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MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Nascimento de tartarugas cai 75% no Brasil

A queda de 75% no nascimento de tartarugas no Brasil é alarmante. Entenda as causas e as consequências dessa situação crítica para a biodiversidade.

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Imagem ilustrativa da notícia Nascimento de tartarugas cai 75% no Brasil camera Tartarugas-da-amazônia e tracajás são os quelônios mais comuns. | Reprodução

O nascimento de quelônios, grupo de répteis como tartarugas, cágados e jabutis, caiu 75% no vale do Guaporé, em Rondônia, o maior berçário das espécies no Brasil, na comparação de 2023 com 2024.

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) calcula que nasceram 1,4 milhão de quelônios em 2023. No último ano, foram apenas 349 mil.

Tartarugas-da-amazônia e tracajás são os quelônios mais comuns. Além de afetados pelas mudanças climáticas na região, os tracajás ainda são alvo de exploração ilegal, por serem uma iguaria apreciada em países como a Colômbia.

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Em 15 de dezembro, o Ibama fez uma força-tarefa de salvamento no vale do Guaporé, localizado na divisa entre Rondônia e Mato Grosso e na fronteira entre Brasil e Bolívia. O cálculo de nascimentos é feito através das visitas ao local.

Com apoio de grupos ribeirinhos que atuam na região, servidores do Ibama tentaram resgatar filhotes de tartarugas-da-amazônia de seus ninhos. Eles foram retirados dos abrigos naturais, que ficam por dentro da areia, e guardados em cercas.

Biólogos afirmam que a cheia dos rios este mês poderia causar afogamento de milhares de tartarugas.

"Nós buscamos identificar os ninhos o mais rápido possível e cavamos para retirar quantos filhotes conseguirmos. Com a elevação da água de maneira muito rápida, ela começa a matar as tartarugas por baixo, inundando os ninhos não apenas por cima, mas também por baixo", afirma Deyvid Muller, biólogo da Ecovale, associação comunitária e ecológica do vale do Guaporé.

O Ibama atribui a queda na população de quelônios aos efeitos climáticos do último ano, especialmente à fumaça causada pelas queimadas que atingiram o Brasil, cujo pico foi em setembro.

Em Rondônia, a capital Porto Velho ficou sob densa fumaça e a qualidade do ar esteve entre as piores do mundo. Mato Grosso também sofreu com os efeitos da queimada.

"Essa fumaça desorientou as tartarugas, seja pela falta de visibilidade ou pela dificuldade em avistar predadores naturais. Com isso, elas acabaram demorando mais do que o normal a chegar nas praias para desovar, gerando um atraso que provocou um efeito cascata no ciclo de reprodução", diz José Carratte, supervisor de meio ambiente da Energisa, distribuidora de energia em Rondônia que patrocina o projeto.

A seca também contribuiu para a queda de filhotes nesta temporada. Segundo biólogos, houve o aumento do banco de areia dos rios.

"Como eles precisam levar mais tempo para cruzar o banco de areia até o rio, ficam mais expostos aos predadores, como urubus, jacarés e aves", afirma o superintendente do Ibama em Rondônia, César Luiz Guimarães.

Pirarucus também são predadores das tartarugas-da-amazônia. O peixe é considerado uma espécie exótica na região do Guaporé.

Outros rios importantes do país também sofreram na última temporada. Na região de várzea do rio Amazonas, no Pará, uma mortandade de peixes este ano foi causada por baixos níveis de oxigênio na água, o que gerou uma competição de sobrevivência entre os animais. Também morreram jacarés, arraias e tartarugas.

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