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MATEMÁTICA

Cálculo estima possíveis surtos de Covid na Copa América

24 jogadores brasileiros defenderão o título da competição nas próximas semanas.

Imagem ilustrativa da notícia Cálculo estima possíveis surtos de Covid na Copa América camera Casemiro é o capitão da Seleção | Lucas Figueiredo/CBF

O novo coronavírus continua espalhado pelo mundo, uma das preocupações de contagio é a aglomeração de pessoas, principalmente vinda de lugares diferentes.

A Copa América desembarca no Brasil com 28 partidas e nove seleções estrangeiras, com até 65 pessoas em cada uma das delegações. A América do Sul, diferentemente do restante do mundo, que vê disseminação do coronavírus desacelerar, passa por uma explosão de casos de Covid-19 e é há meses o epicentro da pandemia.

Baseado nisso, o médico epidemiologista, matemático e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Eduardo Massad, calcula os riscos do evento no Brasil.

"O impacto sanitário direto do torneio é pequeno, mas pode deflagrar surtos de infecção entre os atletas participantes. Esses surtos podem vazar para a população geral, o que seria altamente indesejável neste momento [de recrudescimento a pandemia]. O grande risco, entretanto, deve-se à grande possibilidade de aglomerações [de torcedores em bares, por exemplo], como já se observa em outros campeonatos por todo o país", afirma ele.

Massad fez, a pedido do jornal Folha de S.Paulo, um estudo que usa modelos matemáticos para calcular os riscos da realização do torneio no país. Ele traça dois níveis de perigo, um para os diretamente envolvidos na competição, como os jogadores, e outro para a população brasileira.

Ele parte da probabilidade de indivíduos estarem com o coronavírus ativo, mesmo que assintomáticos, em cada um dos países que virão ao Brasil. Usando de exemplo a Argentina, que tem 44,9 milhões de pessoas para 2,1 milhões de infecções ativas atualmente, essa probabilidade é de 4,7%. A partir disso, ele calcula o número de infectados entre 100 viajantes (estimativa de delegação + jornalistas), o que, no caso dos argentinos, resultaria em 5 pessoas com o vírus.

Somando a projeção de cada uma das nove delegações que virão ao Brasil, Massad chega a 27 casos esperados no torneio. Esse número, multiplicado pela taxa de reprodutibilidade do vírus no Brasil, aponta para possíveis infecções decorrentes.

"No momento, o Brasil tem reprodutibilidade [do vírus] de 1,28. Portanto, poderíamos esperar 35 novos casos de infecção [1,28 x 27], sendo que cada uma dessas infecções produziriam outras 1,28 novas infecções, deflagrando-se um surto de proporções muito maiores", explica Massad.

"São aproximações que servem de orientação para a estimativa da ordem de grandeza do risco sanitário".

O protocolo de testagem constante antes e durante o torneio pode diminuir o impacto de importação de casos para o Brasil, mas não anula os riscos de um surto causado por aqueles que estejam assintomáticos ou na janela virológica não detectável, afirma o médico.

Ele ainda alerta para um outro risco, o de exportação do vírus. Atualmente, o Brasil abriga diversas cepas do novo coronavírus, como as variantes de Manaus e Índia. Há, portanto, também a possibilidade de que tais mutações sejam levadas para outros países após o término do torneio.

No futebol profissional (séries A até D do Brasileiro e Copa do Brasil), teremos pelo menos 321 jogos de 13 de junho e 10 de julho, período de disputa da Copa América. A competição sul-americana adicionará 28 partidas a esse calendário, o que traz um risco adicional de infecções de quase 10%, segundo Massad.

Não há disputa da Copa Sul-Americana ou da Libertadores, que serão retomadas apenas após o fim do campeonato das seleções.

Nesse cenário, ainda é preciso acrescentar mais um elemento: os deslocamentos entre os locais que vão receber as partidas, que segundo ele são um risco não desprezível de espalhamento da infecção.

"Um dos grandes equívocos do ponto de vista sanitário é a permissão para a realização de torneios esportivos [de qualquer tipo], os quais representam um grande risco neste momento pelo qual atravessa o país", diz o médico e matemático.

André Pedrinelli, coordenador operacional da Copa América, afirmou que haverá 1.100 pessoas envolvidas no torneio, sendo 450 ligadas à Conmebol, distribuídas nas quatro sedes: Cuiabá, Rio de Janeiro, Brasília e Goiânia.Na quarta (9), o Rio de Janeiro tinha 92% de ocupação de UTIs, Cuiabá 87%, Distrito Federal 87% e Goiânia 83%.

Na última segunda-feira (7), menos de uma semana antes de o torneio começar, o Ministério da Saúde revelou os protocolos sanitários da competição. Os jogadores deverão ser testados com RT-PCR a cada 48 horas e não poderão sair do hotel, exceto para ir aos treinos ou por questão de saúde.

As seleções poderão treinar em seus países e vir ao Brasil apenas para o jogo, retornando na sequência, se assim quiserem, como fará a equipe argentina.

O protocolo também descartou a obrigatoriedade da vacinação, algo dito anteriormente como parte do acordo para receber o torneio no país. Por outro lado, sequer haveria tempo hábil para que todos os envolvidos fossem imunizados, explica Massad.

Todas as três vacinas aplicadas no Brasil atualmente (Pfizer, Astrazenica e Coronavac) precisam de duas doses para imunizar um indivíduo.

No cenário mais otimista, uma pessoa que recebesse a primeira dose no último dia 1º (quando o evento foi confirmado pelo governo federal) receberia a segunda dose 14 dias depois. O organismo ainda levaria um tempo após a última aplicação para estar imunizado.

Massad alerta que a imunização não elimina o risco de transmissão do vírus, apesar de reduzir os perigos para quem o contrai.

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