É prematuro apostar no sucesso do auxiliar-técnico Aílton Costa como tampão no comando do Paysandu até o clube acertar com o substituto de Guilherme Alves, demitido no sábado após a derrota para o Sampaio. Até então, muitos torcedores desconheciam sua presença na comissão permanente do clube. Aílton ganhou notoriedade agora, com a diretoria o mantendo como interino para o jogo contra o Juventude, sexta. E é possível que um bom resultado, e acima de tudo uma atuação convincente, dê a ele vida longa no posto maior da comissão técnica. Em que pese a desconfiança dos próprios cartolas e dos dirigentes.

O exemplo recente do vizinho ao lado continua aceso na memória. Netão também era desconhecido, a própria representação do anti-marketing, por não ser tão badalado e respeitado como seus antecessores Givanildo e Arthur, o que é normal. O perfil do quebra galho vitorioso do Remo na Série C é esse, de um profissional tímido, na mesma proporção em que demonstrou competência na ressuscitação do time quase rebaixado na competição.

É difícil um raio cair duas vezes num mesmo local, mas o futebol brasileiro está vivendo um fenômeno interessante. Saíram de cena os super-técnicos e está cada vez mais comum ver as equipes sendo orientadas por treinadores promovidos da base, com muita teoria e disposição em trabalhar nas situações mais adversas possíveis. E nessa crise muita gente provou que tem algo a dar. Foi assim com Carille, Zé Ricardo, Roger Machado e outros que hoje transitam nos clubes de elite do País.

Esse é o caminho. Chega de apostar nas mesmas soluções de sempre no plano regional. Mazzolas, Dados, Givanildos... Parece que só esses treinadores estão aptos a trabalhar aqui. O tempo deles já passou, com todo o respeito. O momento requer novas ideias, alguém que de fato contribua com o nosso futebol. As apostas recentes fracassaram muito por esse medo de arriscar.

Problema é que essas oportunidades geralmente aparecem quando não há muito o que se fazer. Aí o sujeito precisa ser tudo: gestor, técnico, pai e milagreiro. E se ainda assim conseguir extrair algo positivo, não dá a ele a certeza de que irá iniciar a próxima temporada como o cara à frente da comissão técnica. Esse receio nefasto precisa ser eliminado. Mas isso passa muito pela mentalidade de quem dirige os clubes. Não há o que temer, principalmente agora quando a cota de erros já foi estourada faz tempo.

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