O tempo costuma ser implacável com ídolos, mas há casos em que ele se transforma em uma espécie de guardião do silêncio. Algumas histórias não avançam em capítulos ruidosos, seguem em páginas quase fechadas, sustentadas mais pela memória coletiva do que por notícias concretas. No esporte, poucas trajetórias simbolizam tão bem essa combinação de glória, interrupção abrupta e respeito absoluto quanto a de Michael Schumacher.
Nesta segunda-feira (29), completam-se 12 anos do grave acidente de esqui sofrido pelo heptacampeão da Fórmula 1 nos Alpes franceses, em Méribel, durante férias com a família. Em 2013, a queda fora da área demarcada e o impacto da cabeça contra uma rocha, mesmo com o uso de capacete, levaram Schumacher a uma corrida contra o tempo: resgate aéreo, cirurgias delicadas em Grenoble e a decisão médica pelo coma induzido para conter danos cerebrais.
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As semanas que se seguiram foram marcadas por boletins médicos cautelosos e informações escassas. Em setembro de 2014, o ex-piloto deixou o hospital e passou a receber tratamento contínuo em casa, na Suíça. Desde então, a família optou por um acompanhamento totalmente privado, com acesso restrito e nenhuma divulgação regular sobre o estado de saúde.
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DOCUMENTÁRIO COM DEPOIMENTOS DA FAMÍLIA
Ao longo desses 12 anos, raras foram as vozes autorizadas a falar publicamente sobre Schumacher. Jean Todt, amigo pessoal e ex-chefe da Ferrari, tornou-se uma das exceções. Em entrevistas pontuais, o francês repetiu a mesma mensagem: Michael segue lutando. "Eu o vejo com frequência. Ele está lutando", afirmou em diferentes ocasiões, sempre sem detalhes clínicos.
Em 2021, o documentário Schumacher, da Netflix, trouxe o relato mais direto da família. Corinna Schumacher resumiu a situação com delicadeza: "Ele está aqui, mas não é mais o mesmo". Mick Schumacher, então piloto, revelou que o pai já não consegue se comunicar como antes, destacando a dor da ausência dentro da própria presença.
RELATOS E EPISÓDIOS PONTUAIS
Mesmo cercado pelo silêncio, episódios pontuais mantêm o nome de Schumacher no centro das atenções. Em 2024, surgiram relatos não confirmados de sua presença no casamento da filha Gina-Maria. Já em abril de 2025, ganhou repercussão o gesto simbólico da assinatura "M.S." em um capacete da campanha Race Against Dementia, apoiada por Corinna, ainda que não tenha sido esclarecido se o ato ocorreu de forma autônoma ou assistida.
Doze anos após o acidente que encerrou sua vida pública, Michael Schumacher permanece como um dos maiores ícones da Fórmula 1. Sete títulos mundiais, 91 vitórias e uma era dominante com a Ferrari garantem ao alemão um lugar definitivo na história do esporte, enquanto sua condição de saúde segue protegida pelo mesmo silêncio que a família escolheu como forma de cuidado e respeito.
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