
Em reunião realizada na manhã desta terça-feira (15), representantes do setor produtivo pediram ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, que o governo brasileiro evite retaliar os Estados Unidos em resposta à decisão do presidente americano, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
Durante o encontro, que contou também com a presença dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Rui Costa (Casa Civil), os empresários alertaram que o prazo de quinze dias até a entrada em vigor da nova tarifa é insuficiente para construir uma proposta técnica que evite prejuízos comerciais e sugeriram ao governo solicitar uma prorrogação formal ao governo americano.
Dezoito representantes do setor empresarial participaram da reunião, entre eles dirigentes de associações de classe e executivos de grandes empresas. Segundo a CNN, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, afirmou que uma retaliação não seria “prudente” e defendeu uma postura pragmática e técnica nas negociações, livre de contaminação política.
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O pleito ocorre um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionar a chamada “lei de reciprocidade”, aprovada em abril pelo Congresso. A legislação autoriza o governo brasileiro a adotar medidas contra países que impuserem barreiras comerciais ao Brasil. Apesar disso, a senadora Tereza Cristina (PP-MS), vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária e relatora da proposta, disse à Folha de S.Paulo que a lei deve ser usada apenas como “último recurso”.
A sanção da lei, no entanto, foi interpretada por analistas como um sinal político direto ao governo Trump, indicando que o Brasil não permanecerá inerte diante da imposição de tarifas consideradas abusivas. A proposta surgiu em meio à escalada da tensão bilateral, após Trump anunciar, no início de abril, a nova sobretaxa sobre importações, sob o argumento de proteger a indústria americana.
A decisão do republicano também ganhou contornos políticos, ao associar a medida à situação judicial do ex-presidente Jair Bolsonaro — seu aliado próximo — no Brasil. Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, está atualmente nos Estados Unidos e mantém contato direto com a Casa Branca, o que reforça o caráter sensível da disputa.
Durante a reunião, Alckmin classificou como “absolutamente inadequadas” as tarifas propostas por Washington. O vice-presidente destacou que oito dos dez produtos americanos mais exportados ao Brasil entram no país com alíquota zero e lembrou que o Brasil mantém déficit comercial com os EUA.
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Ao final do encontro, Alckmin informou que o governo brasileiro prepara uma carta oficial ao governo americano, solicitando a prorrogação do prazo de negociação e o adiamento da implementação da sobretaxa.
A expectativa dos empresários é de que o diálogo possa evitar prejuízos bilionários a setores estratégicos da economia brasileira e preservar o relacionamento bilateral entre as duas maiores economias do continente.
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