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JULGAMENTO

Se não fosse o pastor, virava pornô, diz nora de Flordelis

Ao deixar o tribunal, ela disse à imprensa ter convicção que Flordelis foi a mandante do assassinato.

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Imagem ilustrativa da notícia Se não fosse o pastor, virava pornô, diz nora de Flordelis camera Anderson e Flordelis: ela é acusada pelo crime | Reprodução

Em depoimento no Tribunal do Júri de Niterói (RJ), Luana Rangel Pimenta, nora de Flordelis, afirmou que a ex-deputada federal dizia que o pastor Anderson do Carmo iria morrer porque estava "atrapalhando a obra de Deus". Ao deixar o tribunal, ela disse à imprensa ter convicção que Flordelis foi a mandante do assassinato.

Questionada pela defesa de Flordelis se tinha alguma suspeita de que Anderson tivesse abusado dos filhos, Luana afirmou que nunca viu nada que o desabonasse. Segundo ela, Anderson era carinhoso, mas rígido quanto às condutas na família. "Se não fosse o pastor, a casa virava uma pornografia."

Bárbara Lomba, delegada que conduziu a investigação, disse -no primeiro dia de julgamento- que Flordelis e o pastor tinham relações íntimas com os filhos adotados -a defesa nega a prática e trabalha com a linha de que a ex-deputada e algumas de suas filhas e netas foram abusadas sexualmente por Anderson.

A nora de Flordelis classificou como absurda a tentativa da defesa de Flordelis de caracterizar Anderson como abusador.

Luana foi a primeira a ser ouvida nesta quarta (9) -terceiro dia de julgamento da pastora evangélica e de outros quatro parentes acusados de envolvimento no assassinato de Anderson, em junho de 2019. A nora, casada com Wagner Andrade Pimenta, o Misael, filho afetivo de Flordelis, afirmou que a ex-parlamentar demonstrou, em diversos momentos antes do assassinato, descontentamento com Anderson, mas não queria se separar do pastor por causa da igreja que fundou, o Ministério Flordelis.

"Ela dizia: 'Que sofra eu, mas que não sofra a obra [de Deus]', porque a igreja seria prejudicada, caso ela se divorciasse", relatou Luana. Ela disse ainda que ouvia Flordelis dizer que Anderson morreria por estar "atrapalhando a obra de Deus".

"A Flor ficava falando que ele ia morrer. 'Deus já me falou que ele vai morrer, ele está atrapalhando a obra de Deus.'"

A nora também disse que viu a ex-deputada colocar um pó no suco que o pastor tomava, sem que ele soubesse. Constantemente, ainda segundo ela, ele passava mal.

"Quando eu olhava, ela [Flordelis] dizia que o pastor não tomava os remédios que o médico manda."

Uma das suspeitas é de que a ex-deputada teria tentado envenenar Anderson em diversas ocasiões antes de ele ser morto a tiros.

Após o assassinato, Luana afirmou que seu sentiu ameaçada por Flordelis, que teria se sentido traída por ela e Misael, que desconfiaram da versão inicial de que Anderson do Carmo teria sido morto em um latrocínio (roubo seguido de morte).

"Tudo para mim era matar, matar, matar, eu achava que ia morrer", disse, sobre os momentos em que foi chamada por Flordelis para conversar pessoalmente.

A nora disse ainda que Anderson tratava Flordelis como uma princesa, mas que, apesar disso, ela falava mal dele pelas costas. "O pastor cuidava de tudo para ela, do silicone, do megahair, ela era uma rainha para ele."

O que diz Flordelis. Durante todo o processo, Flordelis negou ter qualquer ligação com a morte do marido. Em live realizada por ela horas antes de ser presa, a pastora e ex-deputada reafirmou sua inocência.

"Caso eu saia daqui hoje, saio de cabeça erguida porque sei que sou inocente. Todos saberão que sou inocente, a minha inocência será provada e vou continuar lutando para garantir a minha liberdade, a liberdade dos meus filhos e da minha família, que está sendo injustiçada."

Em entrevista à imprensa, Janira Rocha, advogada de Flordelis, expôs a linha de que Simone Rodrigues foi a única responsável por tramar a morte de Anderson em resposta a supostos abusos cometidos contra ela e suas filhas, netas da ex-deputada.

"Ela sofreu anos isso [abusos] e, quando chegou nas filhas, ela não aguentou. Uma coisa é que ela suportou os abusos porque tinha câncer, dependia do dinheiro para poder fazer seu tratamento de câncer, tinha quatro filhos e não tinha uma alternativa de sair de casa. Mas, quando o abuso chegou nas suas filhas, aí o copo entornou", diz a defensora da ex-deputada.

Os demais acusados dizem que são inocentes.

Sem horário para terminar. O julgamento que começou na segunda (7) ainda não tem previsão de término. Além de Luana, devem ser ouvidas outras seis testemunhas da acusação e 13 de defesa.

Mariah Paixão, uma das promotoras do caso, afirmou que os depoimentos devem ser mais céleres a partir nesta quarta (9), mas podem se estender até o fim de semana.

No depoimento de Luana, Flordelis permaneceu por quase todo o tempo se cobrindo com um casaco até a altura dos olhos. O ar-condicionado é forte no auditório onde está sendo realizado o julgamento.

O que está em julgamento. Flordelis é acusada de ter arquitetado o assassinato de seu marido Anderson do Carmo, morto em 16 de junho de 2019, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Ela terá seu destino decidido por um júri popular.

Além de Flordelis, são julgados sua filha biológica Simone dos Santos Rodrigues; a neta Rayane dos Santos Oliveira; e os filhos afetivos André Luiz de Oliveira e Marzy Teixeira da Silva.

O pastor foi assassinado com dezenas de tiros quando descia do carro, no quintal de casa, no bairro de Pendotiba. Flordelis tinha entrado em casa momentos antes.

A ex-deputada -cassada em razão do envolvimento no caso- é ré por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, associação criminosa, uso de documento falso e falsidade ideológica.

Já Marzy, Simone e André Luiz responderão por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada; e Rayane, por homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.

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