O que era para ser mais um grande espetáculo dentro das quatro linhas, em mais um um confronto digno das tradições de Brasil e Argentina, e que colocaria novamente frente a frente dois dos maiores jogadores do futebol mundial, Neymar e Messi,- que agora atual juntos no Paris Saint Germain - acabou se tornando um grande problema que pode levar a disputa para a esfera policial.
O duelo entre Brasil e Argentina pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo, na Neo Química, foi interrompido com apenas 7 minutos de partida após a entrada de agentes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no gramado. Após discussão no campo, que envolveu alguns atletas argentinos e profissionais do órgão sanitário, a equipe treinada pelo técnico Lionel Scaloni se encaminhou para os vestiários do estádio corintiano. Os brasileiros permaneceram no gramado.
Jogo interrompido
— CBF Futebol (@CBF_Futebol) September 5, 2021
🇧🇷 0x0 🇦🇷 | #BRAxARG #Eliminatorias
Em comunicado publicado pelo Twitter, a Conmebol confirmou a suspensão do jogo "por decisão do árbitro da partida". Ainda segunda a nota, o árbitro e o comissário da partida levarão um informa à Comissão Disciplinar da Fifa, que deverá determinar os próximos passos, de acordo com o regulamento. Horas antes do jogo, a Anvisa afirmou que atletas argentinos descumpriram regras de quarentena contra a Covid-19.
Em nota divulgada neste domingo (5), a agência disse que acionou a Polícia Federal e que os argentinos devem ser imediatamente isolados. Segundo a Anvisa, os atletas deram informações falsas e ocultaram que estiveram no Reino Unido nos últimos 14 dias. Viajantes que passaram recentemente por este e mais alguns locais (África do Sul, Irlanda do Norte e Índia) não podem entrar no Brasil, conforme regra adotada pelo governo Jair Bolsonaro para evitar a disseminação de variantes da Covid-19.
Por decisión del árbitro del partido, el encuentro organizado por FIFA entre Brasil y Argentina por las Eliminatorias para la Copa del Mundo queda suspendido.
— CONMEBOL.com (@CONMEBOL) September 5, 2021
"Diante da confirmação de que as informações prestadas pelos viajantes eram falsas, a Anvisa esclarece que já comunicou o fato à Polícia Federal, a fim de que as providências no âmbito da autoridade policial sejam adotadas imediatamente", disse a Anvisa.
Os atletas Emiliano Martínez, Emiliano Buendia, Giovani Lo Celso e Cristian Romero atuam em clubes da Premier League e estiveram no Reino Unido nos últimos dias. Eles só poderiam ter entrado no país para o jogo das Eliminatórias após 14 dias fora dos locais sob restrição. De acordo com a agência, há "notório descumprimento" das regras sanitárias.
"São quatro jogadores. Eles, ao chegarem em território nacional, apresentam a declaração de saúde do viajante. Neste documento não falava que eles passaram por um dos três países que estão restritos, justamente para a contenção da pandemia. Mas depois foi constatado que eles passaram pelo Reino Unido." disse, em entrevista à Globo, Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa.
Las Eliminatorias para la Copa del Mundo es una competición de la FIFA. Todas las decisiones que atañen a su organización y desarrollo son potestad exclusiva de esa institución.
— CONMEBOL.com (@CONMEBOL) September 5, 2021
"Chegamos nesse ponto porque tudo aquilo que a Anvisa orientou, desde o primeiro momento, não foi cumprido. Eles tiveram orientação para permanecer isolados para aguardar a deportação. Mas não foi cumprido. Eles se deslocam até o estádio, entram em campo, há uma sequência de descumprimentos", completa Barra Torres.
"Eu não tenho conhecimento da lei desportiva, não posso opinar sobre isso. O que sei do aspecto sanitário, é que esses quatro jogadores precisam ser deportados do Brasil. Serão autuados e multados por uma sequência de infrações sanitárias. A primeira infração foi não cumpri o isolamento, a anterior em responder de maneira fidedigna o questionamento do viajante, e agora jogando. Com mais de 500 mil mortos, no meio da pandemia, as ordens estão sendo descumpridas a mando não sei de quem", afirma o diretor-presidente da Anvisa.
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