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A devoção a Nossa Senhora de Nazaré no Pará começou em 1700, quando o caboclo Plácido encontrou uma imagem da Virgem no igarapé Murutucu - onde hoje é a travessa 14 de Março, em Belém. Levou a imagem para casa, mas, misteriosamente, ela retornou ao local onde foi encontrada. O fato se repetiu várias vezes e Plácido decidiu construir uma pequena capela no lugar do achado, onde milhares de viajantes e romeiros vinham em busca de graças e milagres da santa. Mas foi somente nove décadas depois que tanta devoção deu origem ao Círio de Nazaré. A procissão foi realizada pela primeira vez como pagamento de uma promessa. Era 8 de setembro de 1793, uma quarta-feira. Naquele ano, o governador português Francisco Coutinho, impressionado com as romarias à ermida de Nazaré, decidiu organizar uma festa pública para divulgar essa devoção. Toda a população do interior foi convidada para uma grande feira, onde as pessoas iriam expor seus produtos da lavoura, além de participar de um fascinante evento religioso. Às vésperas da festa, o governador adoeceu. Prometeu à Virgem que se melhorasse iria buscar a imagem na ermida para levá-la até o Palácio do Governo, onde faria celebrar uma missa. Em seguida, a traria de volta em romaria. Recuperado, o governador cumpriu sua promessa e assim se iniciou uma das maiores procissões religiosas do mundo, nas ruas de Belém. Até o início do ano 1900, a grande procissão acontecia em setembro. Hoje, é realizada no segundo domingo de outubro. O percurso também era diferente, pois inicialmente saía da capela do Palácio do Governo em direção à ermida no Igarapé Murutucu. Em 1882, o bispo Dom Macedo Costa decidiu que o ponto de partida seria a Catedral. As ruas de Belém não eram asfaltadas e viravam grandes atoleiros com as cheias da baía de Guajará, que banha parte da cidade, em especial a área onde passa a procissão. Por causa disso, a Berlinda com a imagem da santa era puxada por bois, que precisavam do reforço de uma corda num desses atoleiros. No século XX, os bois foram retirados da procissão porque começaram a oferecer risco para os fiéis que acompanhavam a imagem, mas a corda permaneceu e se tornou um dos principais símbolos da festa de Nazaré. O percurso já chegou a ser percorrido em nove horas e quinze minutos, como ocorreu no ano de 2004, no mais longo Círio de toda a história. Na procissão, a Berlinda que carrega a imagem da Virgem de Nazaré é seguida por romeiros de Belém, do interior do Estado, de várias regiões do país e até do exterior. Em todo o percurso, os fiéis fazem manifestações de fé, enfeitam ruas e casas em homenagem à Santa. Por sua grandiosidade, o Círio de Belém foi registrado, em setembro de 2004, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial.
Imagem autêntica - Chamada de imagem "autêntica" ou "imagem do achado", a escultura de madeira encontrada pelo caboclo Plácido, no ano de 1700, tem 28 cm de altura, cabelos caídos sobre o ombro direito e carrega ao colo o Menino Jesus despido com um globo nas mãos. Aos pés da Virgem, há a cabeça alada de um anjo, que é o símbolo iconográfico da glória celestial. Na Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, a imagem autêntica fica em redoma de cristal no altar-mor, o Glória, entre anjos, nuvens e um belo esplendor de raios. De lá, ela só é retirada uma vez ao ano, numa cerimônia conhecida como a "Descida da Imagem" ou "Descida do Glória", que ocorre na véspera do Círio. Após a descida do Glória, durante toda a quinzena da Festa, a imagem fica num nicho instalado no presbitério, portanto mais perto dos devotos. Desde que foi encontrada, a imagem autêntica já foi restaurada três vezes. Ela é coberta por um manto canônico, trabalhado com fios e enfeites de ouro.
Imagem peregrina - A partir de 1969, por motivos de segurança, a imagem autêntica que era levada nas procissões do Círio foi substituída por outra, que é uma cópia alterada da imagem encontrada por Plácido. É chamada de "imagem peregrina" porque sai em todas as procissões e cerimônias oficiais da festa Nazarena. Durante o ano, ela fica na sacristia da Basílica Santuário. Esta imagem foi encomendada ao escultor italiano Giacomo Mussner, mas não reproduz os mesmos traços da imagem "autêntica". A imagem peregrina ganhou alguns traços da mulher da Amazônia e o seu menino recebeu características indígenas e caboclas. Em 2002, sofreu o primeiro restauro por meio de uma técnica empregada pelo Iphan - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Tradições
Mantos
Segundo a lenda do achado da Imagem da Virgem de Nazaré, ela já estava com um manto no momento em que foi encontrada pelo caboclo Plácido. A tradição foi mantida e, ao longo dos anos, ela foi ganhando vários outros. Em 1953, a imagem autêntica recebeu um manto bordado a ouro e pedras preciosas, durante o 6º Congresso Eucarístico Nacional, realizado em Belém, ocasião em que recebeu a Coroa Pontifícia. A confecção dos primeiros mantos é atribuída à irmã Alexandra, da Congregação das Filhas de Sant'Ana, do Colégio Gentil Bittencourt. Ela confeccionava o manto e o promesseiro doava o material. Foi assim até sua morte, em 1973. Depois disso, quem assumiu a missão foi a ex-aluna e ajudante, Esther Paes França. Até 1992, ela já tinha feito 19 mantos. Daí em diante, vários católicos passaram a confeccionar o manto. Estilistas famosos também têm desenhado e confeccionado os mantos anualmente. Uma informação curiosa é que, até o ano de 1998, a doação do manto era guardada em sigilo e sempre fruto de promessas feitas a Nossa Senhora de Nazaré.
Tradições
Berlinda
A berlinda que carrega a imagem da Virgem de Nazaré na procissão do Círio já é a quinta da história. Confeccionada em 1964 pelo escultor João Pinto, ela tem estilo barroco e é esculpida em cedro vermelho. Na parte interna possui cetim drapeado no teto e pingentes de cristal. Ao centro tem um dispositivo próprio para fixação da Imagem. Ornamentada com flores naturais na véspera do Círio, a Berlinda é colocada sobre um carro, que na procissão é puxado pela corda conduzida pelos devotos.
História da Berlinda - A berlinda começou a fazer parte do Círio a partir de 1855, em substituição a uma espécie de carruagem puxada por cavalos ou bois, chamada de palanquim. Neste mesmo ano, com a necessidade da Berlinda ser puxada pelos fiéis para vencer um atoleiro, os animais foram substituídos por uma corda, que foi emprestada às pressas por um comerciante e que, depois, foi incorporada à tradição do Círio. Mesmo com a introdução da berlinda, foi mantido o costume da imagem ser carregada no colo de autoridades da Igreja. Mas, em 1880, o Bispo Dom Macedo Costa mandou fazer uma berlinda que levasse a imagem sozinha. Em 1926, a berlinda foi transformada em andor e assim saiu até o Círio de 1930. No ano seguinte, ela voltou ao seu formato original, sendo puxada pelos fiéis através da corda.
Tradições
Arraial
Conhecido como o "Arraial de Nazaré", localizado ao lado da Basílica, no bairro de Nazaré, o espaço faz parte das comemorações do Círio desde o seu início, em 1793. Segundo a Arquidiocese de Belém, o primeiro arraial do Círio, foi na verdade, uma grande feira agrícola. É neste espaço que o público passeia e aproveita para visitar as diversas barracas de comidas típicas, brinquedos de miriti, jogos e atualmente é a sede de um parque de diversões. Antes da existência da Praça Santuário, o arraial acontecia em frente à Basílica de Nazaré. Foram 188 anos de festejos até que a praça fosse construída, transferindo as atividades do arraial para uma área reservada ao lado da igreja. O Arraial de Nazaré é uma tradição que ocorre desde o primeiro Círio, em 1793. Trata-se de uma área destinada ao parque de diversões, às lanchonetes e aos restaurantes. Por 188 anos, quando ainda não existia a Praça Santuário, a festividade acontecia em frente à Basílica. Depois, passou a ser realizado num terreno ao lado da igreja. No primeiro arraial, foi realizada uma grande feira agrícola.
Tradições
Carros
Além da berlinda, outros treze carros acompanham a procissão do Círio. Eles são um símbolo importante da devoção mariana, onde os romeiros depositam objetos de promessa que carregam durante a procissão. Um desses carros – o dos Milagres – se refere ao milagre que teria ocorrido no ano de 1182, quando o fidalgo português Dom Fuas Roupinho, prestes a despencar num abismo com seu cavalo, recorreu a Nossa Senhora de Nazaré. Há, também, o Carro do Caboclo Plácido, o Barco dos Escoteiros, a Barca Nova, Carro do Anjo Custódio, Barca com Velas, Carro do Anjo Protetor da Cidade, a Barca Portuguesa, o Carro dos Anjos I, Barca com Remos, Carro dos Anjos, o Carro da Santíssima Trindade e o Cesto das Promessas.
Tradições
Cartazes
A cada ano, os cartazes do Círio são produzidos para distribuição à população, que tem por hábito afixar nas portas de suas casas, como uma homenagem daquele lar à padroeira.
Tradições
Corda
A corda puxada pelos promesseiros é um dos maiores ícones da grande procissão do Círio e, também, da Trasladação. Hoje, ela tem 400 metros de comprimento, duas polegadas de diâmetro e é produzida em titan torcido de sisal oleado. Enfileirados, homens e mulheres puxam a corda que faz a berlinda com a imagem da Santa se movimentar. Anteriormente amarrada à berlinda, a partir de 1999 ela passou a ser atrelada através de uma argola metálica. O atrelamento ocorre no Boulervard Castilhos França, 400 metros depois do início da procissão. Como são os promesseiros da corda que dão ritmo à procissão, em alguns anos ela precisou ser desatrelada antes do término da romaria para que o Círio pudesse seguir mais rapidamente. Até 2003, o formato da corda era de "U", ou seja, as duas extremidades da corda eram atreladas à berlinda. A partir de 2004, por motivos de segurança, ganhou formato linear, seccionada por peças de duralumínio, o que deu origem às chamadas estações da corda.
História da Corda - Durante a procissão de 1855, quando a berlinda ficou atolada por conta de uma grande chuva, a Diretoria da Festa teve a idéia de arranjar uma grande corda, emprestada às pressas de um comerciante, para que os fiéis puxassem a berlinda. A partir daí, os organizadores do Círio começaram a se prevenir, levando sempre uma corda durante a romaria. Mas só no ano de 1885, a corda foi oficializada no Círio, substituindo definitivamente os animais que puxavam a berlinda. No Círio de 1926, o arcebispo Dom Irineu Jofilly suprimiu a corda do Círio, já que "não compreendia o comportamento na corda, onde homens e mulheres se empurravam em atitudes nada devotas". A proibição gerou várias manifestações populares e políticas, mas chegou a durar cinco anos. Só em 1931, com intervenção pessoal de Magalhães Barata, então governador do Estado, a corda voltou a fazer parte do Círio.
Tradições
Brinquedos de miriti
O Círio de Nazaré é belo não só por sua fé, mas pela riqueza detalhes que essa manifestação cultural oferece. Os brinquedos de miriti fazem parte desse diferencial e todos os anos trazem cores e formas aos olhos de que visita a cidade de Belém do Pará. O miriti é uma madeira leve como o isopor, extraída da palmeira conhecida do miritizeiro. Apesar da leveza, o material possui uma resistência suficiente para ser esculpida. A arte de esculpir o miriti é uma tradição que o município de Abaetetuba, no Pará, mantém até hoje, sendo considerado um dos grandes pólos deste tipo de artesanato na região. No mês de outubro, durante as festividades do Círio, diversos artesãos levam o seu trabalho para a capital paraense e colorem as principais ruas por onde passam o cortejo da Santa. As peças são vendidas como brinquedos, mas também sem ser consideradas como pequenas obras que representam alguns ícones da região amazônica, principalmente do povo ribeirinho: a cobra amarelada com traços vermelhos e azuis, o pato de rodinhas que bate as asas ao ser empurrado, os caboclos que batem um pilão, os barcos, a Virgem de Nazaré em sua berlinda e etc. Os brinquedos também já inspiraram um curta de animação, dirigido por Andrei Miralha, intitulado "Admirimiriti", as aventuras de um boneco num mundo construído em miriti.
Tradições
Guardas de Nazaré
A Guarda de Nossa Senhora de Nazaré é formada apenas por homens, com idade acima de 18 anos, todos católicos, e teve seu início em 1974. Segundo a informações da Arquidiocese, a "Guarda de Nazaré" é considera a primeira do Brasil e inspirou a formação de outros grupos por todo o país. O grupo já conta com 1.000 voluntários, que todos os anos se reúnem com a missão de cuidar da Berlinda e da organização da procissição, em parceria com a diretoria da festa. Neste ano, a guarda recebeu apoio de outras paróquias e interiores "Somos 400 aqui em Belém e agora somamos com mais 600 que estão vindo de todos os interiores para nos ajudar. É um trabalho de muito dedicação", diz José Luís Toscano, coordenador da Guarda. Estes homens também são responsáveis por cuidar da Praça Santuário durante todas as celebrações que acontecem no local, com uma atenção especial ao Altar-Santuário, além de manter a ordem dentro da Basílica de Nazaré. Para José Toscano, de 55 anos e já passou 33 anos participando da guarda, são muitas as recompensas deste trabalho voluntário "Me sinto gratificado em nome de Jesus Cristo e da Virgem Maria Santíssima, pois sei que de alguma forma eu sou recompensado. Falo isso pela saúde e felicidade da minha família e todos que estão a minha volta" diz emocionado o guarda veterano. Antes da função de "guarda" os protetores do Santuário de Nazaré são também devotos, que mostram sua fé por meio da dedicação a todas atividades da Igreja Católica.
Tradições
Hinos e orações
"Vós Sois o Lírio Mimoso" é considerado o hino oficial do Círio de Nazaré. Composto em 1909 pelo poeta maranhense Euclides Farias, posteriormente, foi acrescido de um estribilho – escrito pelo advogado Aldebaro Klautau - que cita o nome da Senhora de Nazaré. O hino "Virgem de Nazaré" é, originalmente, um poema de autoria da poetisa paraense Ermelinda de Almeida, que por volta dos anos 60 foi musicado pelo Pe. Vitalino Vari. "Maria de Nazaré" tem letra e música do sacerdote mineiro Pe. José Fernandes de Oliveira (Pe. Zezinho) e foi composto em 1975. "Nossa Senhora da Berlinda", tem letra e música do Pe. Antônio Maria Borges e foi composto em 1987.
Tradições
Promesseiros
Eles são uma das imagens mais emocionantes da Festa da Rainha da Amazônia. Além dos que vivem em Belém, chegam promesseiros do interior do Pará, de outros Estados e até de outros países. Todos reunidos pela fé, agradecendo graças alcançadas. Muitos seguem descalços a romaria. Outros vestem seus filhos de anjos, puxam a corda, distribuem água, carregam objetos de cera que representam curas alcançadas. Também é comum ver os fiéis carregando pequenas casas na cabeça e cruzes de madeira. O sacrifício às vezes supera os limites da dor e alguns tra-11-2fiéis seguem de joelhos toda a procissão.
Tradições
Almoço do Círio
A festa do Círio de Nazaré tem como um dos grandes momentos o almoço do domingo de Círio. Em muitos lares, o almoço do Círio confraterniza as famílias, hóspedes e amigos. É quando a rica culinária paraense pode ser melhor apreciada. Além dos pratos típicos, como o pato no tucupi e a exótica maniçoba, os frutos do mar, da floresta, dos rios e das imensas fazendas paraenses compõem os cardápios: enormes peixes, como o pirarucu, a pescada amarela, o tambaqui, o tucunaré e o filhote, assados inteiros ou em moquecas. Tem ainda os filés de búfalo da ilha do Marajó; camarões rosados e cinzentos, patas de caranguejo, ostras e sernambis, oriundos da Amazônia Atlântica; delicados cremes e deliciosos sorvetes de frutas variadas – mangas, abacaxis, açaí e também bacuris, cupuaçus e muricis; queijo fresco; tartarugas oriundas dos criatórios artificiais; e uma das melhores cervejas brasileiras. A funcionária pública, Nazaré Dias, diz que o almoço do Círio é um momento de oração e confraternização da família. "Nós assistimos ao Círio pela TV ou esperamos a chegada dos que foram acompanhar a procissão e, então, nos reunimos em comemoração a data, que faz nossa família se unir ainda mais. Outro encontro parecido com esse, apenas no Natal", diz. O Pará herdou a arte portuguesa dos doces, e aplicou-a sobre as frutas amazônicas: as tortas, docinhos e bombons recheados são deliciosos. A mandioca tem um papel expressivo. De seu processamento saem o tucupi, a farinha d´água – que acompanha as principais refeições – e o amido, chamado tapioca, usado em diversos pratos e sorvete.
Culinária do Círio
A festa do Círio de Nazaré tem como um dos grandes momentos o almoço do domingo de Círio. Em muitos lares, o almoço do Círio confraterniza as famílias, hóspedes e amigos. É quando a culinária paraense ganha maior destaque –. Além dos pratos típicos, como o pato no tucupi e a exótica maniçoba, os frutos do mar, da floresta, dos rios e das imensas fazendas paraenses compõem os cardápios: enormes peixes, como o pirarucu, a pescada amarela, o tambaqui, o tucunaré e o filhote, assados inteiros ou em moquecas. Tem ainda os filés de búfalo da ilha do Marajó; camarões rosados e cinzentos, patas de caranguejo, ostras e sernambis, oriundos da Amazônia Atlântica; delicados cremes e deliciosos sorvetes de frutas variadas – mangas, abacaxis, açaí e também bacuris, cupuaçus e muricis; queijo fresco; tartarugas oriundas dos criatórios artificiais; e uma das melhores cervejas brasileiras. A funcionária pública, Nazaré Dias, diz que o almoço do Círio é um momento de oração e confraternização da família. "Nós assistimos ao Círio pela TV ou esperamos a chegada dos que foram acompanhar a procissão e, então, nos reunimos em comemoração a data, que faz nossa família se unir ainda mais. Outro encontro parecido com esse, apenas no Natal", diz. O Pará herdou a arte portuguesa dos doces, e aplicou-a sobre as frutas amazônicas: as tortas, docinhos e bombons recheados são deliciosos.
Maniva - A mandioca tem um papel expressivo. De seu processamento saem o tucupi, a farinha d´água – que acompanha as principais refeições – e o amido, chamado tapioca, usado em diversos pratos e sorvete. O preparo dessas iguarias requer cuidados especiais, como a maniçoba, que é feita a partir da maniva (folha extraída da mandioca) moída e deve passar sete dias cozinhando, antes de estar pronta para comer. O motivo para o longo preparo está no ácido cianídrico que a folha possui. Uma substância que pode levar à morte por intoxicação, se ingerido em seu estado natural. O método de cozimento é uma herança indígena que, há séculos, conseguiu desvendar os mistérios da planta. Depois de cozida, a maniva é temperada com ingredientes semelhantes aos de uma feijoada completa.
Pato no Tucupi - O mais famoso prato do Ciro é preparado com um tempero chamado Tucupi. O líquido amarelado e de sabor peculiar é uma receita indígena muito valorizada no Pará. O tucupi é feito da mandioca ralada e espremida num instrumento rústico, feito de fibras, chamado tipiti. Após um dia de repouso, o líquido extraído durante o processo se divide em duas partes: a parte mais fina, comparada a um soro, transforma-se no tucupi. A parte sólida, depositada no fundo, vira a goma de tapioca, que pode ser utilizada em diversas receitas regionais, como a famosa "tapioquinha". Com o tucupi pronto, as receitas são as mais variadas, no entanto o pato assado de forno ou cozido são os preferidos entre os fãs da culinária paraense, que ainda acrescentam toques pessoais como o uso da famosa pimenta de cheiro ou folha do jambu.
Tradições
Museu do Círio
Os objetos carregados pelos fiéis são selecionados e parte deles vai para o Museu do Círio, que funcionou na cripta da Basílica Santuário até o ano de 2002, sendo transferido para o complexo Feliz Lusitânia em 2003. Outra parte dos objetos vai para a Estação dos Carros, uma espécie de depósito/museu com mais de 800 metros quadrados, que fica na área do Arraial de Nazaré, onde, durante todo o ano, ficam guardados a berlinda e os carros levados na grande procissão. Os objetos de cera danificados durante a procissão são derretidos e a cera é comercializada.
Este é o momento em que os doze carros das promessas utilizados na grande Festa do Círio são levados da Estação dos Carros, que fica ao lado do Centro Social de Nazaré, para os galpões da Companhia Docas do Pará (CDP), de onde saem no domingo. O percurso é feito durante a noite, em um dos dias da semana que antecede o Círio, e começa no Arraial de Nazaré, passa pelas travessas 14 de Março e Antônio Barreto, avenidas Visconde de Souza Franco e Marechal Hermes até o armazém da CDP. O trajeto é feito pela Diretoria da Festa, Guarda de Nazaré, promesseiros, representantes de colégios, motociclistas e Companhia de Transportes do Município de Belém (CTBel). De suas casas, devotos acompanham a caminhada. O momento também é prestigiado com fogos de artifício. A Berlinda não acompanha esse trajeto. Os objetos de cera danificados durante a procissão são derretidos e a cera é comercializada.
Romarias
Traslado Ananindeua
Na sexta-feira que antecede o Círio, acontece o traslado da imagem peregrina para os municípios de Ananindeua e Marituba, um percurso de 48,5 quilômetros, que começa ao meio-dia e termina às 20h. O Traslado para Ananindeua, como ficou conhecida esta procissão, é realizado desde 1992. Nos dois primeiros anos, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré era levada em um cibório, uma armação em metal constituída de um teto arqueado (abóbada), sustentado por quatro colunas retorcidas. Hoje, a imagem peregrina é levada da Basílica Santuário de Nazaré em uma réplica da Berlinda em cima de um carro da Polícia Rodoviária Federal. A mudança ocorreu por conta da necessidade de proteger a imagem, que no cibório ficava exposta ao vento, sol e chuva. O percurso inicia na Basílica Santuário e passa pelas avenidas Nazaré, Magalhães Barata, Almirante Barroso e BR-316. Depois, segue pelos bairros Cidade Nova e Paar, em Ananindeua, e entrada do município de Marituba, até chegar a Igreja de Nossa Senhora das Graças, em Ananindeua. Lá, a imagem fica num palanque armado em frente à Igreja Matriz, onde passa a noite em vigília. Na manhã de sábado, a imagem é levada pelos devotos na romaria rodoviária.
Romarias
Romaria rodoviária
A Romaria Rodoviária foi criada pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e acontece desde 1989. Realizada no sábado, véspera do Círio, a romaria que leva a imagem peregrina da Matriz de Nossa Senhora das Graças, em Ananindeua, para o distrito de Icoaraci é precedida de uma missa às 5h. Há sete anos, essa procissão passou a ser organizada pela Diretoria da Festa com a colaboração da Polícia Rodoviária Federal, Prefeitura de Ananindeua e outros órgãos públicos. Após a celebração religiosa na Igreja Matriz, os motoristas começam o trajeto pela BR-316 até o Entroncamento, indo pela Rodovia Augusto Montenegro até Icoaraci, onde passam pelas ruas 8 de Setembro e São Cristóvão, parando no trapiche do distrito. Depois de um percurso de 24 quilômetros, a procissão chega a Icoaraci por volta das 8h, onde uma nova missa é celebrada. Às 9h, a imagem é colocada numa embarcação para continuar a viagem, rumo à Praça Pedro Teixeira, dando início à Romaria Fluvial.
Romarias
Romaria fluvial
Conhecida como "Círio das Águas", a Romaria Fluvial também é realizada no sábado, véspera do Círio de Nazaré. O percurso de 10 milhas até a Praça Pedro Teixeira começa às 9h, no trapiche de Icoaraci. A parada é em Belém na Escadinha do Cais do Porto (ao lado da Estação das Docas), por volta das 11h. Quando chega à Escadinha, a Imagem de Nossa Senhora de Nazaré é recebida com honras de Chefe de Estado, pela Polícia Militar, em Belém. A ocasião se repete desde 1999, motivada pela Lei Estadual nº 4.371, de 15 de dezembro de 1971, que proclamou a Virgem de Nazaré, Padroeira do Pará, Rainha da Amazônia e merecedora dessa grande homenagem. rom-04-2Criada em 8 de outubro de 1986, a primeira Romaria Fluvial foi acompanhada por cerca de 30 barcos e marcada por imensa emoção, no momento em que uma grande auréola luminosa surgiu no céu contornando o sol. O fenômeno foi considerado um sinal de benção e aprovação da Virgem de Nazaré àquela manifestação de fé dos devotos. Para a romaria nas águas da baía do Guajará, foi confeccionada mais uma réplica da berlinda, usada até 2002. No ano seguinte, ela foi substituída por uma cúpula de vidro que é usada até hoje. A cúpula permite maior visibilidade da imagem pelos ribeirinhos e fiéis que a acompanham. Atualmente, mais de mil embarcações, entre barcos, lanchas, balsas e veleiros participam do "Círio das Águas".
Romarias
Moto-romaria
Após a chegada da Romaria Fluvial na Escadinha do Cais do Porto, em Belém, os romeiros se integram aos motociclistas que aguardam a imagem para conduzi-la na Motoromaria, que surgiu no Círio de 1990. A iniciativa foi da Federação Paraense de Motociclismo, que decidiu também prestar a sua homenagem, acompanhando a imagem de Nossa Senhora de Nazaré até o Colégio Gentil Bittencourt. No percurso, centenas de motociclistas, ciclistas e outros veículos fazem a escolta da imagem até o colégio. Ao longo do trajeto, que compreende as avenidas Presidente Vargas a Nazaré, muitas homenagens são feitas à Rainha da Amazônia.
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Trasladação
A Trasladação é realizada na noite do sábado que antecede o Círio de Nazaré. Depois de uma missa às 17h, no Colégio Gentil Bittencourt, os fiéis se dirigem em procissão à Igreja da Sé, fazendo o mesmo trajeto da procissão do domingo, mas no sentido inverso. Diferente do que ocorre no Círio, onde vários carros de promessas e pelotões acompanham a procissão, na Trasladação há apenas a berlinda em destaque. O fato de a procissão acontecer à noite torna o momento ainda mais bonito, pois, além de a cidade toda se enfeitar e se iluminar para saudar a Virgem de Nazaré, é possível constatar que a Trasladação é uma verdadeira procissão à luz de velas levadas pelos devotos durante todo o percurso. Um dos momentos mais emocionantes da procissão ocorre durante a homenagem dos estivadores e arrumadores, que soltam fogos de artifício em honra à Virgem de Nazaré, num verdadeiro espetáculo de cores e luzes. A cada ano, o número de fiéis que acompanham a Trasladação é maior. Nos últimos anos, a corda atrelada à berlinda tem sido tão disputada quanto na grande procissão de domingo
Romarias
Círio
O termo Círio vem da palavra latina "cereus", que significa vela ou tocha grande. Por ser a principal oferta dos fiéis nas procissões em Portugal, com o tempo passou a ser sinônimo da procissão de Nazaré aqui Belém e de muitas outras pelas cidades do interior do Pará. O domingo do Círio começa com a celebração de uma missa em frente à Catedral Metropolitana de Belém, a Sé, às 5h30. Ao término da missa, às 6h30, é iniciada a procissão que percorre as ruas de Belém até a Praça Santuário de Nazaré, em um percurso de 3,6 quilômetros. Em 2004, o trajeto foi cumprido em 9 horas e 15 minutos, sendo registrado como o Círio mais longo de toda a história. Por sua grandiosidade, o Círio de Belém foi registrado, em setembro de 2004, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como patrimônio cultural de natureza imaterial. Mérito conquistado não só pela Imagem de Nossa Senhora de Nazaré, mas também pelo simbolismo da corda do Círio, que todos os anos é disputada pelos promesseiros que enchem as ruas de Belém de fé e emoção; dos carros de promessas, que carregam as graças atendidas pela Virgem; dos mantos de Nossa Senhora, que a deixam ainda mais linda; da Berlinda, que se destaca na multidão carregando a pequena Imagem tão adorada; e do hino "Vós sois o Lírio Mimoso", canção que embala os milhares de corações que acompanham o Círio em uma só voz. Após a grande procissão, a imagem da Virgem fica exposta no altar da Praça Santuário para visita dos fiéis durante 15 dias, período chamado de quadra nazarena.
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Cicloromaria
A Cicloromaria é a procissão mais nova de todas, surgiu em 2004, após pedido da Federação dos Ciclistas do Pará e Associação dos Ciclistas de Icoaraci. Acontece sempre no sábado posterior à Festa do Círio, às 8 horas da manhã. Todos os anos, o trajeto a ser percorrido é diferente, sendo definido dois meses antes do Círio.
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Romaria da juventude
A Romaria da Juventude surgiu em 2001. Ela é, geralmente, realizada na tarde do sábado posterior ao Círio. Essa é a vez dos jovens homenagearem a Virgem de Nazaré. A procissão é animada por um Trio Elétrico. Este é o momento em que várias comunidades jovens se encontram, fazendo da Romaria da Juventude uma das mais animadas. A organização desta procissão é feita pela Basílica Santuário de Nazaré e Catequeses das Paróquias. A Romaria da Juventude é considerada uma forma de integrar todas as paróquias em torno da realização da festa.
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Romaria das crianças
No primeiro domingo após o Círio de Nazaré, é a vez das crianças irem às ruas prestar suas homenagens a Nossa Senhora. A Romaria, criada com o objetivo de construir e fortalecer a devoção mariana entre os pequenos, começa às 8 horas da manhã, saindo da Praça Santuário e percorrendo várias ruas do bairro de Nazaré, em Belém. O primeiro Círio das Crianças foi realizado em 1990. A procissão já é considerada a terceira maior das 11 procissões que são realizadas durante a Festa Nazarena. Além da Berlinda que conduz a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, durante a Romaria das Crianças há ainda o carro dos milagres e os carros dos anjos.
Romarias
Procissão da festa
A Procissão da Festa é a terceira romaria mais antiga, depois do Círio e da Trasladação. O primeiro registro dessa procissão é do ano de 1881. A procissão é acompanhada pela Diretoria da Festa de Nazaré e as comunidades que fazem parte da Basílica Santuário. É a romaria realizada na manhã do segundo domingo após o Círio, saindo às 8 horas da Praça Santuário, depois da celebração de uma missa. A Procissão da Festa é organizada pelas próprias comunidades ligadas à Basílica e percorre as ruas do Bairro de Nazaré, num trajeto de 2,8 km. Todo ano, uma das comunidades é prestigiada pela procissão. O percurso é definido pelo pároco da Basílica e de acordo com a localidade da comunidade contemplada.
Romarias
Recírio
O Recírio é o momento que encerra toda a Festividade Nazarena. É quando os paraenses se despedem da Rainha da Amazônia. A procissão do Recírio acontece 15 dias após a grande procissão de domingo, numa segunda-feira. A procissão começa após uma missa campal, realizada na Praça Santuário às 6h. Às 07h, a imagem da Virgem de Nazaré é conduzida num percurso de 250 metros, em direção à Capela do Colégio Gentil Bittencourt. Durante o trajeto, a procissão faz o contorno na Praça Santuário, segue pelas avenidas Generalíssimo Deodoro, Nazaré e Magalhães Barata até chegar ao Colégio Gentil. Enquanto passa, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré é saudada e aclamada pelos paraenses que acompanham a caminhada ou a assistem pelas janelas de suas casas. A despedida é sempre emocionante. Entre muitas orações e canções, os fiéis prestam suas últimas homenagens à Santinha. Em grande estilo, o Recírio encerra o Círio de Nazaré marcado por muita fé, fogos de artifício e pela espera da Festa no próximo ano.
No sábado, logo após a chegada da Moto-romaria, acontece uma das cerimônias mais esperadas da quadra nazarena: é quando a imagem original de Nossa Senhora de Nazaré, encontrada por Plácido de Souza em 1700, desce do Glória sobre altar-mor da Basílica Santuário, para ficar mais próxima dos fiéis. Todos os anos, ver de perto a pequena imagem de 28 centímetros, emociona os milhares de peregrinos que chegam de todos os cantos para prestar homenagens à Rainha da Amazônia. A imagem, que fica recolhida no Glória durante todo o ano, é então colocada em um nicho no presbitério, no dia anterior à procissão do Círio. Isto acontece sempre ao meio dia, depois que a motoromaria chega ao colégio Gentil Bittencourt. Esse ritual acontece desde 1969 e as primeiras vezes ocorriam de forma simples e a portas fechadas, sempre às 23h da véspera do Círio. Só a partir de 1992 é que os romeiros puderam acompanhar a descida da imagem com emocionante cerimônia embalada por cânticos e orações.
Celebrações
Encerramento da Festa
Essa celebração começou a ser realizada em 1982, com a inauguração da Praça Santuário, em frente à Basílica de Nazaré. A missa é celebrada no quarto domingo de outubro, às 20h, no Altar Monumento da Praça Santuário. Logo após a missa, na Barraca da Santa, é realizada a solenidade de encerramento da festividade, quando os Diretores da Festa recebem diplomas e medalhas em cerimônia simples. O encerramento da Festa também é marcado por show pirotécnico de fogos de artifícios.
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Encerramento da Festa
Transcorridos 16 dias junto aos romeiros, é hora da imagem original de Nossa Senhora de Nazaré retornar ao Glória, sobre o altar-mor da Basílica Santuário. A cerimônia acontece pouco antes da Missa do Recírio, às 6h da segunda-feira. Os milhares de fiéis vêem o arcebispo de Belém caminhar até o nicho, retirar a pequena imagem e erguê-la para os abençoar. Ela é reconduzida então à sua redoma de cristal, lá permanecendo entre os anjos esculpidos que lhe fazem companhia até o próximo Círio.
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Incineração das súplicas
É o momento em que todos os pedidos dedicados a Nossa Senhora de Nazaré são recolhidos e queimados durante a celebração da missa do Recírio, que ocorre na Praça Santuário. A Incineração das Súplicas começou em 1994, com uma oração simples, que era realizada na lateral da Basílica, em frente à Sala dos Milagres.