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CHUVAS

Idosa de 102 é resgata em colchão inflável, na Bahia.

O Estado já tem 430 mil afetados pela chuva e 58 cidades estão debaixo d'água.

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Imagem ilustrativa da notícia Idosa de 102 é resgata em colchão inflável, na Bahia. camera 72 cidades em situação de emergência | Reprodução

A região sul da Bahia ainda está registrando o caos em decorrência das fortes chuvas dos últimos dias. Até ontem (26), 58 cidades estavam debaixo d'água prejudicando pouco mais de 430 mil pessoas, segundo a Defesa Civil. Cerca de 16 mil moradores estão desabrigados, duas pessoas estão desaparecidas e 18 mortos.

Pessoas estão sendo resgatadas pelo telhado de casa.
📷 Pessoas estão sendo resgatadas pelo telhado de casa. |Reprodução

Em Itabuna, uma idosa de 102 anos de idade foi resgatada pela laje da casa de casa. Um colchão inflável foi usado no salvamento. "Coloquei minha tia na laje da minha casa, com um fogão, uma TV e alguns alimentos, esperando que a água baixasse. Só que a água subiu tanto que começou a entrar pela escada", relatou o segurança Helre de Souza Santos, 32, sobrinho da idosa. "A água deve ter subido uns 2 metros e 15", calculou.

Esta é a segunda maior enchente da história do município, atrás somente da ocorrida em 1967. Gogó da Ema, Banco Raso, Mangabinha e Vila Zara são as áreas mais afetadas. "Estamos tentando conseguir um helicóptero para resgatar de 30 a 50 famílias que tiveram de subir nos telhados e lajes de suas casas para fugir da enchente. Conseguimos retirar algumas pessoas antes. Esse pessoal que ficou foi o que resistiu à remoção, eles achavam que o rio Cachoeira não ia subir tanto", relatou o supervisor de projetos da Secretaria Municipal de Planejamento, Rosivaldo Pinheiro.

"É impactante ver as pessoas pedindo socorro ilhadas, subindo nos telhados, sem que a gente possa fazer nada para ajudá-las, a não ser esperar a água baixar. Os bombeiros não estavam preparados para este tipo de socorro, faltam botes, e precisamos rever os planos de contingência para não sermos pegos de surpresa novamente", conclui Pinheiro.

Ilhéus

Uma base de apoio às vítimas das chuvas foi montada na cidade de Ilhéus, onde o governador Rui Costa (PT) informou, hoje, que irá permanecer. Segundo a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec), o estado tem 16.001 desabrigados pelas chuvas. No total, são 19.580 desalojados, dois desaparecidos e 18 mortos. Os dados foram atualizados no fim da tarde de ontem (26).

Resgate também entram pela madrugada.
📷 Resgate também entram pela madrugada. |Reprodução

A estimativa da população total afetada é de 430.869 pessoas. A Bahia tem, ao todo, 72 municípios em situação de emergência reconhecida pelo governo estadual. Os mais atingidos na região Sul são: Ibicaraí, Itajuípe, Itapitanga, Coaraci, Camamu, Canavieiras, Igrapiúna, Itacaré, Maraú, Una, Uruçuca, Itambé, Itororó e Itapetinga. Somente na região dos municípios de Itororó e Itapetinga, 47 pessoas foram resgatadas. Em Itororó, 35 pessoas que estavam em áreas alagadas foram resgatadas, com a utilização de barco. Em Itapetinga, foram realizados outros 12 salvamentos.

Na BR-415, o volume de água alcançou 2 metros de altura, cobrindo parte da pista. Pacientes e trabalhadores do Hospital Regional do Cacau, na cidade de Ilhéus, precisaram ser transportados com auxílio do Corpo de Bombeiros, devido ao alagamento no acesso à unidade, que foi causado pelas chuvas.

Os bombeiros também precisaram socorrer pessoas que estavam em suas casas, em várias localidades da cidade de Ilhéus. "À tarde, no bairro Teotônio Vilela, resgatamos um homem com deficiência visual e a irmã que estavam em casa. [Eles tinham idades] Entre 55 a 60 anos. Usamos um caiaque. [Eles estavam em casa], desde o início da enchente na noite de Natal, quando [a região] começou a ficar ilhada", relatou o bombeiro Bruno Braz. O soldado ainda destacou o trabalho feito pelos profissionais para proteger a vida dos moradores.

72 cidades em situação de emergência
📷 72 cidades em situação de emergência |Reprodução

Abrigos

A Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Lazer de Ilhéus, informou que 12 escolas são usadas como abrigo na cidade e que há 500 pessoas nestes espaços. De acordo com o balanço, na cidade, até hoje, foram 26 casas danificadas. Além disso, duas pessoas ficaram feridas e uma morreu. Ao todo, foram computados 554 milímetros de chuva do mês de dezembro. A previsão para dezembro era de 160 a 180 milímetros.

Em Itambé, no sudoeste da Bahia, mais de 100 pessoas estão desabrigadas. As áreas consideradas de risco já foram evacuadas. O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais esteve na cidade para prestar apoio.

Já em Vitória da Conquista, também na região do sudoeste baiano, de acordo com a prefeitura municipal, onde houve o rompimento da barragem, casas foram afetadas e algumas caíram parcialmente, como na região da Choça. Apesar dos estragos, não houve feridos. A prefeitura de Vitória da Conquista informou ainda que há risco de rompimento em duas barragens no distrito de José Gonçalves e Fazenda Boa Sorte. Também é monitorada a barragem da Fazenda Beija Flor, às margens da BR 263.

Na cidade, já são 50 famílias desabrigadas por conta das chuvas que atingem a cidade há cerca de 60 dias. A prefeitura montou abrigos nas áreas de maior incidência de alagamentos: Lagoa das Flores, Campinhos, Jardim Valéria, povoados de Itapirema, Caiçara, Choça e na sede do distrito de Pradoso.

Mais de 430 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas.
📷 Mais de 430 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas. |Reprodução

No município de Pau Brasil, José de Jesus Cruz, 53, passou a noite de Natal lutando para salvar o que podia. A água começou a invadir sua casa por volta das 23h30 de sexta-feira (24) e rapidamente "alcançou a altura do umbigo". Junto com a mulher Elizângela e os filhos José Filho, 18, Abner, 12, e Wagner, 5, e outras 30 famílias do pequeno município de pouco mais de 10 mil habitantes, seu José foi alojado pela prefeitura em uma das escolas do município. Ele é um dos mais de 16 mil desabrigados pelas fortes tempestades que atingem a Bahia, especialmente nas regiões sul, sudoeste e extremo sul do estado. "A água chegou de uma hora para outra, não teve condição de tirar quase nada. Só deu para salvar a geladeira e a televisão", lamentou.

Móveis e utensílios doméstico estão apodrecendo à espera que as águas do Rio Água Preta baixem o suficiente para que ele possa voltar, limpar a casa e recomeçar. "Perdi a cama box, perdi o fogão, o fundo do guarda-roupa 'desbagaçou' tudo, o rack de madeira também... Ainda tem muita lama e muita água, não tem condição de limpar, fui hoje lá, deixei a casa toda aberta para sair aquele fedor que ninguém aguenta", relatou.

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