Com a aproximação da Conferência do Clima realizada pela ONU (COP 30), na Amazônia, se dá mais visibilidade a áreas que sofrem com o desmatamento, as secas e as queimadas na região.
No próximo 05 de setembro, Dia da Amazônia, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vai realizar atos, ocupações e assembleias em todo o país em defesa da proteção dos direitos de comunidades atingidas pelas barragens e pelo atual modelo econômico, que promove a destruição da biodiversidade brasileira, contribuindo para a intensificação dos extremos climáticos.
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Atingidos dos estados do Pará, Amapá, Rondônia, Mato Grosso e Maranhão vão realizar atos, com foco na luta contra os grandes empreendimentos e por medidas em relação à seca na Amazônia.
De acordo com o Cemaden a baixa nos rios da Amazônia desde o mês de julho indica que a seca este ano é a pior da história do Brasil. Somente no Amazonas, a previsão da Defesa Civil do estado é que 150 mil famílias sejam atingidas neste ano. As consequências da estiagem, porém, já afetam comunidades em outros estados da região norte: rios estão secando por completo, florestas estão em chamas e comunidades atingidas inteiras estão ficando isoladas e sem água para beber.
Todos os municípios do Acre já decretaram situação de emergência e Rondônia situação de escassez hídrica, enquanto os rios Negro e Solimões no Amazonas atingem níveis críticos de vazante.
Incêndios se alastram
O aumento dos focos de incêndio é outra consequência do menor volume de chuvas na região. Desde o inicio do ano já foram registrados mais de 154 mil focos de incêndio em todo o país, e a Amazônia registrou em agosto de 2024 o maior número de focos de incêndio desde 2005, com 38.266 ocorrências confirmadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Por isso, desde o mês de junho, o MAB vem realizando uma série de articulações com o Governo Federal e os municípios para discutir ações de enfrentamento à estiagem e combate às queimadas, assistência às famílias em situação de vulnerabilidade.
O Rio Madeira atingiu a cota de 1,2 durante a madrugada da última terça-feira (3), o menor nível já registrado nos últimos 60 anos. O MAB tem acompanhado as comunidades ribeirinhas que enfrentam dificuldade de acesso à água potável, e nos deslocamento e escoamento da produção, “Existe uma grande possibilidade de falta de abastecimento de água e de alimento. Nós estamos cobrando do poder público municipal, estadual e Federal um atendimento e acompanhamento através de ações concretas para com as comunidades, nesse momento de crise hídrica e de seca do maior rio, do maior afluente do Rio Amazonas”, alerta Océlio Muniz, integrante do MAB e morador de Porto Velho, em Rondônia.
Océlio ainda alerta sobre outra possibilidade: a falta de abastecimento de água em Porto Velho (RO). “Aqui é a maior população urbana do estado e corre o risco seríssimo de ter racionamento de água, Aliás isso já tá se concretizando em vários bairros da cidade, já falta água há dias, né? A nossa grande preocupação é que o poder público municipal, estadual e Federal não tem feito ações efetivas para amenizar essa grande crise das populações atingidas”, finaliza.
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Mobilizações marcam também a “Campanha Salve a Amazônia”
No dia da Amazônia, o MAB lançará uma campanha emergencial com o mote “Salve a Amazônia” para apoiar ações de distribuição de água potável para as populações atingidas pela seca na região. Na mesma data, será lançado um manifesto em Defesa da Amazônia, assinado por centenas de organizações, redes e parlamentares. O documento chama atenção para o “grave momento de crise ambiental e climática que estamos vivendo”, diz em dos trechos do texto.
Em Belém (PA), a mobilização acontecerá em duas etapas, no dia 5. A primeira de manhã, às 9h, em frente a sede da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, para debater ações frente à seca. No período da tarde, às 15h, os atingidos das regiões metropolitana e Baixo Tocantins se concentram na Procuradoria da República no Pará (MPF), para tratar sobre as ações judiciais contra o licenciamento das obras da Hidrovia Araguaia Tocantins. O MAB vem acompanhando junto ao MPF, em audiências públicas, as irregularidades presentes nos licenciamentos, e também escutando quais demandas os atingidos e atingidos das regiões afetadas necessitam.
Em Porto Velho (RO), no dia 5, MAB realiza um ato em conjunto com o 30° Grito das Excluídas e Excluídos, na Prefeitura de Porto Velho, às 8h. Além da seca, o estado também vem sendo coberto por uma fumaça. A qualidade do ar na capital segue sendo a pior do país, e considerada perigosa.
Também vai haver atos nas cidades de Ariquemes (RO), Macapá (AP), São Luís (MA),Altamira (PA), Santarém (PA), Manaus (AM) e Presidente Figueiredo (PA). Ao todo, serão 18 estados brasileiros engajados na Jornada Nacional de Lutas.
Neste contexto, o MAB defende como uma das medidas de proteção da população a imediata implementação da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB) e sua correta regulamentação, com a constituição de um fundo nacional para disponibilizar recursos financeiros para atendimento das comunidades atingidas por barragens e pela crise climática.
Atividades nos estados da Amazônia:
- Porto Velho (RO): 05 - Ato 30° Grito das Excluídas e Excluídos, na Prefeitura de Porto Velho, ás 8h
- Ariquemes: 05 a 08 - IV Acampamento da Juventude da Via Campesina.
- Sinop (MT): 05 - SUatumãio “Amazônia: Riqueza, degradação e saque, uma análise dos grandes projetos de infraestrutura”, no Auditório L34 da UNEMAT das 19h às 22h
- Macapá (AP): 05 - Ato em defesa da Amazônia (Manhã)
- São Luís (MA): 06 - Encontro das Uatumãdas do Maranhão “É Tempo de Avançar: Mulheres em Defesa da Vida", Casa Regional Irmãs São José, das 9h ás 17h
- Altamira (PA): 05 - Mobilização em frente ao IBAMA ás 8h.
- Belém (PA): 05 - Mobilização na Sudam, ás 9h e no MPF, ás 15h.
- Santarém (PA): 05 - Audiência Pública: Enfrentando a crise climática, na Ufop, das 8h ás 13h
- Manaus (AM): 05 - Faixaço Salve a Amazônia (Manhã) e 30° Grito das Excluídas e Excluídos, na Praça da Saudade, ás 15h
- Presidente Figueiredo (AM): 05 - Roda de conversa no Porto da comunidade São José do Uatumã ás 8h
Em outras regiões:
- Brasília (DF): 04 - Roda de Conversa “Do fogo na Amazônia e no cerrado ás enchentes no RS: O que nós sufoca?, UNB, Ceubinho - ICC Norte, ás 18h
- São Paulo (SP): 05 - Caminhada Salve Amazônia e plantio de mudas, no Parque Jacuí (Rua Catléias 561, Vila Nova União)
- Porto Alegre (RS): 05 - Praça Brigadeiro Sampaio, próximo ao Gasômetro, 9h
- São Roque (SC): 05 - Ato em defesa do rio canoas e pelo comitê local dos atingidos pela UHE São Roque, às 8h
- Florianópolis (SC): 06 - Ato de 1 ano de rompimento do reservatório de água da Casan no Sapé, ás 17h
- Belo Horizonte (MG): 05 - Praça da Liberdade, 10h, ato no TRF-6, ás 14h (Com participação de atingidos do Espírito Santo)
- Rio de Janeiro (RJ): 05 - Av. Presidente VargUatumã9, 22º andar - AEEL, 10h ás 16h
- Seabra (BA): 05 - Ato por reparação justa, às 9h
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