Nesta quinta-feira, 5 de setembro, se comemora internacionalmente o Dia da Amazônia. A data foi criada para conscientizar as pessoas sobre a importância da maior floresta tropical do mundo e da sua biodiversidade para o planeta. Ao todo, a Amazônia tem 5,5 milhões de km2, sendo 4,19 milhões de km2 em nove estados brasileiros. Mas o Brasil não tem muito o que comemorar.
Segundo especialistas, até novembro, quando acaba a estação seca, as queimadas provocadas em pastos ou no que sobrou de áreas desmatadas podem invadir zonas de floresta fechada e provocar danos irreversíveis. Apenas em agosto, os incêndios na Amazônia devastaram 29.944 km2 do maior bioma do planeta, o que equivale a 4,2 milhõeS de campos de futebol. Puyr Tembé, vice-presidente da Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa) alerta que o Dia da Amazônia deve servir para que o mundo tome conhecimento que a biodiversidade da maior e mais importante floresta do mundo está acabando de uma forma drástica. “Para nós indígenas que vivemos na floresta e sobrevivemos dela essa situação é muito ruim, muito triste. É fatal... Precisamos unir toda a sociedade para lutar e manter a Amazônia em pé”, afirma.
A liderança indígena diz que não se trata apenas de manter árvores em pé, mas preservar também quem vive dentro dela, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos e outras comunidades tradicionais. Puyr diz que um dos principais culpados pela situação é o Governo Federal que sabia o que estava acontecendo, mas não fez nada. “O Estado brasileiro tem o dever de proteger a nossa biodiversidade e quem vive dentro das florestas e não entregá-las para quem devasta. Estamos de luto ”, critica.
Ações
O Governo do Estado do Pará anunciou, na última segunda (2), durante reunião com ministros e representantes dos estados que compõem a Amazônia oriental, 6 principais ações no combate ao desmatamento ilegal e aos focos de queimadas, entre os quais a definição de áreas prioritárias para repressão de crimes ambientais: BR-163, e regiões entre as cidades de Novo Progresso, Altamira e São Félix do Xingu. Os municípios concentram mais de 90% dos focos de queimadas no Pará; a criação de polos de justiça agroambiental integrada, para que os crimes ambientais sejam punidos e da sala de situação para emergências ambientais na Amazônia legal.
O governo também vai organizar um fluxo de informações em tempo real para dessa forma monitorar e dar resolutividade, além de identificar e legalizar a questão fundiária, com o respectivo fortalecimento do Fundo Amazônia e execução das ações planejadas.
Na última segunda-feira (2), o governador Helder Barbalho recebeu uma comitiva formada por ministros e governadores para debater ações concretas de combate ao desmatamento e queimadas na Amazônia. Helder apre-
sentou o plano síntese de ações para o desenvolvimento sustentável do Estado, apontando seis ações imediatas e estruturantes para a Amazônia, além da operação Verde Brasil, que está em andamento, uma parceria entre Bombeiros e Exército.
Governo debate agenda ambiental Regularização fundiária, aptidão agropecuária e desenvolvimento sustentável foram os principais eixos abortados pelo governador do Pará durante a mesa redonda “Desafios da agenda ambiental e das cidades na Amazônia para a implementação do Acordo de Paris: o caso do Pará”. O evento foi realizado nesta quarta-feira (4), no Palácio dos Despachos. Helder Barbalho apontou as estratégias que a política agroambiental local vem buscando para trazer ao Estado progresso ao território, respeitando a biodiversidade amazônica.
“Tenho defendido que quem tem responsabilidade econômica no campo deve entender a importância e a vocação da produção local. O que nos diferencia das outras unidades da federação, além do clima e do nosso potencial para o agronegócio, é a logística que nos aproxima dos mercados consumidores inter-
nacionais. Quando não se consegue compatibilizar a agenda ambiental e fundiária à produção, isso vai conflitar e trazer sanções e embargos”, apontou o governador do Pará.
Durante a mesa, o governador do Pará apresentou para 39 instituições internacionais e nacionais os conceitos e parcerias que são buscados para melhorar os índices de desmatamento e queimadas no Estado. O evento foi organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), da fundação alemã Konrad-Adenauer, com apoio do governo estadual.
As secretarias de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e de Cultura (Secult), e os institutos de Terras do Pará (Iterpa) e de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) participaram do diálogo.
Museu Paraense Emílio Goeldi
Emílio Goeldi fará, em Belém, a partir das 9h de hoje, programação para celebrar o Dia da Amazônia. Haverá visita guiada em exposição na Rocinha e mesa redonda gratuita no auditório do Parque Zoobotânico, conduzidas por especialistas das áreas de ciências Naturais e Humanas. A ecóloga Ima Vieira, pesquisadora e ex-diretora do Museu Goeldi, em parceria com o zoólogo Horácio Higuchi, conduzem o público à mostra “Transformações: a Amazônia e o Antropoceno”, que tem a curadoria de ambos. A exposição em exibição no Pavilhão Domingos
Soares Ferreira Penna, a Rocinha, apresenta dados sobre uma nova era geológica provocada pelas alterações do homem na superfície da Terra, tendo como exemplo a Amazônia.
Inaugurada em dezembro de 2016, a exposição teve dados atualizados pela Coordenadoria de Museologia, que neste dia inicia a segunda fase do projeto. Junto com Ima Viera, na mesa redonda “Amazônia em chamas. Quais consequências?”, estarão o linguista e antropólogo Denny Moore e a ecóloga Marlucia Martins. O debate se dará de 10h às 12h, no auditório Alexandre Rodrigues Ferreira, também no Parque Zoobotânico.
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