Após um imbróglio judicial que atrasou o início dos jogos da temporada 2023 do Campeonato Paraense, finalmente a bola vai rolar pra valer nos estádios do estado.
E, assim como a estreia dos times paraenses, o chamado "Parazão Inclusivo 2023" inicia neste domingo (5) com uma grande novidade. A competição vai abordar causas sociais, com um tema específico para cada rodada.
A primeira rodada será marcada por ações de combate à homofobia, as quais vão ocorrer nas redes sociais e no canal e portal Cultura, durante as transmissões das partidas do final de semana: Remo x Independente de Tucuruí, no domingo (5), e Paysandu x Itupiranga, na quinta-feira (9).
Veja também:
Fernandes esboça time para a estreia do Paysandu no Parazão
Clube do Remo vive contagem regressiva para estreia
Segundo a Federação Paraense de Futebol (FPF), o primeiro tema a ser abordado possui um peso muito grande, pois o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIA+ no mundo.
Dentro do futebol, um esporte que é considerado historicamente machista, o preconceito sempre esteve presente, principalmente por cantos vindos das arquibancadas.
No Pará, um caso inédito chamou a atenção. Em julho de 2017, o Paysandu foi o primeiro clube do Brasil a ser denunciado por preconceito de orientação de gênero, por atos homofóbicos praticados por uma torcida organizada do clube durante uma partida do Campeonato Brasileiro da Série B daquele ano.
Por outro lado, no mesmo mês, uma outra organizada do Paysandu foi premiada durante a Parada Gay de São Paulo. Durante uma partida contra o Santos, pela Copa do Brasil daquele ano, a torcida levantou uma bandeira com as cores do arco-íris. A atitude chegou a resultar em insultos e até ameaças à torcida organizada.
Leia também: Casal gay é atacado por ensaio com camisa do Clube do Remo
A ação fez parte da "Campanha Contra a LGBTFobia", do Governo do Pará, lançada em 2017. Naquele mesmo ano, a torcida em questão extinguiu qualquer tipo de grito homofóbico em suas músicas.
Em 2021, parte da torcida do Remo disparou xingamentos homofóbicos contra o atacante Nicolas, do Goiás, mesmo ele se declarando heterossexual. O jogador já havia passado pelo Paysandu. O clube azulino também foi denunciado na época.
NÚMEROS PREOCUPANTES
O coletivo de torcidas Canarinhos LGBTQ+ possui o Anuário do Observatório de LGBTfobia no futebol brasileiro. Dados de 2020 e 2021, na primeira edição, mostram 62 casos de preconceito. Foram 20 em 2020, ano em que a pandemia de Covid-19 mais afetou o futebol, e 42 em 2021.
Os números trazem casos envolvendo desde xingamentos no campo e cantos nas arquibancadas até comentários preconceituosos nas redes sociais ou na mídia. Vários clubes, atletas ou outras pessoas ligadas ao futebol já foram denunciados, julgados e punidos por descriminação de orientação de gênero.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar