
Com a derrubada do sigilo da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Morais, tornou público o que teria sido delatado por Cid. No documento, consta como agiam os filhos de Bolsonaro e Michelle Bolsonaro, ex-primeira dama.
Segundo o documento, os filhos e a esposa de Bolsonaro teriam agido para a efetivação do plano de golpe de Estado denunciado pela PGR.
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Cid relatou que a ex-primeira-dama e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) integravam a ala mais radical no entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), estando em total acordo com discurso de golpe de Estado. Por outro lado, o filho mais velho do ex-presidente, o senador Flávio, teria se posicionado contra a ruptura institucional.
De acordo com o ex-ajudante de ordens, em 2022, Michelle e Eduardo, junto com parlamentares e ministros bolsonaristas, "conversavam constantemente com o ex-presidente, instigando-o para dar um golpe de Estado", disse Cid. Esse grupo, conforme delatou, alimentava a ideia de que o ex-presidente tinha o apoio do povo e dos atiradores esportivos, conhecidos como CACs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador), para dar o golpe.
Em novembro de 2023, o colunista do UOL, Aguirre Talento, revelou que tanto Eduardo quanto Michelle eram grandes entusiastas da trama golpista. Em resposta, a defesa do casal Bolsonaro classificou as acusações como "absurdas" e disse que as declarações não são amparadas em elementos de prova.
Cid relatou que ele auxiliava a ex-primeira dama em pagamentos utilizando dinheiro de contas pessoais do ex-presidente, com valores que não envolviam verba pública.
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“Grupo dos moderados”
Por outro lado, Flávio Bolsonaro fazia parte do "grupo dos moderados", disse Mauro Cid em delação.
O grupo era formado por Bruno Bianco (então Advogado-Geral da União), Ciro Nogueira (que ocupava a Casa Civil do governo) e por alguns militares de alta patente, como por exemplo, o brigadeiro Batista Júnior (então comandante da Aeronáutica), que teria sido contra desde o início.
A ala moderada não concordava sobre o caminho pelo qual o Brasil estava indo, disse Mauro Cid. Eles entendiam que havia abusos jurídicos, prisões e relações institucionais questionáveis. Inclusive, reforçaram que nada poderia ser feito diante do resultado das eleições e "que qualquer coisa em outro sentido seria um golpe armado; que representaria um regime militar por mais 20, 30 anos" e, portanto, eram "totalmente contra isso".
Gabinete do ódio
Outro filho de Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) também foi citado por Cid aos investigadores. Carlos, com mais três assessores do pai, integravam o "gabinete do ódio", disse Mauro. O grupo era voltado para "criação e repercussão de notícias não lastreadas ou conhecidamente falsas, com o objetivo de atacar integrantes de instituições públicas, desacreditar o processo eleitoral brasileiro, reforçar o discurso de polarização".
"As referidas pessoas administravam a conta de diversas redes sociais do ex-presidente (exceto Facebook e WhatsApp). O colaborador ainda relatou que o ex-presidente era o responsável direto pelas mensagens, contendo informações falsas, encaminhadas de seu telefone por meio do aplicativo WhatsApp", consta no documento.
"Basicamente, eles que ficavam fazendo o acompanhamento das mídias sociais, sentiam a temperatura das redes e faziam contato com influenciadores digitais". Carlos Bolsonaro "ditava o que eles teriam que colocar, falar", disse Cid.
Em entrevista dada para a coluna do UOL em novembro de 2024, Carlos Bolsonaro disse que atualiza as redes do pai desde 2010 com uma metodologia criada por ele mesmo para atualizar dezenas de canais com diferentes conteúdos. Também afirmou que não procede o apelido de "gabinete do ódio" para o grupo.
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