O setor de inteligência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) analisou os vídeos em que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) aparece armada, para verificar possíveis crimes eleitorais.
Neste sábado (29), a parlamentar bolsonarista sacou e apontou uma arma para pessoas após uma confusão na região dos Jardins, em São Paulo.
Ela diz que foi xingada e empurrada, mas vídeos mostram que, na verdade, ela perseguiu o Luan Araújo depois de ser xingada por ele. O pedido de análise dos vídeos foi feito pelo juiz auxiliar Marco Antonio Martin Vargas.
O processo foi sorteado e será analisado pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE.
O relatório do setor de inteligência do TSE afirma que "é possível notar que Carla Zambelli está em envolvida em uma discussão, onde foi verificado (análise do vídeo) que, após discussão, sai em perseguição a uma pessoa".
E segue: "Em certo momento, retira de sua cintura uma arma, aparentemente uma pistola, e vai em direção a um bar/restaurante, lotado de populares, sempre com uma arma em mãos, apontada para pessoas".
"De acordo com as imagens, no tempo 19 segundos, é possível escutar, claramente, disparo de arma de fogo. No tempo 34 segundos, identificamos Carla Zambelli retirando da cintura, uma arma de fogo", diz ainda o documento.
O relatório será encaminhado para análise de possível prática de crime eleitoral, porte ilegal de arma, desrespeito a resolução 23.708/2022, que proíbe armamentos 24 horas antes das eleições, e tentativa de tumultuar o processo eleitoral.
A parlamentar não poderia estar armada. Segundo legislação eleitoral, o porte de arma e de munição é proibido nas 24 horas que antecedem e sucedem o dia de votação. Uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovada em setembro determina que o descumprimento da regra pode acarretar prisão em flagrante por porte ilegal.
O advogado Rodolfo Prado afirma que Carla Zambelli se encontra em flagrante delito e pode até ser presa. "No presente caso, como se pode verificar, existe um entendimento de que pode ser um fato que tenha como objetivo macular as eleições", diz.
O advogado João Guilherme Desenzi, que presenciou a cena, disse à coluna Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, que Zambelli também apontou uma arma para a cara dele.
Desenzi diz que ouviu dois disparos de arma de fogo vindos da rua. Logo depois, o homem perseguido entrou no estabelecimento para se proteger, seguido por Zambelli, que também gritou: "Deita no chão".
"Quando ela entra no bar armada, um monte de gente sai correndo. Eu fiquei encurralado entre duas mesas", diz o advogado. As outras pessoas dentro do bar também gritavam, pedindo que a parlamentar saísse dali.
"Na hora que ela aponta a arma para ele [homem perseguido], ela aponta para a minha cara também. Eu estava usando uma camiseta [com os números] 12+1", afirma o advogado. "E depois voltou a apontar a arma para o homem".
Segundo Desenzi, Zambelli estava acompanhada de dois homens. "Um deles chegou a dar tapas no rapaz perseguido", segue o advogado.
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