Um esporte originado nas periferias e que necessita basicamente de uma bola e um espaço aberto onde as equipes são separadas por linhas. O objetivo e atingir o adversário, e através do popular "queimou" ou "morreu" avisar o triunfo até que todos saiam do jogo. Essa é a queimada, que por ser muito praticada por membros da comunidade LGBTQIA+ também ganhou o nome de Gaymada.
A bandeira colorida do orgulho tremulou na tarde deste domingo, 31, na Aldeia Cabana Amazônica David Miguel, com o Torneio de Gaymada LGBTQIA+ de Belém.
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O evento organizado pelo Grupo Homossexual do Pará (GHP), com a parceria da Prefeitura Municipal de Belém (PMB), foi realizado com oito equipes de diferentes bairros de Belém.
A ideia da atividade é incentivar o lazer, o esporte e a sociabilidade da comunidade LGBTQIA+. O evento contou com o apoio direto da Secretaria Municipal de Esporte, Juventude e Lazer (Sejel) e da Coordenação de Diversidade Sexual (CDS).
Muita animação
Uma das sensações do torneio de Gaymada foi a equipe do Outeiro intitulada: “As Afrontosas”, que participou da competição pela primeira vez. Mesmo sem chegar à final o time levantou o público da Aldeia.
O participante Renan Santos, 23 anos, fez com que toda o público gritasse pelo seu time ao segurar muitas boladas à queima-roupa. A cada lance que a bola era segurada, ele desfilava na quadra com direito a beijinho no ombro.
“Essa é a primeira vez que participo de um torneio. Para mim é uma honra e para o meu time também. Eu jogo queimada desde os 15 anos. Para mim esse momento é importante porque a gente fica mais respeitado pela população, temos que enfrentar a homofobia, e por isso vim aqui hoje”, declarou.
O líder das Afrontosas Adriano Charles, 29 anos, também ficou orgulhoso da participação do time do Distrito do Outeiro, que começou a ser montado há apenas dois meses.
“Tudo começou como uma brincadeira de rua para nos unir. Do nada veio um olheiro, chegou ao movimento LGBT de Outeiro e disse que ia ter o torneio. Viemos para matar a curiosidade”, contou. O time ficou satisfeito com o resultado, já que enfrentou outros times muito mais experientes.
O torneio foi planejado a partir do momento que a coordenação da Parada LGBTQIA+ de Belém resolveu não realizar o desfile por causa da pandemia do novo coronavírus. Os organizadores resolveram adiar o evento, que reúne aproximadamente 600 mil pessoas em Belém, para o próximo ano. O torneio foi uma forma para a comunidade festejar e confraternizar.
Grande sucesso
Na avaliação de um dos coordenadores da Parada LGBTQIA+ e do GHP, Eduardo Benigno, o evento superou as expectativas. “Superou todas as expectativas, a Aldeia Cabana está animada, lotada, os times estão participando. A gente criou esse evento para celebrar o orgulho LGBT, já que a gente não pode fazer a Parada. A gente resolveu fazer através do fomento do esporte e do lazer, e da cultura, porque não dizer esse torneio para todo mundo poder sociabilizar, participar e celebrar o orgulho”, ressaltou.
A secretária municipal de Esporte, Juventude e Lazer (Sejel), Carolina Quemel, enfatizou que a promoção do esporte e do lazer para a comunidade LGBTQIA+ é uma forma de garantir direitos e caminhar rumo a uma sociedade mais tolerante e plural.
“A Sejel está aberta para apoiar a comunidade LGBTQIA+ sempre que possível. A Aldeia Cabana é um espaço de todo o povo de Belém. Todos e todas têm direito ao esporte, de serem incluídos e respeitados na sua diversidade. Ficamos felizes em contribuir com uma comunidade tão alegre, orgulhosa e que luta diariamente para superar preconceitos”, afirmou.
Orgulho LGBTQIA+
Segundo Eduardo Benigno, a ideia é organizar um novo torneio em 2022 como parte da programação da Parada do Orgulho LGBTQIA+.
“Esse apoio é de suma importância tanto do Governo do Estado quanto a Prefeitura de Belém, os apoiadores desse evento. Ambos têm coordenadorias ou gerências de promoção da população LGBTQIA+,que estão aqui conosco e é importante para que possamos juntos estarmos em uma corrente do bem, do respeito e de políticas públicas para a nossa comunidade”, garantiu.
O evento conta ainda com o apoio de vários órgãos como a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), Guarda Municipal de Belém (GMB), Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob), Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) e Secretaria Municipal de Coordenação Geral do Planejamento e Gestão (Segep).
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