Como se constroem os ídolos? Quais fatores são necessários para que um atleta alcance a categoria de entrar para a história de um clube? Para organizar melhor as ideias, vamos montar essa matéria através de tópicos. Nela falaremos do atacante Nicolas, de 31 anos, que deixou o Paysandu para defender as cores do Goiás e saiu de uma maneira conturbarda do Papão, o que irritou bastante os torcedores nas mídias sociais.
Antes de tudo, vamos entender como se cria um ídolo. No dicionário a palavra possui duas explicações. A primeira é de uma imagem que é objeto de culto e representa uma divindade. A segunda se refere a uma pessoa que é objeto de grande paixão ou admiração. Opa! Acho que Nicolas se encaixa nesse último contexto, mesmo com os sentimentos de concordância e discordância do torcedor bicolor por conta da sua saída do Papão.
Os ídolos do esporte são considerados “heróis”. É a figura de um padrão que une profissionalismo, paixão, determinação, prazer, esforço e alegria ao entrar em campo. Levando isso em consideração, a montagem da narrativa enquadra-se na série de ideias de modelos universais de idolatria aos heróis. Ela nos expressa que não basta o ato heroico em si – no caso do futebol, as vitórias, as realizações e os gols. O herói precisa preencher outras exigências como insistência, determinação, luta, honestidade e sacrifício para se solidificar.
Nicolas alcançou a categoria de ídolo no Paysandu?
Longevidade e títulos:
Quanto mais tempo um jogador atuar com a camisa de um time, mais afinco ele terá com o clube e seu torcedor. O atleta passa a compreender de uma melhor maneira as ambições da torcida e o que ela exige para que o guarde eternamente dentro do coração. Nicolas chegou em 2019 à Curuzu e pelo Paysandu atuou em 103 partidas, sendo 102 como titular, marcando 37 gols. Ele se tornou a maior referência da equipe de lá para cá.
A torcida se sentia representada por ele em campo. Principalmente pelo bom aproveitamento do atacante no clássico contra o Clube do Remo, onde marcou oito vezes em 15 jogos, obtendo seis vitórias, cinco empates e quatro derrotas, conquistando o título de campeão paraense de 2020 em cima do maior rival e o bicampenato sobre a Tuna em 2021. Vale destacar que é o maior artilheiro do século XXI do RexPa.
Técnica e/ou Raça?
Nicolas nunca foi habilidoso e mostrava bastante dificuldades com os pés. Seu jogo era brigador, daqueles centroavantes que trombam com os zagueiros e sua maior qualidade era o cabeceio. Assim, na maioria das vezes em que marcava, ele dava vitórias para o Papão. Entrega, mesmo em muitos momentos estando mal, nunca faltou e o torcedor bicolor não pode reclamar. Há quem diga que estava fazendo corpo mole para sair do clube. Veremos mais à frente.
Gols e golaços:
O balançar das redes é o momento mais importante e emocionante do futebol e isso a Fiel não pode queixar-se do atacante. Foram 37 gols, alguns lindos, outros importantes, como o do primeiro jogo da final da Copa Verde de 2019 contra o Cuiabá ou contra o Náutico, no jogo do acesso, na mesma temporada. Em ambos o objetivo do clube não foi alcançado, mas o camisa 11 fez a sua parte.
Nicolas marcou gols em semifinais de Copa Verde e Campeonato Paraense, além de belos tentos ao longo da trajetória pelo clube Alviceleste, como o de letra nos Aflitos pela Série C do Brasileiro, uma bola colocada na gaveta contra o Clube do Remo no Parazão 2020 e um de cabeça contra o próprio Leão, pelas semifinais da Copa Verde de 2019, onde os bicolores eliminaram o arquirrival.
Ingratidão?
Nicolas tem contrato com o Paysandu até o final de 2022, com multa rescisória de R$ 5 milhões. O acordo foi firmado em agosto de 2020. Não ter conquistado o acesso à Série B do Brasileiro de 2021 parece ter desmotivado o atacante na Curuzu. Tanto é que o jogador demonstrou publicamente o desejo de sair do clube, confirmando, inclusive, que procurou o Vasco da Gama.
O alto valor da multa rescisória criou vários empecilhos e ele acabou ficando no Papão, tanto na tentativa do Goiás, em março, quanto dos cariocas logo em seguida. Aliado a isso, o jejum de 15 partidas sem marcar pelo Paysandu fizeram a torcida desconfiar do "corpo mole" que supostamente o jogador vinha fazendo para que a diretoria encontrasse uma forma de liberá-lo para outra equipe. Antes do embarque da delegação bicolor para o jogo contra o Floresta-CE, ele chegou a ser empurrado e hostilizado por "torcedores".
A quebra do jejum chegou. Nicolas abriu o marcador para a vitória sobre o Santa Cruz-PE, fora de casa, e deixou o Paysandu na liderança do Grupo A da Terceira Divisão. Após o retorno para Belém, a confirmação de que o jogador iria defender as cores do Verdão Esmeraldino chegou. Ele vai assinar com o Goiás por empréstimo até o fim de 2022, com opção de compra, o que deixou parte da torcida magoada e irritada.
Conclusão
Nicolas é, sim, ídolo do Paysandu. Sempre defendeu as cores Alviceleste com garra e amor. Não foi à toa que a própria torcida deu o apelido de Cavani da Amazônia. Histórias possuem início, meio e fim. O término da narrativa entre Nicolas e o Papão pode não ter sido da maneira que o torcedor bicolor queria, mas tudo que ele fez, muitas vezes com elencos limitados ao seu lado, deve ser reconhecido e respeitado por todos.
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