Biomédica denuncia racismo em hotel de luxo em São Paulo

A biomédica Aline Vitória, de 30 anos, disse ter sido vítima de racismo no hotel de luxo em que estava hospedada em Santo André, município localizado no ABC Paulista, na manhã da última quinta feira (22).

A situação relatada pela doutoranda ocorreu no momento em que ela tentou fazer o checkout, após ter se hospedado a trabalho em uma unidade da Rede Bristol. Na ocasião, a funcionária que fazia o atendimento na recepção do hotel demonstrou não acreditar na veracidade do e-mail de reserva, que havia sido enviado pela empresa em que Aline trabalha e da qual é uma das sócias.

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"Eles disseram que eu tinha alterado o título do e-mail da reserva, ligaram para a empresa para confirmar se trabalhava lá, mesmo eu provando que sim, com tudo na mão", revelou a biomédica.

Aline também relatou que a atendente deixou a recepção ao lado de duas outras pessoas, que ficaram a observando.

"Eles não acreditam que eu sou doutora por eu ser preta, baixinha e pequena", desabafou a profissional, que pretende levar o caso à Justiça para que sirva de exemplo.

"Eu não vou me calar. Quero mostrar para todo mundo que podemos ser o que quisermos. Temos que cobrar, sim, o governo. Temos que nos posicionar. Não podemos deixar as pessoas fazerem com a gente o que elas querem", ressaltou a biomédica, que registrou boletim de ocorrência eletrônico por racismo no mesmo dia do ocorrido. Ela informou que a advogada da empresa vai processar o hotel nas esferas criminal e cível.

Segundo ela, em nenhum momento o preconceito racial chegou a ser manifestado em palavras. No entanto, as "caras e bocas" dos funcionários do hotel deixaram evidente a situação de racismo estrutural.

"O racismo não é verbalizado. Foram caras e bocas, julgamentos, expressões faciais o tempo todo. E eu só queria sair. Eu viajo com meus amigos e nunca tive problema, porque estou sempre com uma pessoa branca. Agora, que comecei a andar sozinha, estou sentindo", disparou.

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Procurada pela imprensa, a Rede Bristol Hotéis & Resorts se manifestou por meio de uma nota de esclarecimento. No texto emitido pela assessoria na última sexta (23), a empresa garantiu que está apurando os fatos internamente e que entende "a gravidade de qualquer ato de discriminação, sobretudo racismo".

A nota afirma, ainda, que a "empatia" é um dos principais valores "transmitidos" e "exigidos" junto aos colaboradores da Rede Bristol. A assessoria do hotel também se colocou à disposição para colaborar com as autoridades para esclarecer o ocorrido.

PESQUISAS COM CANNABIS MEDICINAL

Aline é doutoranda em Cannabis Medicinal pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), diretora de pesquisa e sócia da farmacêutica Medra.

Em sua palestras em defesa das pesquisas com cannabis medicinal, ela contou que foi diagnosticada com neuropatia periférica, tendo ficado dois anos sem conseguir andar, e que só voltou a ter qualidade de vida após o tratamento com remédios derivados da substância.