O futebol, por mais de um ano, viveu eternos minutos de silêncio. Com a pandemia da Covid-19, o público nos estádios se tornou inviável por conta de todos os protocolos de saúde visando o controle da contaminação pelo vírus. As duras restrições, no entanto, também causaram grandes perdas para muitas pessoas.
Os estádios, sempre lugares de festa, se tornaram escuros. Mas, para toda escuridão, sempre haverá uma luz no fim do túnel: e é isso que o Camarote 293, chamado assim por conta do número da casa, representa para um grupo de torcedores que teve o privilégio de acompanhar o Clube do Remo mesmo no auge da pandemia.
O INÍCIO
Localizado na travessa das Mercês, bem ao lado do Estádio Baenão, o “camarote” é propriedade de João Roberto, torcedor fanático do Leão Azul e morador do local há mais de 15 anos.
Criado em 2008, o "recanto" foi planejado desde a compra da casa, em 2006. Segundo Roberto, lá seria um lugar onde a família poderia se reunir com amigos para assistir aos jogos do Clube do Remo de uma maneira diferente da que a maioria das pessoas estão acostumadas.
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TORCENDO E AJUDANDO O CLUBE
Com uma série de protocolos, o projeto saiu do papel, sempre com a intenção de ajudar, sobretudo, o clube. Segundo o dono, as pessoas que não eram da família teriam de provar que estavam contribuindo com o time, para que o mesmo não fosse prejudicado com a perda de renda nos jogos.
“Passamos por um período que não podia vender bebida alcoólica nos estádios, então as pessoas queriam encontrar um espaço em que pudessem fazer as duas coisas (beber e assistir aos jogos)". Mas se engana quem acha que era só entrar no lugar e ver o jogo... Todos tinham que contribuir com o clube, seja por doações ou pix.
"Para entrar, deveriam ir na bilheteria e comprar os ingressos, como se fossem entrar no estádio, pois seria até uma forma de lesar o clube financeiramente, caso isso não fosse feito”, explica.
Com o fechamento do Baenão por mais de 5 anos para reformas, o projeto deu uma pausa e voltou quando o estádio reabriu. Junto com a reabertura do camarote, foram feitos novos protocolos, não só para não prejudicar o time, mas também para preservar a vida das pessoas que o frequentavam.
PROTOCOLO DE SEGURANÇA
Hoje, o camarote conta com um protocolo de saúde e segurança para que as pessoas estejam mais seguras quanto à circulação e contaminação com o vírus.
O Camarote conta, por exemplo, com um médico que foi o responsável pela criação do documento que dá mais segurança aos frequentadores.
Segundo Igor Klaus, médico, a intenção foi criar diretrizes para que o ambiente fosse sempre o mais saudável e seguro possível para seus frequentadores.
“Temos frequentadores que são idosos e também portadores de comorbidade, então nós entendemos a importância de estabelecermos algumas regras para que pudéssemos manter esse ambiente o mais saudável possível”, disse.
A laje é um espaço de família e amigos, mas também se tornou um canal direto entre clube-torcida após o time passar muito tempo sem poder receber sua torcida dentro do estádio . Segundo Roberto, a responsabilidade era grande, já que os frequentadores estavam representando toda a torcida do Leão.
“Nós tínhamos uma responsabilidade grande: estávamos representado não só o Camarote 292, mas toda a torcida do Clube do Remo e influenciando os jogadores, que viam em nós muitas vezes grande força para jogar”, analisa.
REPRESENTAÇÃO DE TODA A TORCIDA
A sensação de torcer pelo outro parece que é uma regra no camarote. Segundo a esposa de Roberto, Maria Isabel, é uma sensação única poder representar todos os torcedores.
"É um sentimento que não tem como expressar, só sentindo mesmo. A gente olha em volta e vê o quanto somos privilegiados. Às vezes eu fica até pensando, e com pena de quem não podem entrar no estádio, mas aqui torcemos por todos", justifica.
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