
Na noite desta terça-feira (15), o ex-presidente Jair Bolsonaro teve que ser interrompido após se descontrolar durante uma entrevista exibida ao vivo pela emissora de TV CNN Brasil. Questionado sobre o envolvimento na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, Bolsonaro aumentou o tom de voz, gritou e usou palavrões ao tentar se defender das acusações.
Atualmente, ele é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes relacionados à trama golpista que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), foi planejada e executada por um núcleo dentro do governo com o objetivo de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Agora querem me prender por tentativa de golpe. Que golpe, p*rra? Que golpe? Sem tropa, sem armas, sem Forças Armadas, com coitados na rua, mulher idosa presa, uma covardia o que fazem com essas pessoas”, afirmou Bolsonaro ao tentar minimizar a gravidade dos atos de 08 de janeiro de 2023 e a acusação de tentativa de golpe.
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O ex-presidente continuou, mesmo após a tentativa de interrupção dos jornalistas. “Querem agora justificar e me prender 43 anos de cadeia. Será que as pessoas que estão me julgando não têm o mínimo de consciência?”.
O apresentador do programa precisou intervir para encerrar a participação de Bolsonaro após o descontrole em rede nacional.
O Bolsonaro foi dar entrevista, quase chorando pra CNN, no meio dela surtou, começou a gritar e xingar. Tiveram que interromper e encerrar. Ele está em pânico com medo da cadeia!pic.twitter.com/UsaO3H2vjZ
— Vinicios Betiol (@vinicios_betiol) July 16, 2025
Tom agressivo contrasta com depoimento ao STF
A postura explosiva de Jair Bolsonaro diante das câmeras contrastou com o comportamento que ele adotou no depoimento prestado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news e das investigações sobre a tentativa de golpe no STF.
Durante o interrogatório, Moraes questionou Bolsonaro sobre acusações feitas por ele em 2022, quando afirmou que ministros da Corte estariam recebendo propina durante o processo eleitoral. “Quais eram os indícios que o senhor tinha que nós estaríamos levando U$S 50 milhões, U$S 30 milhões?”, perguntou Moraes.
“Não tem indícios nenhum, senhor ministro. Tanto é que era uma reunião para não ser gravada. Um desabafo, uma retórica que eu usei. Se fosse outros três ocupando teria falado a mesma coisa. Então, me desculpe, não tinha qualquer intenção de acusar de qualquer desvio de conduta os senhores três”, respondeu Bolsonaro.
Em outro momento, o ex-presidente tentou fazer uma piada com o ministro. “Posso fazer uma brincadeira?”, disse. “Eu perguntaria aos seus advogados”, respondeu Moraes. “Eu gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026”, brincou Bolsonaro, atualmente inelegível.
O grau de cinismo do Bolsonaro ao chamar Moraes para ser vice dele em 2026. Ele acha que o julgamento da tentativa de golpe é brincadeira igual dancinha do tiktok. Vamos ver quem vai rir por último. pic.twitter.com/TXPg6AX8O8
— Pedro Ronchi 🇧🇷 (@PedroRonchi2) June 10, 2025
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PGR pede condenação de Bolsonaro
Nesta segunda-feira (14), a Procuradoria-Geral da República solicitou a condenação de Jair Bolsonaro ao STF por liderar uma organização criminosa que planejou um golpe de Estado para impedir a posse de Lula após a derrota eleitoral de 2022.
Além do ex-presidente, o pedido de condenação atinge o general Walter Braga Netto, que foi candidato a vice na chapa de Bolsonaro, e outros seis integrantes do chamado "núcleo duro" da tentativa de ruptura institucional.
A PGR acusa Bolsonaro de cinco crimes: tentativa de golpe de Estado; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; organização criminosa armada; dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Se condenado com a pena máxima em todos os crimes, Bolsonaro pode pegar até 43 anos de prisão.
“O grupo, liderado por Jair Messias Bolsonaro e composto por figuras-chave do governo, das Forças Armadas e de órgãos de inteligência, desenvolveu e implementou plano progressivo e sistemático de ataque às instituições democráticas, com a finalidade de prejudicar a alternância legítima de poder nas eleições de 2022 e minar o livre exercício dos demais poderes constitucionais, especialmente do Poder Judiciário”, escreveu o procurador-geral da República ao STF.
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