Olodum, coreografia, dendê e dancinha. Anitta e Ludmilla. E compadre Washington. E rocambole. O boxe brasileiro já tem um ouro garantido em Tóquio na modalidade carisma -unânime para juízes.
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Em meio a esse clima de alegria, e também de determinação, Bia Ferreira, 28, e Hebert Conceição, 23, conquistaram nesta quinta-feira (5) vagas nas finais no Japão. E, com o avanço de fase, o esporte já tem a melhor campanha da história em Olimpíadas, com a chance de ter duas medalhas de ouro, além de uma de bronze já conquistada por Abner Teixeira.
É a primeira vez que uma mulher brasileira está em uma final dos Jogos na modalidade. Ela disputa na categoria peso leve e ele, na peso médio.
Bia derrotou a finlandesa Mira Potkonen por decisão unânime dos juízes e agora vai enfrentar a irlandesa Kellie Anne Harrington no domingo (8), às 2h (de Brasília). Já Conceição venceu o russo Gleb Bakshi, atual campeão mundial - o placar dos árbitros foi de 4 a 1. O atleta pega o ucraniano Oleksandr Khyzniak no sábado (7), às 2h45.
A união do grupo e a sintonia com a comissão técnica ficam evidentes para qualquer um que entra na vazia arena Kokugikan. O carisma demonstrado é proporcional à confiança e concentração que esbanjam. No segundo andar da arquibancada, auxiliares e atletas torcem para o brasileiro da vez dentro do ringue.
O destaque fica por conta de Leonardo Macedo, que é um dos três treinadores que a seleção levou para o Japão. De lá de cima, grita, incentiva e puxa cantos.
Nesta quinta, ele protagonizou uma das cenas mais animadas dos Jogos. Levou um megafone para receber Conceição na saída da zona mista, onde os atletas falam com a imprensa. Chegou encenando coreografia de uma adaptação do sucesso "Apaga Luz, Apaga Tudo" do MC Topre, e levou o pugilista para a dança também.
Antes disso, no entanto, Bia Ferreira já tinha ganhado as redes sociais. Assim que derrotou a finlandesa, a brasileira foi direto pra frente das câmeras comemorar. "É Brasil, rocambole". Não importava muito o que isso significava, a simpatia e firmeza da pugilista fez com que postagens e mais postagens repetissem a expressão, mesmo sem saber o motivo.
Poderia ser só mais uma das várias demonstrações de brasilidades do grupo, mas não é só isso.
"Rocambole", na verdade, foi a palavra escolhida para driblar uma bronca dada pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) na semana passada. Depois de vencer as quartas de final, Hebert Conceição extravasou ainda no ringue. "Eu sou medalhista olímpico, caralho! Eu mereço pra caralho! Nós trabalhamos pra caralho, porra!", disse.
Os palavrões, no entanto, geraram reclamações por parte de uma agência portuguesa de comunicação, segundo conta a assessoria do COB. E o COI, por sua vez, pediu para a equipe tomar cuidados com as citações chamadas de "não apropriadas".
"Pessoal disse que estávamos falando muito palavrão. E tem um áudio engraçado que viralizou há muito no WhatsApp de um cara falando 'quem é esse rocambole'. E aí eu falo rocambole de vez em quando. Aí falei aqui: 'em vez de palavrão, vamos extravasar com rocambole", diz Leonardo Macedo.
Bia Ferreira e Hebert Conceição fazem parte da "seleção baiana" da modalidade. O estado deu ao país mais da metade dos convocados do esporte para os últimos quatro Jogos Olímpicos.
Conceição escolheu como trilha sonora para entrar no ringue a música "Madiba", do Olodum, feita em homenagem a Nelson Mandela. "Nobre guerreiro, negro de alma leve, nobre guerreiro, negro lutador", diz trecho da letra.
"Grandes artistas da Bahia me gravaram vídeos, o que me incentivou muito e fez-me sentir muito especial. A banda Olodum, o Denny, do Timbalada, o compadre Washington também. Ivete Sangalo também seguiu no instagram", contou o lutador, que agradeceu pelos recados.
Já Bia Ferreira escolheu "Favela Chegou", cantada por Ludmilla e Anitta. A pugilista faz sempre uma dancinha no ringue.
O segredo para o sucesso do boxe baiano nos Jogos de Tóquio, nas palavras de Hebert Conceição", é que "tem dendê, papai. Aqui tem dendê no sangue".
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