Ao abrir para a torcida parte do treino de ontem de manhã, a diretoria azulina buscava mostrar que a mudança do jogo do dia seguinte, contra o Ypiranga-RS, do Baenão para o Mangueirão, não tinha nada a ver com uma fuga da pressão, já que a situação do Remo na Série C é muito difícil. Mas, boa parte dos torcedores que foram ao Evandro Almeida protestaram. Um grupo de aproximadamente 50 pessoas se reuniu para protestar dentro e fora das dependências do estádio. Os alvos foram os membros da diretoria, o técnico Ricardo Catalá e o elenco. Essa reconciliação pode nem acontecer hoje, mas ela só poderá acontecer com uma vitória à noite.

Primeiro da zona de rebaixamento com 14 pontos, na 17ª posição, o Leão Azul tem cinco jogos pela frente na primeira fase e precisa de, pelo menos, três vitórias para fugir do rebaixamento. Três é a quantidade de partidas em casa que o Remo ainda terá na primeira fase, assim como três é a quantidade de vitórias conquistadas até aqui em 14 rodadas. O time azulino não sabe o que é vencer há cinco rodadas.

No treino de ontem, alguns torcedores carregavam faixas com frases como “time milionário, futebol de centavos, sem valor”, “se cairmos pro inferno, o capeta vem pegar vocês” e “Fabio Bentes, Tonhão, Marcelo C., Seu Boneco, Ricardo Catalá, todos vocês são responsáveis”. Hoje, o Mangueirão estará aberto apenas parcialmente para a torcida, que terá acesso a metade do estádio, o que tradicionalmente recebe os remistas.

Durante a semana, os jogadores comentaram sobre a mudança de local da partida e da pressão pela péssima campanha, garantindo que estão prontos para a recuperação. “Estamos preparados para todo lugar”, afirma Ronald. O jovem atacante lembrou que a campanha não tem sido boa o suficiente para escolher lugar. “Se for olhar o retrospecto, não vamos ganhar em lugar algum. Temos que tirar isso da cabeça. O Mangueirão é um lugar muito bom de jogar, com um campo excelente. Temos que pensar em jogar”. É uma opinião semelhante à do lateral-direito Lucas Marques. “O que é certo é que o Mangueirão tem um gramado melhor e isso influencia. O fato de a torcida estar mais longe não influenciou em nada a escolha”.

Mais experiente, o zagueiro Diego Ivo foi direto ao deixar claro que quem entrar em campo não vai pensar em cobrança ou pressão, e sim em vencer. “Quem não tem capacidade de aguentar pressão de torcida não pode jogar futebol. O Torcedor é forte na cobrança e no apoio e no Remo é assim”.

CALCANHAR DE AQUILES

Nessa sequência ruim do time azulino no Campeonato Brasileiro a defesa não tem sido o problema, e sim o ataque. O Remo não tem conseguido marcar gols e isso tem chamado atenção porque as chances são criadas. Muriqui sabe que é dele que se espera um algo a mais.

“Temos conseguido criar oportunidades, mas sem êxito nas finalizações, na hora de fazer os gols. Se analisado o volume contra o Paysandu, contra o Náutico, tivemos chances. Temos que nos concentrar nessa parte para diminuir os erros”, disse. “Temos conversado, treinado muito e tenho certeza que vamos minimizar esses erros”, completou o experiente atacante.

ADVERSÁRIO

Na briga pelo G8, o Canarinho veio a Belém tentando se aproveitar do momento do Remo. O técnico Jerson Testoni terá dois desfalques, ambos pelo terceiro cartão amarelo. O zagueiro e capitão Heitor e o atacante Jhonatan Ribeiro cumprem suspensão automática. Windson e MV, respectivamente, são os prováveis substitutos.

VOLTAM DE SUSPENSÃO

Trio volta a ser opção ao time

Para logo mais, o Remo conta com os retornos do zagueiro Diego Ivo, do volante Claudinei e do atacante Muriqui, que na rodada passada cumpriram suspensão automática. Em contrapartida, o zagueiro Ícaro fica de fora por ter sido expulso diante do Náutico-PE. Para o lateral-direito Lucas Marques, mesmo com a dificuldade da missão azulina nas rodadas restantes, o time pode ter uma grande atuação.

Diego Ivo pode voltar a figurar no setor defensivo azulino
📷 Diego Ivo pode voltar a figurar no setor defensivo azulino |FOTO: SAMARA MIRANDA/ REMO

“A perfeição é difícil de alcançar, mas quanto mais se trabalha mais perto se chega dela. Quando falo em detalhe é uma falta de concentração em um momento, um erro, uma jogada individual. Muita coisa pode acontecer em 90 minutos e temos que estar ligados do começo ao fim. Infelizmente, nós estamos levando nos detalhes”.

Lucas citou outros clubes do futebol nacional que estão tendo recuperações e que isso pode acontecer com o Remo. No entanto, nenhum dos comentados têm tão poucos jogos pela frente. “Podemos pegar várias equipes e campanhas como referência. O Goiás, por exemplo, acabou de sair da zona. O Corinthians estava lá embaixo e venceu na Copa do Brasil. Aí se perguntam, por que não está dando certo aqui. Trabalho não tem faltado, ninguém está de sacanagem, mas alguns detalhes têm atrapalhado. Temos que olhar para dentro, pensar jogo a jogo”.

Seguindo o lateral, o pensamento no elenco é, primeiramente, fugir do fantasma do rebaixamento e, dependendo do que acontecer, dá até para sonhar com uma improvável classificação para a segunda fase. “A gente pensa jogo a jogo. Sabemos que para se classificar é muito difícil. Mas não é impossível. Temos a obrigação de vencer em casa para aliviar a situação e pensar em classificação”.

Série C 2023 - 19:00 h

Clube Do Remo X Ypiranga(Rs)

( Mangueirão )

Narração - Cláudio Guimarães

Comentários - Gerson Nogueira

Reportagens - Paulo Caxiado E Saulo Zaire

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