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ATOS CRIMINOSOS

Cadê os Yanomami? Veja o que se sabe sobre o caso de Roraima

Nos últimos dias, após relatos de desaparecimento da aldeia de onde as crianças seriam provenientes, cresceu um apelo nas redes sociais: "Cadê os Yanomami?".

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Imagem ilustrativa da notícia Cadê os Yanomami? Veja o que se sabe sobre o caso de Roraima camera Reprodução

Na semana passada, um representante indígena denunciou que uma adolescente yanomami teria sido estuprada por garimpeiros e morta. Além disso, uma segunda criança estaria desaparecida.

Veja o que se sabe até agora sobre o caso:

O QUE ACONTECEU?

No dia 25 de abril, o líder indígena Júnior Hekurari Yanomami, presidente do Condisi-YY (Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana), publicou um vídeo em que denunciava o estupro e morte de uma adolescente de 12 anos na comunidade Arakaça, na região do Waikás, em Roraima. Uma segunda criança estaria desaparecida, após cair de um barco.

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Garimpeiros teriam sido os responsáveis pelo estupro e pelo desaparecimento, segundo o líder indígena. Há uma grande e crescente presença de garimpo ilegal na terra indígena yanomami.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) defende abertamente a legalização do garimpo em terras indígenas. Essa áreas, além da segurança aos indígenas, garantem proteção contra o desmatamento da Amazônia, com baixíssimas taxas de destruição registradas.

O QUE FOI FEITO

A denúncia levou a ações da PF (Polícia Federal), do MPF (Ministério Público Federal), da Funai (Fundação Nacional do Índio) e da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena).

As equipes estiveram na aldeia Arakaça nos dias 27 e 28 de abril.

Segundo as autoridades, "após extensas diligências e levantamentos de informações com indígenas da comunidade, não foram encontrados indícios da prática dos crimes de homicídio e estupro ou de óbito por afogamento".

Júnior Hekurari Yanomami afirmou recentemente que, durante a investigação no local, as equipes encontraram um acampamento de garimpeiros a poucos metros de onde ficava a aldeia. O acampamento teria sido queimado pelas forças policiais.

COMO ESTAVA A ALDEIA ARAKAÇA

Segundo nota do Condisi Yanomami, partes da estrutura da aldeia estavam queimadas e os indígenas não estavam no local. Alguns apareceram somente depois de cerca de 40 minutos.

"Após insistência, alguns indígenas relataram que não poderiam falar, pois teriam recebido 5 g de ouro dos garimpeiros para manter o silêncio", afirma a nota. "Percebe-se, através dos vídeos, que esses indígenas foram coagidos e instruídos a não relatar qualquer ocorrência que tenha acontecido na região, dificultando a investigação."

O documento aponta relatos dos indígenas de que outros crimes já teriam ocorrido na região. Eles citam que, recentemente, um garimpeiro, alegando ser pai de um recém-nascido, teria levado o bebê para Boa Vista, capital de Roraima.

Segundo a nota, havia ainda possíveis marcas de uma cremação de corpo no local.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Federal e com a Funai para ter mais detalhes sobre a situação encontrada na aldeia Arakaça. A PF não passou detalhes, só reforçou a nota publicada há alguns dias em que constava que as autoridades não tinham encontrado sinais de crime.

A Funai não respondeu até o momento.

CADÊ OS YANOMAMI

A nota do Condisi Yanomami afirma que é costume e tradição, após a morte de um ente, queimar o local onde uma tribo vivia e buscar um novo local para viver.

A SITUAÇÃO DA TERRA INDÍGENA YANOMAMI

Um recente documento produzido pela Hutukara Associação Yanomami e pela Associação Wanasseduume Ye'kwana, com assessoria do Isa (Instituto Socioambiental), aponta garimpeiros envolvidos em casos de abusos sexuais, assédios e oferta de bebida alcoólica a yanomamis.

Um caso citado ocorreu nos arredores do rio Apiaú e envolve um garimpeiro que teria ofertado drogas e bebidas a indígenas e que, quando todos estavam embebedados, teria estuprado uma criança.

O documento diz que o garimpo ilegal está avançando sobre novas áreas da terra indígena e que, só em 2021, a destruição associada a garimpos cresceu 46% na terra indígena em relação a 2020 e chegou a 3.272 hectares.

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