Ao menos 20 pessoas já procuraram a Delegacia de Atendimento à Mulher de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para fazer denúncias contra o cirurgião plástico equatoriano Bolívar Guerrero Silva, segundo a delegada responsável pelas investigações, Fernanda Fernandes.
O médico está preso desde o dia 18 por cárcere privado após uma de suas pacientes, Daiana Chaves Cavalcanti, 36, não ter sido liberada do Hospital Santa Branca, do qual Guerrero é sócio.
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A mulher foi resgatada pela polícia depois que sua barriga necrosou após procedimento estético feito pelo cirurgião.
Procurada, a defesa do médico disse que não poderia comentar os casos que chegaram à delegacia porque ainda não teve acesso aos relatos.
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Pacientes que procuraram a delegacia afirmaram que ficaram deformadas e com sequelas após terem sido operadas por Guerrero.
Agora sua defesa pretende entrar com uma representação judicial contra a paciente Daiana Cavalcanti.
O advogado Darlan Renato, que defende o cirurgião, afirma que não houve cárcere privado porque a paciente nunca foi impedida de sair, desde que assinasse um termo de responsabilidade.
Daiana realizou uma abdominoplastia em março e retornou outras duas vezes ao Hospital Santa Branca após sentir dores no pós-operatório.
Ela voltou a ser internada no hospital no início de julho e permaneceu contra a própria vontade, segundo a família, porque Bolívar não a liberava. Enquanto isso, feridas não cicatrizadas foram se agravando, a ponto de necrosar.
Ela foi transferida na última quinta (21) para o Hospital Federal de Bonsucesso, zona norte do Rio, onde ainda permanece internada.
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"A gente entende que não houve cárcere porque ela nunca foi impedida de sair. Em determinado momento ela passou a insistir em uma alta. O Bolívar disse para ela assinar o termo de responsabilidade, ela não assinou, e então ele entendeu, clinicamente, que ela não poderia ter alta", diz o advogado.
Bolívar foi preso em caráter provisório, por um prazo de cinco dias, que a Justiça prorrogou por mais cinco. A defesa entrou com pedido para que a prisão provisória não se converta em preventiva.
"Responsabilizar um médico de 32 anos de profissão, com milhares de cirurgias, por uma atitude absolutamente irresponsável da paciente será digno de uma representação contra ela. Primeiro, obviamente, nosso principal objetivo é a liberdade do médico. Mas já estamos verificando, trabalhando e pensando em que tipos nós vamos classificar a atitude dessa moça", afirma o advogado.
"O médico quer voltar ao seu labor e tem uma fila de pessoas para atender."
Nas redes sociais, a equipe médica de Bolívar mantém a conta do médico ativa, com publicações em defesa do cirurgião. Em um texto publicado no Instagram, o perfil responsabiliza a própria paciente pelas complicações no pós-operatório. "Ela fez vários vídeos no Tik Tok, não teve repouso adequado e com isso os pontos se abriram", escreveu a equipe, que na sequência publicou vídeos dela.
A defesa de Daiana Cavalcanti entrou na Justiça com um pedido de reparação por danos morais no valor de R$ 200 mil contra o Hospital Santa Branca e contra Bolívar.
O advogado Ornélio Mota afirma que a cliente correu risco de vida na última semana, quando o hospital dificultou a realização da transferência para outra unidade de saúde, solicitado por Daiana. O advogado afirma que ela só deu entrada no Hospital Federal de Bonsucesso após a unidade oferecer uma vaga.
A mulher passou por um procedimento cirúrgico no último sábado (23) para reparar os pontos na barriga que estavam em processo de necrose. A reportagem teve acesso a um áudio do marido da paciente no qual ele afirma que Daiana está mais animada, conversa melhor e e já sente fome, diferentemente da semana anterior.
"Fizemos uma emenda inicial na ação de tutela, pedindo reparação por dano moral de R$ 200 mil por transtorno. Pensamos também em indenização por dano material, por conta dos possíveis medicamentos que ela venha a precisar", afirma Ornélio Mota.
Em nota, o Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro) afirmou que ainda não concluiu a sindicância aberta para apurar os fatos e que o profissional já foi punido anteriormente pelo conselho com a suspensão do exercício profissional por 30 dias. Consta também, no nome do cirurgião, um processo ético.
O Hospital Santa Branca disse, em nota, que as alegações de Daiana são "inverídicas", que "jamais houve qualquer tentativa de mantê-la em nosso estabelecimento contra a sua vontade" e que "a paciente teve prestado pelo hospital todos os cuidados devidos".
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