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DA AMAZÔNIA PARA O MUNDO

Jambu amazônico ganha destaque como produto de alto valor

Planta típica da região Norte é transformada em cosméticos, bebidas e afrodisíacos, impulsionando economia local e pesquisas científicas

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Imagem ilustrativa da notícia Jambu amazônico ganha destaque como produto de alto valor camera No Pará, pequenos produtores periurbanos cultivam jambu para abastecer Belém e cidades da mesorregião nordeste. | Ronaldo Rosa/Embrapa/Reprodução

Pequena, de folhas ovais e flores amarelas, o jambu é muito mais que um ingrediente do tacacá e vem cada vez mais conquistando espaço no mercado nacional e internacional. Pesquisas científicas, empreendedorismo local e o aproveitamento das propriedades medicinais e afrodisíacas dessa planta tipicamente amazônica transformaram a erva da família Asteraceae em um produto de alto valor econômico nos últimos anos.

O jambu (Acmella oleracea) atinge até 40 centímetros de altura e é conhecido pelo formigamento característico que provoca na boca. Esse efeito é causado pelo espilantol, composto bioativo presente nas folhas e flores da planta, responsável também por uma leve anestesia. “Tão concentrada que apenas uma gota é suficiente para fazer efeito”, explica a arquiteta Tatiana Sinimbu, que aos 40 anos mudou de carreira para estudar cientificamente a planta.

Tatiana fundou a empresa Jambu Sinimbu e desenvolveu produtos a partir do extrato etanólico da planta, incluindo cachaça de flor de jambu, conserva, molho de pimenta e o spray afrodisíaco “Tremidão da Sinimbu”. Segundo ela, mais de 10 quilos de flores foram usados em três meses de testes até chegar à fórmula ideal. O sucesso rendeu à pesquisadora prêmios no Brasil e na Alemanha. De acordo com ela, o spray, aplicado nas “partes íntimas”, estimula sensações, retarda a ejaculação e aumenta a lubrificação natural.

A ginecologista e sexóloga Érika Mendonça das Neves, doutoranda na Universidade de São Paulo (USP), confirma que o efeito do spray se deve ao espilantol. Estudos do Parque de Ciência e Tecnologia Guamá, ligado à Universidade Federal do Pará (UFPA), mostram que o composto atua nos receptores nervosos, o que proporciona alívio temporário da dor, melhorando a circulação e reduzindo inflamações. Além disso, outras pesquisas laboratoriais indicam também benefícios cardiovasculares e potencial analgésico.

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Cultivo e produção no Pará

No Pará, o cultivo do jambu é concentrado em pequenas áreas periurbanas, abastecendo Belém e cidades da mesorregião nordeste. A produção varia ao longo do ano, mas a demanda aumenta em datas comemorativas, como o Círio de Nazaré. De acordo com pesquisas, para atender ao consumo diário durante a festa, seriam necessários cerca de cinco hectares de canteiros. Municípios como Santo Antônio do Tauá e Santa Izabel do Pará se destacam na produção, gerando renda e emprego local.

Além disso, jambu é ingrediente indispensável na culinária amazônica, presente em pratos como tacacá e pato no tucupi. O mercado de cosméticos também explorou o efeito anestésico da planta, criando produtos anti-idade e com efeito lifting natural. Tradicionalmente, povos indígenas e ribeirinhos utilizam a planta como analgésico e anestésico para aftas, herpes, dores de dente e garganta. Essas características foram comprovadas com estudos recentes que mostram que a planta tem propriedades digestivas, diuréticas, antiasmáticas, antiescorbúticas e sialagogas.

Em 2022, o governo do Pará lançou o Plano Estadual para Bioeconomia (PlanBio), com foco no desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis a partir da biodiversidade amazônica, incluindo jambu, açaí e copaíba. Para Alfredo Homma, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), “usar a ciência para elevar o conhecimento tradicional e o cultivo sustentável é a única maneira” de impulsionar a economia sem abrir mão da conservação.

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Variedades e inovação

A urbanização, a expansão de polos produtivos e a internacionalização de produtos estão transformando o jambu em uma hortaliça dos trópicos de alto valor agregado. Com isso, variedades da planta se tornam objetos principais de pesquisas em inovação. Entre as variedades cultivadas estão o Jambuaçú, ou Botão-de-ouro, de flores pequenas e amarelas, e a Jamburana, com inflorescências maiores. Além disso, pesquisadores desenvolveram também o Jambu Nazaré, ou “Jambu Roxinho”, resistente a pragas comuns, com ápice arroxeado.

Além do cultivo tradicional, estudos exploram subsistemas hidropônicos integrados à piscicultura de tambaqui, visando atender à demanda global por sistemas agropecuários mais produtivos e sustentáveis. A Flavor and Extracts Manufactures Association (FEMA) classifica o jambu como GRAS (Generally Recognized as Safe), seguro para consumo em produtos alimentícios.

Com isso, o jambu mostra que a combinação de conhecimento tradicional, pesquisa científica e empreendedorismo pode transformar uma planta regional em produto inovador e economicamente valioso, beneficiando produtores locais e fortalecendo a biodiversidade amazônica.

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