Em meio a um processo de reorganização administrativa, política e financeira, o Paysandu deu mais um passo na tentativa de profissionalizar áreas estratégicas do clube. Nesta semana, a diretoria apresentou oficialmente o advogado Bruno Castro como novo diretor jurídico bicolor. Uma coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (26), conduzida pelo presidente Márcio Tuma, foi além do anúncio institucional: serviu também como uma prestação de contas detalhada do trabalho desenvolvido pelo departamento jurídico desde janeiro de 2023, período marcado por bloqueios judiciais, passivos históricos e uma profunda mudança na estrutura interna do setor.
Ao abrir a coletiva, Márcio Tuma reforçou que a atual gestão adotou como diretriz ampliar a transparência com a torcida e com a imprensa. Segundo o presidente, a apresentação de dados, números e informações sobre áreas sensíveis do clube será constante durante o período de transição administrativa.
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“Desde a apresentação da presidência, eu disse que nossa comunicação com a torcida seria intensa. Esse momento exige esse tipo de postura. Estamos aproveitando a chegada do Bruno para também prestar contas do trabalho desenvolvido pelo jurídico desde janeiro de 2023”, afirmou Tuma.
Na ocasião, o dirigente anunciou a transmissão do cargo de diretor jurídico para Bruno Castro, advogado com passagem anterior pelo clube em 2007 e histórico de atuação ao lado da atual gestão em diferentes frentes jurídicas e institucionais.
De acordo com Márcio Tuma, o departamento jurídico do Paysandu passou por três etapas distintas nos últimos anos: criação da estrutura, consolidação dos trabalhos e, por fim, internalização da operação.
Segundo o presidente bicolor, até 2023, o jurídico funcionava de maneira informal, sustentado majoritariamente pela atuação voluntária de advogados. A partir da nova gestão, foi montada uma estrutura híbrida, com advogado interno e escritório externo, modelo que vigorou ao longo de 2023 e parte de 2024.
“Em 2023, tivemos nove bloqueios judiciais. Precisávamos dar estabilidade financeira ao clube. A partir de 2024, internalizamos tudo. Hoje, o setor jurídico do Paysandu é totalmente contratado e autônomo”, explicou o presidente.

Êxitos jurídicos entre 2023 e 2025
Durante a coletiva, a diretoria detalhou os valores economizados pelo clube a partir de acordos, reduções de condenações e negociações judiciais e extrajudiciais. Somados, os êxitos entre 2023 e 2025 alcançam R$ 20.016.124,78. O montante inclui:
- R$ 6.887.880,19 em êxitos cíveis e trabalhistas (2023–2024);
- R$ 4.053.583,10 em êxitos tributários (2023–2024), obtidos por meio de acordo com a PGFN/INSS;
- R$ 3.801.157,02 em êxitos desportivos (2023–2024);
- R$ 4.894.659,12 em êxitos cíveis e trabalhistas apenas em 2025;
- R$ 378.845,35 em acordos extrajudiciais com empregados em 2025.
No caso específico dos acordos com empregados de 2025, o valor original das rescisões somava R$ 989.845,35, enquanto o valor efetivamente pago foi de R$ 611 mil, resultando em economia de R$ 378.845,35.
Na oportunidade, foram apresentados também números que indicam uma redução significativa dos bloqueios judiciais. Em 2023, o clube sofreu nove bloqueios; em 2025, até o momento, houve apenas um. Além disso, Tuma ressaltou que o setor deixou de operar com planilhas manuais e passou a utilizar um sistema de gestão jurídica considerado líder de mercado, que permite acompanhar processos, riscos e probabilidades de êxito.

Passivo tributário e acordo federal
Um dos principais números destacados foi o êxito tributário obtido em 2024. O clube renegociou um passivo federal que ultrapassava R$ 9,1 milhões, fechando acordo no valor de R$ 5,1 milhões, com redução superior a R$ 4 milhões.
Márcio Tuma ressaltou, no entanto, que parte das parcelas ainda precisará ser regularizada na próxima gestão do jurídico, agora sob comando de Bruno Castro.
Atuação no STJD
No campo desportivo, a diretoria destacou a decisão de internalizar a defesa do clube no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Desde então, segundo a gestão, o Paysandu não sofreu mais nenhuma perda de mando de campo.
O departamento jurídico também passou a conduzir campanhas educativas voltadas ao combate à violência nos estádios e a manifestações discriminatórias, como gritos homofóbicos.
Bruno Castro assume com foco preventivo
Ao assumir oficialmente o cargo, Bruno Castro destacou o vínculo histórico com o Paysandu e elogiou a atual estrutura montada no departamento jurídico.
“Volto muito feliz. Ingressei no Paysandu em 2007 e sempre ajudei o clube. É um orgulho ver hoje uma equipe de advogados de qualidade. Ontem mesmo, no Natal, a equipe estava trabalhando em contratações”, relatou.
Segundo o novo diretor, a missão principal será atuar de forma preventiva, reduzindo a judicialização de conflitos. “Queremos implementar um trabalho preventivo para evitar demandas. O sonho é que vocês nem saibam que nós existimos”, afirmou.
Passivos históricos e desafios herdados
Durante a coletiva, a diretoria também foi questionada sobre processos antigos. Um deles envolve uma cobrança da Procuradoria Geral do Estado, referente ao aluguel do Estádio Mangueirão em gestões passadas, com valor aproximado de R$ 1,8 milhão.
Márcio Tuma explicou que o débito está sendo renegociado por meio de um programa de parcelamento estadual (Refis) e que a meta é apresentar certidões estaduais no início do ano.
Outro tema abordado foi um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado em 2008 com o Ministério Público do Trabalho, que previa multa em caso de atraso salarial. O DOL trouxe em primeira a ação ajuizada pelo órgão contra o clube: “Esse processo resultou numa condenação de R$ 1,5 milhão. Estamos dialogando com o Ministério Público para converter esse pagamento em parcerias e campanhas sociais”, explicou o presidente.
Bruno Castro reforçou que se trata de um passivo herdado e que sua atuação será no sentido de proteger a atual gestão.
Planejamento para 2026
Encerrando a coletiva, Márcio Tuma destacou que o equilíbrio financeiro será determinante para os próximos passos do clube. “O Paysandu não pode gastar mais do que ganha. O ano de 2026 precisa ser superavitário”, concluiu.
Já o novo diretor jurídico reforçou que o jurídico passará a acompanhar negociações desde o início, em sintonia com os setores administrativo, financeiro e de futebol, para evitar novos passivos.
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