Flordelis: abusos motivaram homicídio do pastor Anderson

Neste sábado (12), a pastora e ex-deputada Flordelis foi ouvida durante o julgamento do assassinato do pastor Anderson do Carmo, seu marido. Segundo a denúncia do MP, a ré foi responsável por arquitetar o homicídio do companheiro, manipulando o próprio filho, Flávio dos Santos Rodrigues, para executar o plano, e os demais acusados a colaborarem na tentativa de encobrir o crime.

Em sua defesa, Flordelis insistiu mais uma vez na tese de inocência, atribuindo a morte de Anderson aos supostos abusos sexuais que ele teria cometido contra ela e alguns dos filhos do casal.

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Quando questionada a respeito da motivação do homicício do marido, a ex-deputada disse somente agora tem consciência disso: “Hoje sim. É muito difícil para mim falar, mas foi a ciência dos abusos que aconteceram dentro da minha casa”, afirmou durante o interrogatório. "Ele era tudo para mim, ele era a minha vida, mas eu não acreditava que ele fosse capaz de ter esse tipo de atitude, por tudo que eu fazia por ele", comentou.

Demonstrando estar emocionada, Flordelis descreveu as agressões e abusos cometidos pelo pastor Anderson durante o sexo. “Ele me batia. Alguns filhos entravam na frente. Ele só parou de me bater quando um pastor muito amigo dele me tirou do quarto e se colocou para conversar com ele a sós”, contou. “Depois ele voltou a ficar agressivo, na área sexual. Ele só sentia prazer se me machucasse, e me machucava. Ele só chegava às vias de fato se me machucasse”.

Ao falar sobre os autores do crime, ela alegou que não poderia confirmar qual a real participação de cada um dos quatro filhos já condenados no caso. “Eu não posso acusar ninguém, eu não estava presente no local, eu não vi. Eu não posso afirmar. Meu filho Flávio foi sentenciado e meu filho Lucas foi sentenciado", acrescentou.

Mesmo admitindo a personalidade abusadora e violenta do marido, Flordelis disse que "morreu junto" com o marido. “Metade da Flordelis morreu junto. Eu morri junto”., declaroi, entre soluços.

Em meio ao choro, no entanto, reafirmou sua inocência: “Eu não tenho que pagar pelos erros de ninguém. Há três anos estou pagando por uma coisa que eu não fiz. Eu estou sendo chamada de mandante do assassinato da pessoa que eu mais amei nessa vida”.

INDÍCIOS DA PARTICIPAÇÃO

De acordo com o Ministério Público, há fortes indícios da participação de Flordelis no crime. Entre eles, ganha destaque um diálogo com um filho adotivo que demonstraria que decidiu cometer o crime para não ter que enfrentar uma separação, que aos olhos de sua igreja seria um escândalo.

Além disso, a investigação policial também apontou algumas tentativas de envenenamento malsucedidas feitas por Marzy Teixeira, filha adotiva de Flordelis. Teria havido, ainda, ao menos uma tentativa de contratação de pistoleiros para executar o pastor.

SENTENÇA

Ao londo dos cinco dias de julgamento, 24 testemunhas - sendo 13 de acusação e 11 de defesa - foram ouvidas pelo Tribunal do Júri de Niterói, na Região Metropolitana do Rio.

A proclamação da sentença deve ocorrer neste domingo (13), após os sete jurados - quatro homens e três mulheres - responderem as perguntas formuladas pela juíza e decidirem se os réus são culpados ou inocentes.

Além da ex-deputada federal, denunciada como mandante do assassinato, também são julgados sua filha biológica Simone dos Santos, a neta Rayane dos Santos e os filhos afetivos André Luiz e Marzy Teixeira.