. “Os elementos icônicos – franjas, roupas pretas, lápis de olho e calças skinny – ainda estão por aí, mas hoje vemos misturas e adaptações. O emo não é só um visual, mas um sentimento, e esse sentimento continua forte”, diz Marina.

Nos shows, o setlist é uma viagem ao auge do emo, com hits de Nx Zero, Pitty, Fresno, My Chemical Romance, Paramore, Simple Plan, Panic! At The Disco e outros clássicos que marcaram época.

Um olhar antropológico

Para entender essa resiliência, conversamos com a antropóloga Sônia Albuquerque, da Escola de Antropologia da UFPA, que analisa o emo dentro das subculturas juvenis. “O movimento emo se desenvolveu como um espaço de identidade e acolhimento para aqueles que se sentiam deslocados ou emocionalmente intensos. Como outras manifestações culturais juvenis, ele se estruturou a partir de elementos visuais, musicais e comportamentais que reforçavam o senso de pertencimento entre seus participantes”, explica.

Antropóloga Sônia Albuquerque
📷 Antropóloga Sônia Albuquerque |Divulgação/Arquivo Pessoal

Nos anos 2000, o Brasil viveu uma explosão emo. Bandas nacionais como Nx Zero, Fresno e Restart dominavam as rádios e programas como MTV Disk e Domingo Legal, enquanto os grupos internacionais lotavam shows e festivais. “O impacto das redes sociais emergentes e das plataformas de compartilhamento de música ajudou a difundir o emo pelo país. A juventude daquele período passava por mudanças subjetivas, valorizando a expressão emocional e a individualidade, algo central na estética e na musicalidade emo”, analisa Sônia.

Mas junto com a popularidade veio o preconceito. O movimento foi ridicularizado, seus adeptos foram estereotipados e, com o tempo, o emo saiu dos holofotes. “A recepção do emo foi ambígua. Muitos jovens foram ridicularizados por sua aparência e por demonstrarem sensibilidade emocional. Isso fez com que alguns reforçassem sua identidade emo como forma de resistência, enquanto outros passaram a rejeitá-la para evitar o estigma social”, completa a antropóloga.

Confira a playlist Emo, sucesso nos anos 2000

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