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COMPORTAMENTO

Disputa olímpica reavivou sonho dos skatistas paraenses

Entre veteranos e novos praticantes, a opinião é que a visibilidade do esporte pode fazer crescer a vontade de participar, mas é preciso investir em uma estrutura mínima e derrubar muitos estigmas contra quem gosta

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Imagem ilustrativa da notícia Disputa olímpica reavivou sonho dos skatistas paraenses camera Kaillany é uma das novas praticantes do skate, que tem poucas pistas espalhadas pela capital | Wagner Almeida

Das ruas para as Olimpíadas. A trajetória do skate ganhou um capítulo à parte este ano, ao estrear no maior torneio esportivo do planeta. De quebra, garantiu ao Brasil duas medalhas de prata, uma delas da pequena Rayssa Leal, que, aos 13 anos, tornou-se a atleta brasileira mais jovem a ter uma conquista olímpica.

É a oportunidade de se respeitar a modalidade como uma grande atividade esportiva. Aqui no Pará, há mais de 30 anos, atletas lutam para fortalecer o skate. José Eduardo Sardo Mendes, 42 anos, mais conhecido como “Dudu do Skate” é um deles. Desde a década de 80 transita entre as pistas, vindo, em seguida, a fortalecer as entidades que hoje organizam o esporte no estado. “A luta vem de muito tempo. Nós vivemos numa sociedade que tem preconceito contra muitos esportes. E essa entrada nos jogos é como um tapa na cara dessa parcela. No skate temos campeões mundiais, olímpicos, pessoas de muito talento e dedicação ao esporte. E no Pará, a evolução do esporte é muito grande. Em 2008 realizamos o primeiro evento do circuito, unindo atletas de Belém, Macapá, Manaus. Sempre tivemos na frente de grandes realizações, mas na base de muito esforçoe dedicação”, conta.

Ao todo, são 34 anos dedicados ao skate, como participante e gestor público. “Passei 8 anos como assessor e coordenador de esportes radicais do município. Em 2013, no meu último ano como presidente da associação paraense, éramos 12.356 atletas, em 99 municípios. Esse é um número bem legal, porque a dificuldade de fazer o esporte aqui é bem grande. Visitamos todas as cidades para catalogar os locais no guia de pistas da revista 100% Skate. Isso é um documento bem legal para o esporte. Naquele momento vimos a necessidade de cada região”. Hoje, segundo ele, o Pará conta com três atletas profissionais: os skatistas Augusto Formiga, JoelcioBatman e Túlio Alberto.

As pistas mais utilizadas pelos skatistas estão na Praça Dorothy Stang, na Sacramenta, na Praça do Marex, na Orla de Icoaraci e ao lado do terminal rodoviário da UFPA, mas segundo ele, Belém ainda carece de uma pista com estrutura oficial. “Agora estamos pleiteando uma área olímpica no novo parque que será construído no Aero Clube. Uma área olímpica não significa só para profissionais, tem áreas de street pequenas, média, mini half. É disso que o atleta precisa para evoluir e o que estamos pleiteando”. Nos jogos olímpicos, a modalidade é dividida em duas categorias: o skate street, disputado em pistas que simulam áreas urbanas, como calçadas, subidas e descidas da rua, poucas transições, retas de 45º. A outra é skate park, que são disputados naqueles piscinões, os chamados “Bowl”. Além disso, os ateltas usam elementos do street, do half e do vertical, comorampas e corrimões.

PROJETOS

Hoje, a Federação Paraense de Skate é presidida por Mauro Marinho “Abelha”, 52, um veterano atleta, com quase 40 anos de esporte. “Em 1990, nós organizamos o primeiro campeonato em quadra coberta. Tivemos a presença de muitas atletas. Mesmo com a marginalização de sempre que o esporte sofreu, nós formamos muitos atletas de renome e respeitados, que vivem do esporte. No entanto, nos últimos anos, ocorreu um abandono explícito e por 10 anos a federação ficou fechada. Depois disso voltamos às atividades, em 2018, 2019 e 2020 fizemos o Circuito Ladeira e para esse ano devemos ter, em novembro, a realização do campeonato paraense, em três modalidades, street, long bord e banks”, que são disputados poratletas de vários estados”.

O Professor de turismo e Doutorando em desenvolvimento ambiental pela UFPA, José Maria Reis, 45, o “Zema”, é outro entusiasta do skate, que busca através de um grupo colaborativo, incentivar a prática, no bairro do Guamá, o mais populoso da capital paraense. “Criamos o projeto ‘Skate e Leitura’, que funciona no interior da Universidade Federal do Pará, mas conta com o apoio de toda comunidade. Basicamente, nós espalhamos leitura e informação para esses jovens. Temos parcerias com a própria universidade, com o Museu Emílio Geoldi, oferecemos vários tipos de conteúdo para que esse atleta possa não só ter contato com o skate, mas também com um universo de informações valiosas, como ciência, literatura, história”, explica. Ao todo, cerca de 30 pessoas participam das atividades.

O mais importante é sempre praticar

Hoje, para um atleta conseguir índice olímpico, ele precisa seguir um longo caminho e passar obrigatoriamente pelo Campeonato Brasileiro, o Oi Skate Total Urbe Open - o maior campeonato de skate da América Latina - e o Street League Skateboarding, torneio em nível global, disputado anualmente em Las Vegas, nos Estados Unidos. E quem deseja praticar o esporte, precisa desembolsar uma boa quantia financeira, até conseguir os aguardados patrocínios.

Ainda existem poucas pistas em Belém.
📷 Ainda existem poucas pistas em Belém. |Wagner Almeida

Um equipamento para iniciante custa em média R$ 500,00, mas podem variar até R$ 3.000,00, para os mais utilizados em campeonatos de nível nacional e internacional. São essas competições que despertam sonhos e alimentam o desejo de milhares de praticantes.

Aos 15, a estudante Kaillany Reis é uma delas. Há um ano, ela conheceu o esporte através de uma coincidência um tanto inusitada. O amor pelo esporte foi se estreitando e hoje, não há um dia na semana em que a jovem atleta deixe o seu inseparável amigo de lado. “Eu moro aqui no Marex e sempre passava aqui na praça para ir ao parque. Ficava olhando, muito curiosa. Um tempo depois, minha prima passou a namorar com um skatista e aí eu comecei a perguntar sobre. Ele me ensinou os primeiros passos e desde então venho aqui todos os dias”, garante. “Eu estou treinando para quando os torneios chegarem. Não sei se vou conseguir ser atleta profissional, e por isso eu sempre penso em outras alternativas, mas o meu sonho é ser uma atleta. Eu treino, me dedico, estudo, faço tudo para me manter focada no skate. Espero um dia poder alcançar o meu objetivo”, deseja.

O estudante de Nutrição Bruno Thiago Silva, 20, mora no bairro da Sacramenta. Desde os 10 ele pratica a modalidade. Já participou de diversos torneios e venceu um deles, no município de Castanhal, que detém a melhor pista de skate do Estado, segundo os próprios praticantes. Tanto empenho, todavia, não chega a ser determinante para o futuro no esporte, muito por causa das intempéries da vida. “Eu acho que falta bastante incentivo aqui. A gente vê muitos lugares perigosos. E além disso, a gente não pode andar na rua. Se vamos em uma pista, tem horário para andar, porque fica perigoso. Na rua a polícia manda parar. Muitas vezes tiramos do nosso próprio bolso para reformar alguns espaços que ficam deteriorados. Então eu não sei se vou seguir, mas ando diariamente, me dedico. Se o destino me fizer ser um atleta a nível profissional, eu vou seguir com muito prazer. Caso contrário, será sempre o meu esporte preferido”, promete.

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