A depressão pós-parto pode ser confundida com o chamado baby blues - conjunto de sentimentos de desânimo, cansaço e tristeza - que atinge de 30% a 75% das mulheres, mas que desaparece em até duas semanas e não necessita de tratamento.
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Segundo o psicólogo do Hapvida, André Assunção, “o que se traduz por baby blues são sintomas de tristeza e falta de reconhecimento da mulher/mãe no período pós-gestacional. Não incluiu os sintomas próprios de uma depressão”.
Já a depressão pós-parto, segundo o especialista, é um transtorno de humor que ocorre no percurso pós-gestacional da mulher, associado a mudanças hormonais e dificuldades de se sentir feliz e com sentimentos de amor, afeto e cuidado para com o recém-nascido.
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“Inclui também a dificuldade de manter o vínculo afetivo com o bebê, ausência de desejo e dificuldades para se reconhecer mães. Os sintomas de falta ou execrado de apetite, falta de cuidado e zelo com o corpo, recusa pela presença do pai e tristeza frequente são sintomas”, explica.
No Brasil, estima-se que a depressão pós-parto atinge uma em cada quatro mulheres. Os sintomas podem se iniciar ainda na gestação.
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Assunção destaca que as causas da depressão pós-parto estão ligadas ao ambiente em que se vive, sintomas de depressão já existentes, queixas emocionais, problemas conjugais, sintomas deprimidos na gestação e falta de aceitação do estágio materno.
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“A depressão pós-parto pode ser desencadeada pelas mudanças hormonais, as dificuldades de aceitação da própria gestação, a falta do desejo na gravidez não planejada, problema na recepção do bebê, problemas no relacionamento afetivo com o esposo/namorado, além de questões voltadas a perda de liberdade e dificuldade de transmitir afeto ao bebê”, destaca o psicólogo.
COMO AJUDAR?
E o que fazer para ajudar uma mãe passando por esse momento difícil? O apoio, segundo o psicólogo do Hapvida, deve partir de familiares e amigos sem julgamentos ou conceitos pré-determinados.
“Ao identificar mudanças de humor repentinos, sinais de tristeza aparente e sem motivo, angústias, choro e outros, a família e amigos podem buscar ajuda profissional na área de saúde: acompanhamento psicológico e psiquiátrico”, orienta.
O especialista destaca ainda a importância de incentivar a busca por ajuda médica, logo ao observar os sintomas existentes.
“O período de chegada de um bebê pode ser de muitas mudanças emocionais e por isso, os pais podem fazer acompanhamento para isso, em especial a mulher”, recomenda.
O psicólogo explica os impactos de uma depressão gestacional está diretamente ligada à formação e manutenção dos vínculos iniciais da vida do bebê.
“Esse processo depressivo pode gerar deficiência na formação dos vínculos entre mãe e filho, trazendo prejuízos psíquicos e emocionais a criança numa vida futura”, ressalta André.
Assunção enfatiza ainda, que o bebê pode se sentir psicologicamente rejeitado quando a mãe fica com dificuldade de se relacionar com ele, amamentar, cuidar e afagar, “por isso, é importante que o pai e outras figuras de cuidado estejam por perto para acalentar o bebê”.
A ajuda pode ser fornecida nos postos de saúde por encaminhamento ao Capsi (centros de atendimento público do município e estado) e sistemas de planos de saúde (com acompanhamento psicológico). Também pode-se buscar atendimento particular.
SETEMBRO AMARELO
O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio.
No Brasil, foi criado em 2015 pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), com a proposta de associar à cor ao mês que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro).
Hoje, cerca de 3 mil voluntários, em mais de 110 postos, prestam serviço voluntário e gratuito 24 horas por dia, nos 365 dias do ano, aos que querem e precisam conversar sobre seus sentimentos, dores e descobertas, dificuldades e alegrias. Ligue 188.
Reportagem: Andressa Ferreira
Multimídia: Demax Silva
Edição: Enderson Oliveira e Gustavo Dutra
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