
Esta semana, um momento tenso tomou conta da Câmara dos Deputados após um "motim" de parlamentares contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Alguns deles, estão utilizando as redes sociais para se justificar.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) afirmou que, por ser autista, não compreendeu o que estava acontecendo no momento em que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tentava reassumir a cadeira durante a sessão que encerrou a obstrução ao Congresso, na última quarta-feira (6). Ao lado do deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), Pollon foi um dos últimos a deixar o local antes de Motta retomar o posto de comando da Casa.
O parlamentar é um dos 14 deputados alvos de representação apresentada por Motta à Corregedoria da Câmara contra os envolvidos no motim que paralisou o plenário por cerca de 30 horas. Caso a denúncia seja aceita, os congressistas podem ter o mandato suspenso por até seis meses.
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Na gravação, Pollon defende Van Hattem das acusações de que teria incentivado a permanência na cadeira do presidente da Casa. “Estão dizendo que ele sentou na cadeira do Hugo Motta e que me incentivou a ficar lá. Isso é mentira. Olhem as imagens. Eu sou autista e não estava entendendo o que estava acontecendo naquele momento”, declarou.
Segundo Pollon, ele se sentou na cadeira para pedir orientação ao colega. O deputado alega que havia dúvidas porque o “rito de desocupação” — que previa que os parlamentares deixariam o local antes da chegada do presidente — não foi cumprido. “Atribuem ao Marcel a ocupação das cadeiras da mesa. Não, Marcel estava lá como uma pessoa para dar suporte para um autista. Pelo vídeo que eu fiz, dá para ver que eu não estava entendendo”, disse.
O deputado também afirmou que sua saída dependia de um acordo para beneficiar pessoas presas pelos atos golpistas de 8 de janeiro. “Deixei isso bem claro: só sairia dali quando tivéssemos uma resposta positiva para as vítimas do 8 de janeiro”, afirmou.
Na quinta-feira (7), em entrevista à colunista Bela Megale, Van Hattem apresentou outra justificativa. Ele afirmou que resistiu porque não havia sido informado de que todos os membros da oposição haviam aceitado o acordo para encerrar a paralisação. “Quando o Hugo Motta chegou à mesa, os deputados ainda estavam sendo informados do acordo firmado. Falei com o Pollon, que também não sabia de nada, e decidimos ficar mais um tempo”, disse.
Possível quebra de decoro
Na última sexta-feira (8), a Mesa Diretora da Câmara discutiu o motim que bloqueou o plenário. Além dos oposicionistas, a deputada Camila Jara (PT-MS), acusada pelo PL de empurrar o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) durante a confusão, também terá seu caso analisado pela Corregedoria — embora não figure na lista da obstrução.
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Após receber as representações, a Corregedoria tem 48 horas para responder. Caso haja parecer favorável, o processo segue para a Mesa Diretora, que encaminha ao Conselho de Ética. O órgão tem três dias úteis para votar, e a decisão final depende de eventual recurso ao plenário.
A paralisação liderada por parlamentares bolsonaristas terminou duas horas após o horário combinado com Motta, que era 20h30 de quarta-feira. Sem acordo, o presidente da Câmara tentou retomar a sessão, mas enfrentou resistência para ocupar seu assento.
Lista dos deputados com representação na Corregedoria:
- Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)
- Nikolas Ferreira (PL-MG)
- Zucco (PL-RS)
- Allan Garces (PP-MA)
- Carol de Toni (PL-SC)
- Marco Feliciano (PL-SP)
- Domingos Sávio (PL-MG)
- Marcel Van Hattem (Novo-RS)
- Zé Trovão (PL-RS)
- Bia Kicis (PL-DF)
- Carlos Jordy (PL-RJ)
- Paulo Bilynskyj (PL-SP)
- Marcos Pollon (PL-MS)
- Julia Zanatta (PL-SC)
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