Dono de um arsenal rico em talento, o que é visto e comprovado na compra de jovens das categorias de base por mercados atrativos da Europa, Ásia e do mundo árabe, hoje, o futebol brasileiro tornou-se uma espécie de centro de treinamento do planeta no que se refere à transição para equipes de ponta. Esse cenário é determinante para o fortalecimento do futebol de outros países e tornando menos competitivo o jogado em solo brasileiro.
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O radialista e cronista esportivo Guilherme Guerreiro, da Rádio Clube do Pará, aborda: “Eu não diria que o Brasil saiu da prateleira superior do futebol mundial. Em todas as grandes competições mundiais o Brasil é considerado favorito. Agora, que deixou de ser protagonista, pelo menos nas duas últimas duas décadas, isso é verdadeiro. O Brasil tem jogadores qualificados e de uma técnica apurada, tanto que muitos jovens talentos são levados para o futebol pelo mundo inteiro, principalmente para a Europa, que é hoje o maior palco do futebol do mundo”, explica.
Para Guerreiro, a questão tática tem muito a ver com a falta de protagonismo do futebol brasileiro: “No meu entendimento o Brasil perdeu essa força maior porque tem muita dificuldade de obediência tática. O atleta brasileiro tem um talento acima da média e talvez por isso não tenha a aplicação tática que outro tem. O futebol europeu adequou isso. Esse protagonismo foi perdido porque nós não nos habilitamos a outras situações do futebol. Hoje o futebol é físico, é propositivo, é tático. Tem várias configurações que precisam se somar”, analisa.
Profissionalismo
Hoje, o futebol brasileiro é composto por quatro divisões de disputa (Séries A, B, C e D), mas com apenas a elite dona de uma competição regular e limitada ao desempenho, investimento e resultado de um círculo restrito de 5 equipes como amplas favoritas em tudo o que disputam. Esse abismo entre agremiações é o reflexo da falta de profissionalismo e comprometimento geral no esporte, que culmina com a queda em todos os níveis.
O jornalista Kaio Rodrigues avalia: “Na minha visão, o que falta para a maioria de quem faz o nosso futebol (clubes e federações) é planejamento. Nosso calendário é desorganizado, com excesso de jogos. Os dirigentes são, em sua maioria, ultrapassados e que priorizam interesses pessoais ao invés de consolidar nosso futebol. Há a mentalidade do imediatismo, que as coisas são feitas da noite para o dia. E isso está na nossa imprensa também. O que dificulta um trabalho a longo prazo. É necessário tempo para uma evolução”, diz.
Kaio também destaca outro fator importante: “Nas categorias de base passaram a viciar os atletas, deixando o talento um pouco de lado para priorizar a força física. Há um atraso nas questões táticas, isso porque muitos treinadores ainda relutam em aceitar a modernização. Um treinador precisa saber trabalhar com os setores táticos, técnicos, físicos e emocionais. Falta mais estudo nas gestões e menos emoção. Ou seja, falta profissionalismo”, destaca.
O jornalista Júnior Cunha entende que o futuro canarinho é promissor. “O futebol brasileiro segue produzindo jogadores de alto nível e que abastecem os principais clubes da Europa. Nos últimos anos tivemos as saídas de Vinicius Júnior e Rodrygo para o Real Madrid, onde ambos são peças centrais do time do (Carlo) Ancelloti. Temos também jogadores como o Antony e o Gabriel Martinelli sendo destaques na Inglaterra, na principal liga nacional do mundo. Agora, neste início de 2023, estamos vendo o Endrick já com contrato firmado com o Real Madrid e o Andrey Santos, destaque do Vasco e da seleção sub-20 na conquista do Sul-Americano, indo para o Chelsea. Nessa de formação de jogador não vejo o Brasil perdendo o papel de país do futebol”, pontua.
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